07 julho 2014

FanFic: "Mamãe sem querer" - Capitulo 3


Adaptação Gabi156  
Gênero: Amizade, Drama, Ecchi, Hentai, Romance 
Censura: +15 
Categorias: Saga Crepúsculo 
Avisos:  Nudez, Sexo

**Essa fanpic é uma adaptação do livro "Mamãe sem querer", da autora Kate Walker**

Capítulo 3

No primeiro segundo, Isabella percebeu que havia cometido um grave erro.

Prometera a si mesma que simplesmente esperaria Edward adormecer e, então, iria embora, mas assim que sentiu o calor do corpo forte contra o seu, foi como se cada célula sua tivesse sido anestesiada e os músculos, perdido a habilidade de se contrair.

Sempre que a razão lhe enviava ordem para partir, pois Edward não tinha consciência de sua presença, nem como notar se ela fosse embora, seu corpo recusava-se a sair do lugar. Estava tomada por uma lassidão que não tinha nada a ver com a preocupação de perturbar o homem a seu lado.

Só mais um minuto, convenceu-se, aproveitando o hálito quente dele junto ao pescoço, o roçar do cabelo sedoso em seu rosto. Mantinha um braço ao redor dos ombros dele, ciente da potência de músculos sob a pele perfeita. Assim, evitava enviar a mão numa expedição exploratória mais detalhada, incentivada pelo contato entre as pernas de ambos.

Só mais um minuto, era só o que queria. Um minuto para ficar assim, absorvendo o cheiro másculo do corpo de Edward, ouvindo sua respiração tranqüila, sentindo o tórax subir e descer ritmado. Aquilo poderia ser tudo o que teria dele, tudo o que conheceria sobre o prazer físico de estar próxima de seu grande amor. Provavelmente, seria sua única chance de abraçá-lo e as lembranças que guardaria daquela noite teriam que bastar para o resto de sua vida.

Só mais um minuto...

Sem perceber, adormeceu. Então, em algum momento da madrugada, agitou-se, despertando para a noção de alguma restrição a seus movimentos. Instintivamente, enrijeceu-se e tentou desvencilhar-se, paralisando-se ao contatar um braço musculoso impedindo-lhe os movimentos.

- Não — disse Edward, junto a seu ouvido, o tom sonolento. — Fique onde está.

Era o braço dele que a mantinha imobilizada.

- Mas... — Ela sentiu a garganta seca, a voz saiu fraca e entrecortada.

- Shh.

Isabella sentiu um arrepio, ficou agitada e emitiu um grito de choque quando um movimento aleatório fez com que suas pernas entrassem em contato íntimo com as dele. Então, Edward pressionou os lábios contra os seus suavemente, acariciando-os e despertando nela todas as sensações possíveis, deixando-a anestesiada com a intensidade da resposta corpórea.

- Isto é bom... é mesmo muito bom.

Sob a fraca iluminação, Isabella viu que Edward mal mantinha os olhos abertos e ficou desanimada ao identificar o tom sonhador e grogue da voz. Talvez ele não estivesse desperto, talvez sonhasse que ela era outra pessoa... e só havia uma possibilidade.

Não tinha a mínima idéia do resultado da situação em que se encontrava, mas uma coisa era certa: não se permitiria confundir com a noiva que Edward amara e perdera. Isso seria despedaçar seu coração.

- Edward...

Ela interrompeu o protesto já fraco quando ele acariciou-a através da camisola, dando especial atenção aos seios e aos quadris.

- Você não era assim antes — comentou ele, sonolento.

- É porque nunca estivemos assim antes.

- Que bobagem — murmurou Edward. — Tolice... e desperdício.

- Edward... — tentou Isabella, novamente.

- Nós deveríamos, sabe... — Com os lábios colados nos dela, as palavras saíam macias. Devíamos ter feito isso há muito tempo. Desperdiçamos muito tempo, você e eu.

Isabella não conseguia controlar as reações. Oferecia o corpo como uma flor oferecia-se ao sol. Ao mover-se contra ele, sentiu a ereção contra o próprio ventre, excitando-se.

