TORONTO – Menos de 48 horas atrás, eu passei uma grande quantidade de tempo com duas das jovens estrelas mais brilhante de Hollywood, Garrett Hedlund e Kristen Stewart. As duas estrelas como os espíritos livres Dean e LuAnn, na adaptação de Walter Salles para as telas, do romance clássico da geração Beat de Jack Kerouac, Na Estrada, e tinham vindo a cidade para a estréia norte-americana filme, no Festival de Cinema Internacional de Toronto, na noite de quinta-feira. Na sexta-feira e sábado, eles concederam um algumas poucas entrevistas no Hotel InterContinental.
Apesar do fato de que a vida pessoal de um desses atores recentemente tenha sido objeto considerável de cobertura midiática, eu nunca pergunte e não concordaria em consentir quaisquer condições prévias para esta entrevista. Em vez disso, eu simplesmente permaneci nos tópicos que eu considerava o mais importante e interessante – e veio a sensação de que esta abordagem tinha sido recompensado com respostas de detalhe incomum e franqueza. O vídeo completo e não editado da conversa podem ser vistos no topo deste post. A minha esperança é que as pessoas que regularmente lêem meu blog, bem como as legiões de fãs de Hedlund e Stewart que vão descobrir isso pela primeira vez através deste post, sinta que fiz o máximo do meu tempo.
Primórdios
Hedlund, 28, nasceu em uma pequena cidade em Minnesota. Crescendo em uma fazenda por lá, sua TV só pegava uns poucos canais. Ele obedientemente assistindo um show até que, no final dos créditos, brilhou em letras pequenas o endereço do estúdio que o produzirá, o que após ele iria escrever cartas para os estúdios, pedindo-lhes para colocá-lo em seus filmes. Depois que seus pais se separaram, ele dividiu seu tempo entre Minnesota (onde seu pai permaneceu) e Arizona (onde sua mãe vivia agora), e conseguiu capturar um agente de talentos em uma convenção. Sua primeira apresentação: um comercial no qual ele interpretou um tirano que usava uma bandana e chutava a cadeira de um colega de classe. Não era o mais auspicioso para uma partida. Mas, depois de se graduar na escola secundária, ele arrumou as malas e foi para Los Angeles, onde, em pouco tempo, sua boa aparência e ética de trabalho forte lhe rendeu trabalhos em filmes como Tróia (2004) de Wolfgang Petersen, Tudo Pela Vitória (2004) de Peter Berg, e Quatro Irmãos (2005) de John Singleton. Em 2010, ele se tornou uma estrela plena, graças a dois filmes:Tron – O legado, de Joseph Kosinski, e Onde o Amor Está! de Shana Feste.
Stewart de 22 anos, entretanto, tem estado em torno do show business por toda sua vida. Ela nasceu e cresceu em Los Angeles. Sua mãe é uma supervisora de roteiro; seu pai é um gerente de palco e produtor de televisão. E, como ela explica, “Eu cresci em um set de filmagem. Sempre ficava de um lado pro outro nos serviços de apoio, e os amigos dos meus pais sempre foram os diretores de filmes”. Ela compartilhou uma memória particularmente visceral de sua infância: “Eu realmente sempre me espelhei nos meus pais. Eles chegavam em casa do trabalho, e eu gostava de cheirar seus jeans – neste ponto você está nesse nível, cinco anos de idade, e você se agarra nas coxas - e [eu era] como, ‘Uau, você cheira como se estivesse estado em tantos lugares’… Isso é o que começou em mim. Eu realmente queria fazer coisas. Eu realmente queria ser um parte disso. Eu queria que os adultos falassem comigo”. Como uma atriz infantil, ela começou em comerciais, e depois aos poucos em alguns filmes de TV e filmes independentes, antes de sua grande oportunidade com 12 anos: um papel ao lado da duas vezes vencedora do Oscar, Jodie Foster, emQuarto do Pânico de David Fincher (2002), que abriu a porta para tudo o que se seguiu.
Primeira realização de impacto que poderiam ter
Ambos os atores têm memórias claras do primeiro momento em que eles perceberam o poder que sua profissão poderia exercer.
Pouco tempo depois de completar 13, Stewart teve o papel principal em um filme chamado O Silêncio de Melinda(2004), sobre uma garota que sofre um estupro, que a deixa traumatizada, e acaba por paralisar sua fala. Ela gravou um anúncio de utilidade pública para ir ar antes do filme, ao ser passado na TV, e, posteriormente, soube que isso provocou um grande número de ligações. Ela relembra: “Eu era como, ‘Uau, essa coisa que ficou tão completamente em minha própria cabeça, tem afetado muitas outras pessoas também’, e eu percebi que, depois de uma experiência tão transformadora, que poderia ajudar outras pessoas também. Não é apenas porque eu faço isso – é definitivamente uma coisa pessoal – mas os filmes podem ser importantes; eles não têm que ser, mas eles realmente podem ser”.
Para Hedlund, o momento chegou depois que ele filmou Tudo Pela Vitória. Berg sabia que muitos dos jogadores da equipe que inspiraram o filme, muitos dos quais acabaram gravemente feridos e até mesmo paralisados, então ele trouxe Hedlund e seus co-stars Billy Bob Thornton, Tim McGraw, e Derek Luke juntos com ele para visitar alguns deles em um hospital. Um, em particular, era um grande fã de Luke, e Hedlund lembra, “Cara, ele ficou tão comovido. Ele não podia acreditar que ele estava bem na frente dele. Ele trouxe lágrimas aos seus olhos. Você tem que ver como emocionalmente eficaz isso pode ser. Foi também quando eu percebi que eu queria fazer isso para o resto da minha vida”.
Os papéis de seus sonhos
Ambos, Hedlund e Stewart, eram fãs apaixonados do romance de Kerouac muito tempo antes de serem abordados sobre como ajudar a transformá-lo em um filme. (Stewart ainda guardou uma cópia no painel de seu carro.) Eles estavam, portanto, em êxtase, como você pode imaginar, quando Salles inicialmente lhes ofereceram os papéis de Dean e Marylou, respectivamente. Na época, suas vidas e carreiras estavam em lugares muito diferentes.
O ‘Makinf Of’ de Na Estrada
Hedlund teve o roteiro enviado no outono de 2006, e o primeiro encontro com Salles, na primavera de 2007. Não muito tempo depois, porém, ele comprou um bilhete de ida e volta para Minnesota “porque o tempo estava um pouco devagar”. Ele estava planejando ajudar o seu pai na fazenda, mas assim que ele desembarcou em Fargo ele recebeu um telefonema de seu agente dizendo que Salles queria se encontrar com ele novamente quatro dias depois, para uma audição adequada. “Então, é agora”, ele conta, “eu tive que dirigir três horas para minha cidade, ficar um dia lá, e dirigir de volta”. Ele ganhou o papel depois de mostrar na audição que não apenas tinha aprendido suas próprias falas, mas também depois de ler uma peça que ele escreveu sobre a sua recende jornada na estrada.
Stewart tinha 16 no momento em que ela foi abordada, tinha sido recomendado para Salles por dois de seus amigos mais confiáveis, o notável diretor Alejandro González Iñárritu e compositor Gustavo Santaolalla, depois que eles viram o filme Na Natureza Selvagem de 2007. (Observação de Stewart sobre o filme: “Eu era um bebê”). Ela se encontrou com Salles “bem antes” dela filmar o primeiro filme da franquia Crepúsculo. Ela diz, “Eu nem mesmo posso te contar sobre o que falávamos; algo – uma energia – passa entre as pessoas quando você sabe que você ama algo, pelas mesmas razões. E ele me disse que eu poderia fazê-lo – naquele dia. Isso me derrubou, cara”. Ela explica que, antes desse tempo, ela havia interpretado apenas personagens que foram um pouco como ela. “Eu realmente não tinha começado a arranhar a superfície da descoberta”.
(Ela, também, fez uma longa viagem pela estrada antes de começar a trabalhar no filme, indo de Los Angeles para Ohio com alguns amigos.)
Celebridades, para melhor ou pior
Ao longo do período de desenvolvimento excepcionalmente longo para Na Estrada, durante o qual encontrar e reter o financiamento, era um pesadelo constante, tanto que as vidas de Stewart e Hedlund mudaram imensamente. Seu primeiro filme de Crepúsculo saiu, empurrando-a para a estratosfera das celebridades. E ele, depois de recusar todos os outros papéis por dois anos, para evitar um possível conflito com Na Estrada, finalmente, começou a trabalhar em outros filmes, que também rapidamente o transformou em uma figura bem conhecida do público. Em resumo, ambos estavam a perder seu anonimato e capacidade de viver uma vida normal, assim como eles estavam prestes a retratar personagens que apreciava a sua própria capacidade de conduzir suas vidas inteiramente em seus próprios termos.
Avaliação de Cannes: Na Estrada
Isso não foi uma perda pra eles. Stewart, que lamenta que a sua capacidade de se manter anônima entre estranhos, começou a evaporar antes que ela fosse uma adolescente – “Eu fiz um comercial, e as crianças sabiam sobre isso na escola, então eu já senti como se tivesse perdido isso aos 10, o que é um absurdo – é totalmente auto-infligido” – diz:“Eu acho que provavelmente tem muito a ver com o motivo que eu estava atraída por algo como isso – não fundamentalmente, mas uma coisa que tornou desejável”. Ela acrescenta que no set, “Eu realmente tive que viver uma espécie de despreocupação por um pouco. Não a cada segundo, obviamente – houve algumas vezes quando eu estava tipo, ‘Eu realmente espero que nós não estejamos sendo fotografado agora’… Mas, ao mesmo tempo, com essas pessoas, eu era tão capaz de deixar meu rosto pairando por lá – que é a única maneira que posso descrevê-lo”.