Estava enfraquecendo... não, não enfraquecendo... na verdade, nunca tivera força para resistir a Edward. Por isso, mantivera-se distante dele fisicamente... por que sabia, desde o início, que o desejo sexual substituíra a admiração infantil que tivera pelo herói quando menina. Os sentimentos agora eram mais complexos e perigosos, havia a consciência de que, se ele um dia a tocasse, seria da forma com que estava fazendo na quele momento.

- Tem certeza

- Nunca estive mais certo... — A voz dele saía rouca. — Desperdiçamos muito tempo no passado, mas agora...

Ele passou os lábios ao longo de seu pescoço, no rosto, capturou-lhe a boca novamente, ao mesmo tempo em que introduzia a mão por baixo da camisola e acariciava-lhe o seio de maneira insolente. Isabella contorceu-se de prazer.

- Você era uma menininha... mas agora é toda mulher.

Isabella reteve a respiração e arqueou o corpo oferecendo mais os seios ao toque masculino. A carícia alimentava o resto do corpo, aumentando o ritmo cardíaco, fazendo a temperatura subir.

- O tipo de mulher que qualquer homem gostaria de... — Edward entremeava as palavras com pequenas mordidas que faziam o corpo dela estremecer. — E aqui está você... comigo...

- Edward...

Isabella não sabia nem se pronunciara direito o nome. Só sabia que afundava cada vez mais nas camadas de sensações, no mar do desejo... mas, ainda assim, tinha que saber.

- Edward...

- Hush, Isabella — apaziguou ele, com voz suave, e ela sentiu uma onda de alegria invadir o corpo ao ouvir o próprio nome.

Ele sabia. Edward pronunciara seu nome para que ela não tivesse dúvida de que ele sabia exatamente quem ela era. Não precisou de mais argumentos para convencer-se de que ele estava fazendo amor com ela, Isabella, e não com Tanya.

Sabia e, mais importante que isso, Edward sabia também. A noção trouxe uma sensação de felicidade que só a ação física poderia expressar.

Assim, agindo por instinto, pois não tinha experiência na qual se basear, buscou Edward, passou a mão pelos cabelos macios de sua nuca e puxou-lhe a cabeça para que seus lábios se encontrassem.

A explosão de desejo foi instantânea. Isabella teve que entreabrir os lábios para a língua exigente e apertou o corpo contra o dele, deliciando-se ante a rigidez dos músculos, a aspereza da barba por fazer. Suspirou contra os lábios de Edward, satisfeita.

Era como se uma tempestade elétrica se formasse, mudando a atmosfera com descargas potentes, disparando raios para cada ponto em que Edward colocava a mão, em que pousava os lábios. Sentia-se entorpecida, incapaz de raciocinar. Só sabia que ali era onde sempre desejara estar e nem acreditava que estava acontecendo de verdade.

- Não seja tímida, Bella — incentivou Edward, junto a seu ouvido, com voz rouca. — Relaxe, querida... toque em mim.

Isabella sentiu como se lhe oferecessem a chave que a libertaria das correntes que a mantinham presa à terra. Tudo o que sempre quisera era ter a liberdade de tocá-lo, acariciá-lo, beijá-lo e, agora que a conquistara, não sabia o quanto significava. Sentia-se leve, flutuando para um céu dourado onde o calor do sol lhe aquecia o corpo, livrando-a de toda a cautela, toda a contenção.

- Assim?

Ela deslizou a mão nas costas de Edward e sentiu os músculos. Percorreu o corpo a esmo, as coxas, as nádegas... Sorriu secretamente quando ele quase delirou de prazer ao toque.

- Sim, desse jeito... Oh, sim! Mais... Oh, sim, Bella!

Ele a segurou pelos ombros e posicionou-a por baixo de seu corpo, ofegante. Ela sentiu um leve temor, mas só por um segundo. Quando ele a beijou novamente, sussurrando seu nome contra os lábios, toda a tensão se dissipou. Aquele era Edward... o homem que amava havia tanto tempo. E aquilo era o que sempre quisera... e sempre iria querer.

Contudo, por mais que quisesse, persistia uma dor aguda que a fazia retrair os músculos involuntariamente contra a força da invasão. A tensão e o leve gemido que não pôde conter fez com que ele a fitasse, à procura de alguma indicação.

- Isabella — murmurou ele, inseguro. — Bella...

- Não! — exclamou ela, receosa de que ele poderia parar, reconhecendo sua inexperiência. Talvez ele desistisse... — Não pare — implorou.

- Mas Bella...

- Eu disse: não pare!

Socorrida pelo instinto, Isabella conseguiu relaxar os músculos e acomodar-se sob o corpo másculo, desajeitadamente a princípio, mas então, de forma mais sensual, mais confiante, como se um ritmo intuitivo e interior assumisse o controle.

- Isabella...

Ele pronunciara o nome com num grito trêmulo e abafado. Isabella beijou-o e acariciou-o na altura dos quadris e, então, mais abaixo...

- Bella... doçura... não... não posso...

Edward parecia desesperado e esse apelo foi como um estímulo para ela, o qual, combinado à sensação dos lábios dele em seu mamilo, levou-a a um mundo de prazer que nunca visitara antes. Nunca sentira-se tão livre, tão segura... tão viva. Cada movimento ocorria de forma espontânea, cada carícia era um extremo prazer e, em algum lugar à frente, devia haver algo como uma luz no fim do túnel...

Buscava... buscava o fim... quando, de repente, antes do que previra, e bem antes de estar emocionalmente preparada, sentiu como se o mundo tivesse explodido com uma chuva de estrelas. No instante seguinte, Edward emitiu um gemido breve, enrijeceu o corpo completamente e investiu-se com força contra ela, os braços envolvendo-a como aço, até que, devagar, começou a relaxar, a respiração ofegante e irregular.

Ao voltar à realidade, devagar e dolorosamente, Isabella só estava ciente da dor após a glória da junção dos corpos.

Estava acabado. Aquele momento de prazer era tudo o que conheceria do amor de Edward. Não... não do amor dele, pois para ele aquilo fora apenas um meio de manter a escuridão e a solidão afastados por um breve período. Para ela, no entanto, fora a magia de entregar-se ao homem que possuía seu coração havia tantos anos e que, agora, cedo demais, estava acabada. Apesar disso, não conseguiu suprimir o leve suspiro de lamentação, com lágrimas nos olhos.

- Oh, Bella... desculpe-me. — Edward captara o som, para seu desânimo.

- Não. — Ela pousou os dedos nos lábios dele. — Edward... por favor!

Isabella não queria que ele dissesse nada, não queria recriminações, não queria análises.

- Não era assim que eu queria que acontecesse — resmungou ele.

Além da raiva, ela identificava o cansaço na voz dele. O estresse do dia, a viagem, o efeito do vinho impunham-se novamente, embora ele tentasse manter o controle.

- Eu sei.

Mais uma vez, o instinto ajudou-a e ela passou a mão pelos cabelos dele, acariciando-o, sentindo a potência do corpo esvair-se devagar, como a maré chegando à praia.

- Eu sei... mas não se preocupe. Não é importante.

O que realmente importava era que, embora por um breve momento, ele a quisera, e a mais ninguém, e, sabendo daquilo, como dizer que o que acontecera estava errado, como lamentar-se?

A seu lado, Edward suspirava profundamente. Perdera a batalha para o cansaço. Sorriu tímida e tristemente. Ele a quisera, mas não o bastante. O suficiente para aquela noite, talvez, mas não para a vida de compromisso com que ela sonhava.

- Da próxima vez...

As palavras eram apenas um suspiro, dificilmente audíveis, um pedido de perdão de Edward.

Da próxima vez... repetiu Isabella, em pensamento, a dor finalmente explodindo em lágrimas. Da próxima vez... mas não haveria nenhuma próxima vez, sabia.