Hedlund interrompe, “Foi definitivamente libertadora”, embora ele se apresse a acrescente que a sua fama não inteiramente o impede de sair em público como qualquer outra pessoa. “Eu não tenho medo de viajar sozinho, me sentar em um bar sozinho, ou um lugar sozinho, e falar com as pessoas e ver quais são sua histórias”, diz ele. Stewart já não goza do mesmo luxo, mas diz que o filme “tem realmente tirado o medo pra longe”. Ela diz que ele a lembrou,“Reconheça sua posição na vida, e não tente ter outra pessoa, e obter por mais que você possa ter disso”. Ela continua, “Você está apenas olhando através de um alcance um pouco diferente e é muito interessante, eu tenho que te dizer -” antes de se parar, aparentemente muito emocionada para continuar. Eventualmente, ela continua,“Contanto que você simplesmente não deixe isso travar você. Essa é a coisa, e essa pode ser um pouco – eu não quero dizer uma ‘luta’, porque isso soa horrível, mas… [É importante lembrar que] você nunca viu isso antes, o que seja que você esteja olhando”.
Os dois desfrutam de uma risada muito necessária quando Hedlund compartilha, “Eu tenho um amigo [que] no outro dia disse, ‘Vamos espontaneamente ir para Las Vegas amanhã às quatro”. Eles podem ter fama e fortuna, mas que faz viagens espontâneas para Vegas – ou em qualquer outro lugar, que interesse – não é mais fácil, e sim mais difícil.
Amor para a aprendizagem
Uma coisa que rapidamente se tornou muito clara para mim, de ler sobre a preparação extensa de Stewart e Hedlund para Na Estrada e a partir de então falar com eles sobre isso, é o quanto eles queriam acertar. Indo direto ao ponto: ambos participaram de um período de quatro semanas de preparação antes de começarem as filmagens, que veio a ser conhecido como “Boot Camp Beat” [algo como Acampamento Beat]– um termo que Hedlund diz que “faz parecer que nós estamos fazendo O Resgate do Soldado Ryan ou algo com os livros”, levando ambos a rirem – o que soa muito mais como o que acontece antes de uma produção teatral do que com um filme.
Eles, seus co-stars, Salles, e outros convidados especiais, passaram o dia todo em um apartamento alugado para“viver e respirar” a história que estariam trazendo para à vida. Eles leram os escritos e assistiam a filmes de época; ouviram fitas de áudio com entrevistas de LuAnne Henderson (a inspiração para a personagem de Stewart); visitaram John Cassady, filho de Neal Cassady (a inspiração para o personagem de Hedlund); pegaram informações de célebres autores e biógrafos; e em geral amadureceram confortáveis uns com os outros, o que se mostrou fundamental para eliminar – ou pelo menos reduzir – seus medos e inibições sobre cenas que seriam, como Hedlund colocou, “embaraçoso para, bem, relativamente ninguém” (uma provável referência às suas extensas cenas de nudez no filme).
Depois de ouvi-los falar sobre o quanto eles amaram fazer todas essas coisas, e aprenderam sobre coisas novas, geralmente, eu não poderia deixar de perguntar se a faculdade teve qualquer fascínio sobre eles. Afinal, os colegas de Hedlund dirigiram-se para a faculdade assim que ele começou a trabalhar, e Stewart teria se formado este ano. Stewart diz, “Eu sempre fui bem na escola – tipo, meio relutante… [e] eu nunca, nunca imaginei que eu não iria para a faculdade; eu só fui me envolvendo nas coisas”. Ela continua, “O que eu sei quando era jovem é que queria saber se eu seria realmente desafiada, e eu sou. Eu não queria sair do que já estava realmente me desafiando”. Além disso, ela acrescenta, “Minha maior coisa sobre atuar é que você não está fingindo ser outra pessoa, você está apenas encontrando a si mesmo”. Hedlund concorda, “Eu queria ir para a faculdade de jornalismo, mas depois que eu terminei de fazer o meu primeiro filme [Tróia, de 2004, que filmou em Londres, Malta, e México], eu senti como se tivesse passado quatro anos na faculdade apenas para ficar vendo o mundo”.
A partir do som dessas respostas, talvez Stewart e Hedlund compartilhem mais em comum com os personagens que eles retratam em Na Estrada, do que eles mesmos percebam.
A minha era a sua última entrevista do dia, por isso foi permitido ir um pouco longo, assim como fomos levados por nossa conversa. Quando finalmente se acalmou, eu agradeci a eles, nos separamos, e eles – eles estavam de volta à estrada.
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