Edward voltara-se para ela num momento de depres são, desequilibrado ante a solidão após a perda da mulher com quem ia se casar, e mais nada. Aquela noite significara apenas isso. Ele a quisera como companhia terna, que afastaria a escuridão por algum tem po, que ajudaria a aliviar a dor no coração e preencheria o espaço deixado por Tanya, mas, ao menos, soubera quem ela era e, por um momento, a desejara.

Mas não havia futuro naquilo. Sob a fria luz do dia, ele entenderia que cometera um engano e, provavel mente, iria se sentir mal com isso. Ficaria tão zangado consigo mesmo que talvez nem saberia como encará-la.

Bem, ela o pouparia disso. Tinha de poupá-lo,convenceu-se, forçando-se a estancar as lágrimas. Se não o fizesse, então muito provavelmente o perderia de forma mais efetiva do que antes. Além disso, se poupasse Edward do desconforto, pouparia a si mesma. En tão, pela manhã...

Pela manhã. Entendeu as palavras e a realidade tomou conta. Notando a claridade na janela, entendeu que a manhã não estava distante, ao passo que ela sentia-se bastante despreparada para enfrentá-la. Lá no fundo, sabia o que precisava ser feito, sabia que não tinha escolha, mesmo que o coração ferido já pro testasse pelas sequelas que adviriam de sua atitude.

- Adeus, meu amor.

Pronunciara as palavras mentalmente, sem sequer sussurrá-las, por medo de despertar Edward. Não ar riscou nem um último beijo, por mais que tivesse von tade. Movendo-se devagar, com muito cuidado, desvencilhou-se dele, segurou-lhe a cabeça e pousou-a sua vemente sobre o travesseiro.

Apesar de todo o cuidado, ele entreabriu as pálpebras quando seu rosto tocou a fronha fria.

- Bella? — murmurou, vagamente.

Isabella estacou, em pânico. O coração parecia ter subido à garganta.

- Está tudo bem.

Não sabia de onde tirara as palavras que ameaçavam fazê-la engasgar, mas, ao mesmo tempo, davam-lhe forças para parecer confiante e tranqüila.

- Está tudo bem. Volte a dormir.

A forma com que ele a obedeceu, relaxando novamente ao ouvir sua voz, despedaçou-lhe o coração, pois demonstrava uma vulnerabilidade inesperada.

Chegou a estender a mão para afastar-lhe uma mecha do rosto, mas deteve-se ao perceber o que estava fazendo. Imediatamente, afastou-se, temendo que ele acordasse, pois não saberia como reagir.

Enquanto aguardava, prendendo a respiração, observou o semblante forte e másculo de Edward, desejando imprimir a imagem na memória. A noite especial que haviam partilhado estava acabada. Mesmo dormindo, ele afastava-se dela. As lembranças que tinha deveriam durar para o resto de sua vida, convenceu-se, e reconheceu, relutante, que deveria retirar-se, por segurança.

Só ao chegar ao próprio quarto, pôde verificar as horas e receber o impacto da realidade. Era muito mais tarde do que imaginara. Atrapalhada com os acontecimentos, não programara o despertador e, em conseqüência, teria que se apressar para chegar ao trabalho na hora.

A pressa fez com que todos os outros pensamentos, se esvaíssem de sua mente, de modo que somente naquele momento, já à porta, com a chave na mão, parou para considerar o que poderia acontecer quando Edward acordasse.

Deveria sentir-se grata pelo fato de não precisar encará-lo, não ver o desconforto dele, o arrependimento que inevitavelmente leria em seu olhar, mas, da mesma forma, não queria que ele achasse que elanão podia encará-lo. Afinal de contas, eles provavelmente se encontrariam algum dia e seria melhor preparar o terreno, permitir a ambos algum tipo de comportamento civilizado.

Levou apenas alguns segundos para escrever um bilhete e mais um momento para decidir onde o colocaria, para que Edward o encontrasse. Optou pela mesa da cozinha... ele com certeza iria querer uma xícara de café antes de partir. Leu o bilhete mais uma vez e, então, de repente inspirada, pegou a caneta e escreveu uma observação final.

- Adeus, Edward — sussurrou, e beijou o nome, escrito nas costas do papel dobrado. Agora, podia fugir.

Apressou-se para pegar o ônibus e não teve tempo para refletir mais. Não teve chance nem de dar uma olhada para a casa e para a janela além da qual Edward dormia, pois logo dobraram a esquina. Melhor assim, convenceu-se. Afinal de contas, não havia futuro naquele relacionamento.

- A passagem, por favor. — O motorista, com o nariz avermelhado devido ao frio, olhava-a sério.

- Oh, desculpe-me...

Isabella pegou na bolsa a quantia necessária e percebeu o quanto estava sendo tola pensando daquele jeito.

Nunca houvera nenhum relacionamentopara que se imaginasse algum futuro. Fora apenas uma noite de aventura, com ela no papel da substituta. Pelo menos, saindo daquela forma, poupava seu grande amor do embaraço de ouvir tal explicação.

Não teria sido capaz de lidar com aquilo, de enfrentar o distanciamento no olhar dele, bem como suas tentativas de enquadrar a situação de forma a não magoá-la, por cortesia e mais nada. Seria mais do que poderia suportar, após a intimidade que haviam partilhado.

Ou, melhor, a proximidade que ela sentira. Para Edward, tudo não passara de satisfação a uma necessidade física, uma maneira de afastar a escuridão por um breve período. E doía-lhe ainda mais pensar que aquela curta visita ao paraíso era tudo o que jamais teria na companhia dele. Entretanto, sabia também que, que por mais breve, doce e amargo que tivesse sido o interlúdio, fora uma experiência da qual jamais se esqueceria.

- Ouviu a última sobre o nosso Edward?

- A última?!

Isabella captara o comentário da amiga apenas vagamente, a atenção voltada para uma pilha de papéis acumulados numa caixa de papelão. Só desejava que as pinturas das crianças sobrevivessem ao manuseio descuidado. Ou isso, ou seriam arruinadas pelas condições do tempo lá fora. Mas, então, o impacto da declaração de Alice atingiu-a.

- Que última? Está falando de Edward Cullen?

Esforçava-se para controlar a voz, mas, vendo que se traía, desejou que a amiga atribuísse sua reação estranha ao desconforto de lidar com a massa de desenhos. Com certeza, o vilarejo ainda não sabia da notícia do rompimento do noivado de Edward.

- Quem mais? Quantos Edwards você conhece?

Só um e era o bastante, pensou Isabella, silenciosamente. Apenas o som daquele nome já fazia com que seu ritmo cardíaco aumentasse, ao mesmo tempo que ruborizava e adotava uma respiração ofegante e irregular. De algum modo, ao longo do dia, conseguira concentrar-se nas aulas, mas sempre pensando na casa, em Edward, imaginando o que ele estaria fazendo, se ele já acordara e como se sentira ao ver que ela não estava lá...

- Então, o que aconteceu?

- Jasper esteve na mansão nas férias e ouviu tudo sobre a festa que os Cullen deram em Londres para celebrar o noivado... baile até o amanhecer e champanhe circulando como água. Aparentemente, o nome da sortuda é...

- Tanya — encerrou Isabella, sem encarar a amiga, para que ela não identificasse o desgosto que obscurecia seus olhos castanhos.

Apressada, pegou a capa bege pendurada junto à porta e vestiu-a, lutando contra a dor e a vontade de partilhar seus sentimentos com alguém, de confiar na amiga esperando que ela não espalhasse a história aos quatro ventos.

- Claro, esqueci-me de que sua relação com a família a coloca a par de tudo...

- Hum.

Isabella fingiu estar alisando o cabelo comprido para formar um coque junto à nuca, usando o tempo para recuperar a compostura, pois, na realidade, sentia-se distante, o reflexo do rosto apenas uma mancha no espelho diante de si.

Era engraçado, refletiu, como os habitantes de Ellerby mantinham-se possessivos ante tudo o que se relacionava aos Cullen. "Nosso Edward", dissera Alice, como se fossem parentes. Não espantava Edward ter comentado que às vezes sentia-se como num aquário, cada movimento seu observado.

- Não adianta ficar arrumando tanto o cabelo! — aborreceu-se Alice. — Nessa chuva, vai ficar parecendo uma gatinha ensopada assim que botar o pé fora. — Voltou a sonhar: — Então, como ela é? Estou morta de curiosidade... Maravilhosa, suponho. A futura Sra. Edward Cullen não pode ser nada senão a melhor.

- Sra. Edward Cullen. — As palavras pareciam um tapa e Isabella franziu o cenho. — Sra. Edward Cullen...

Quase dez anos antes, sob influência da paixão adolescente, escrevera o nome inúmeras vezes no caderno, dentro de corações, com flechas. Como muitas meninas antes dela, permitira-se sonhar que um dia se tornaria a princesa do amado. Mas isso antes que a mãe, com severidade, e finalmente o próprio Edward, a desiludissem.

Com esforço, Isabella voltou à realidade, e lançou um sorriso sem significado para Alice.

- Eu não sei. Mas, como disse, ela tem que ser maravilhosa... as mulheres de Edward sempre são... com aquele estilo que só combina com nomes famosos... o tipo de coisa que nós, meras professoras de jardim-de-infância, nunca poderemos aspirar.

Olhou novamente para a imagem refletida no espelho, sabendo que o ciúme transparecia sob a camada de autocontrole. Suas formas eram bastante comuns se comparadas às da lista de beldades loiras, nobres e elegantes com quem Edward já se divertira. Os olhos e cabelos avermelhados, em conjunto com os lábios carnudos, levavam as pessoas a imaginar a possibilidade de algum ancestral exótico em seu sangue, mas na verdade a história de sua família não era mais interessante do que a de Alice, cuja mãe, como a sua, viera da Irlanda à procura de trabalho e estabelecera-se na área.

- Vai ser uma castelã perfeita — concluiu Alice. — Tem dinheiro próprio, uma formação irrepreensível e todas as relações certas.

"Mas ela rompeu o noivado." Isabella mordeu o lábio com força para aplacar a vontade de revelar a novidade. Prometera a Edward que não diria nada.

Além disso, o fato não alterava as observações de Alice. Tanya tinha todas as qualidades para se tornar a esposa do homem reconhecido localmente como o senhor do castelo, ao passo que ela...

Ela o quê? Na noite anterior, Edward chamara-a de amiga, mas agora, analisando os eventos à luz fria do dia, imaginava se mesmo aquilo fora sincero. Amigos comportavam-se como eles haviam se comportado?

De fato, estava bastante despreparada para lidar com a questão.

De repente, a lembrança de seu décimo oitavo aniversário voltou-lhe à mente. Animada pelos efeitos da primeira bebida, que Edward providenciara para a ocasião, tentara contar-lhe como se sentia, os sentimentos que guardava no coração a ponto de não ser mais capaz de retê-los.

Edward simplesmente rira.

- Não, você não sente, Bella — dissera ele em tom indulgente, como se lidasse com uma criança não muito inteligente. — Você só pensa que gosta. E jovem demais para saber sobre esses assuntos.

Se ele a tivesse esbofeteado, não a teria chocado ou magoado mais.

- Não sou tão jovem assim! — protestara ela, os olhos quase negros de dor. — Tenho dezoito anos... o bastante para saber sobre o que você está falando!

A mudança na expressão dele foi chocante. Ele estreitou o olhar, enrijeceu os músculos do maxilar e expressou muita raiva.

- E o quê, precisamente, seria?

A pergunta foi feita em tom frio. Isabella, chocada, emudeceu e simplesmente balançou a cabeça, incapaz de responder.

Edward estendeu a mão e segurou-a pelo braço com força.

- Diga-me! — insistiu, o tom áspero e perigoso. — Eu quero saber.

- Não preciso dizer! — rebateu Isabella. — Afinal de contas, todo mundo sabe o que um homem como você quer de uma garota como eu!

A última sílaba deu início a um silêncio tão grande que ela quase sentiu dor física com a situação, enquanto aguardava a reação de Edward. Quando ele finalmente respondeu, foi com outra risada, mas desta vez o tom não era de divertimento.

- Isso é sua mãe falando... Estou ouvindo a assinatura dela em cada frase. Você está apenas repetindo os clichês dela.

- Não são chichês... ela tem experiência...

- Oh, ela tem experiência, eu lhe garanto. Mas só porque algum outro patrão tirou proveito dela, usou-a, abandonou-a quando engravidou, porque algum outro homem demonstrou ser um rato, você me pintou com as mesmas cores.

O copo de vidro quebrou sob a pressão dos dedos dele. Deixando os cacos sobre a mesa, ele se levantou afastando bruscamente a cadeira.

- Mas, acredite em mim, garotinha, o destino lamentável que sua mãe está tão convicta que pode vir a acontecer está muito longe da realidade. Para começar, andar com moças como você me levaria a um casamento prematuro... uma perspectiva que não vejo com prazer em absoluto... e também...

Detendo-se à soleira da porta, ele voltou-se e olhou-a de maneira impassível.

- Acho que deve aproveitar o tempo para se perguntar se, caso essa "coisa" que supostamente quero de você seja verdade, por que nunca me aproximei mais de você desde que a conheço? Por que nunca fiz isso?

Antes que Isabella se desse conta do que acontecia, ele se aproximou de novo e segurou-a pelos ombros, obrigando-a a levantar-se. Bem junto a seu corpo, com o olhar brilhante e selvagem, beijou-a de forma tão violenta que ela gemeu. Ele a manteve assim pelo tempo que quis, até que, de repente, soltou-a, empurrando-a contra a parede.

- Se sua mãe estivesse certa, isto teria acontecido há muitos anos... isto e muito mais! — declarou ele, num tom que era muito mais assustador do que se ele tivesse gritado.

Enquanto Isabella ainda buscava recuperar o fôlego, o coração cheio de dor, ele se foi, afastando-se a passos largos pela escuridão e pela chuva sem olhar para trás. O som da porta se fechando indicava que ele jamais voltaria.

- Isabella? — Alice estava preocupada com a distração da amiga.

A voz trouxe Isabella de volta ao presente. A lembrança da dor fez com que começasse a comentar o assunto de forma irrefletida.

- Bem, só espero que qualquer mulher que seja tola o suficiente para dizer sim ao nosso Edward saiba o que está levando. Quero dizer, ele é um cara mar vilhoso, o nosso senhor do castelo, mas, como perspectiva de casamento... Afinal, ele já está com... trinta e três anos agora e nunca deu sinal de que pretendia se estabelecer. Cansamos de ouvir histórias sobre, sua incrível vida sexual, conhecemos a lista de mulheres que ele já trouxe à mansão...

O bom senso dizia-lhe que já dissera o bastante, demais, na verdade, mas a dor fazia com que continuasse, e as palavras ásperas saindo aos borbotões:

- Duvido de que ele saiba o que a palavra fidelidade significa. E não se pode dizer que Edward Cullen é o tipo que fica com uma mulher de cada vez, certo? Duvido de que ele suporte essa limitação. Quero dizer, só de pensar em todas as outras garotas no mundo, ansiosas para cair em sua cama ao mínimo sinal, ou sorriso, e...

De repente, percebeu que a reação de Alice não era de simples interesse ou divertimento.

- O que foi? — perguntou e franziu o cenho enquanto tentava interpretar a mensagem que a amiga tentava telegrafar com os olhos arregalados e com movimentos expressivos de sobrancelhas.

- Já entendi — opinou Alice, fingindo descontração.

- Vamos mudar de assunto.

- Não, continuem — pediu uma voz familiar, por trás de Isabella. — Estou achando essa análise do meu caráter muito interessante.

Edward!

Isabella nem precisou olhar para saber exatamente quem estava falando. Conhecia cada timbre daquela voz, cada sílaba rouca, cada nuance, e um segundo antes de voltar-se sentiu que ruborizava. Seguiu-se um aumento de temperatura quando se encararam. O olhar esmeralda parecia divertido, irônico.

- Por favor, continue — convidou ele, num tom perigosamente suave. — Tenho certeza de que não disse tudo o que queria. Deve haver muitos outros aspectos de minha personalidade que você pode trabalhar para me demolir de vez... Por que parar e comentar apenas a minha vida amorosa?

- Edward...

Foi só o que Isabella conseguiu dizer. Estava muda de choque e seu cérebro recusava-se a raciocinar.

- De... de onde você apareceu? — indagou, finalmente, imaginando diversas hipóteses tais como ele aparecendo do nada, materializando-se numa nuvem de fumaça, como num passe de mágica.

- Deixei o carro no estacionamento e vim pela entrada principal — explicou Edward, inocente.

Isabella sentiu um frio arrepio na espinha ante a resposta pedante, uma indicação mais clara de seu estado de espírito do que a ironia no tom de voz.

- De lá, segui para a sala dos professores, orientado pelas vozes. E espantoso como se ouvem até sussurros pelos corredores silenciosos, ainda mais em prédios velhos como este.

O que levava direto ao ponto, refletiu Isabella, miseravelmente. Quanto de seu desabafo tolo ele ouvira? E, após a noite anterior, o que se passava na cabeça dele?

- Devia... aparecer quando as crianças estão por aqui. — Isabella tentou rir, na esperança não de agradá-lo, mas de voltar-lhe a atenção para algum assunto menos perigoso. — É ensurdecedor, não é, Alice?

Olhou para a amiga buscando ajuda. Alice ficou ainda mais confusa, pois já sentia um clima que não conseguia entender.

- Não vai me apresentar a sua amiga? — impôs-se Edward.

- Claro.

A percepção de que Edward pegara-a naquela manobra fez Isabella sentir-se envergonhada. Fez um gesto exagerado para apresentar Alice.

- Esta é Alice Hammond... ela é a diretora daqui — explicou, rapidamente. — E, claro, você conhece o Sr. Cullen, pelo menos de vista, não é, Alice? Ele...minha mãe trabalhou na mansão.

Esperava, assim, aplacar a curiosidade da amiga. Não imaginava por que Edward aparecera na escola daquele jeito. Na verdade, estava surpresa por ele saber onde ela trabalhava. Se não fosse cuidadosa, a visita inesperada criaria o tipo de comentários que tentara evitar com tanto empenho.

- Prazer em conhecê-la, Sra. Hammond.

Edward apertou a mão de Alice. Isabella sabia, por experiência, que o toque era quente e firme, mas reconheceu o sorriso educado que ele usava quando era obrigado a conversar com estranhos ou pessoas pelas quais não tinha interesse em particular. Vira-o usar aquela expressão inúmeras vezes em jantares formais na mansão, ou em comemorações do vilarejo, cumprindo o calendário social. Dificilmente, as pessoas notavam o controle que ele tinha sobre as emoções, mas isso porque poucos já haviam recebido uma atenção genuína e calorosa da parte dele, atenção que ele demonstrava somente quando queria. Em certa época, ela fora uma das eleitas. Infelizmente, sabia que não compunha mais o rol de privilegiados.

- Aceite os meus cumprimentos pelo noivado — replicou Alice.

Isabella sofreu com a observação educada e, apreensiva, aguardou a reação de Edward. Não ousou avaliar seu semblante, com medo do que encontraria.

- Obrigado.

Isabella ficou chocada com a suavidade da resposta. Como ele podia permanecer tão soberbamente calmo, tão totalmente controlado, enquanto ela era uma pilha de nervos?

Claro, a pergunta relacionada ao noivado, mesmo o rompimento do compromisso, bem como o envolvimen to rápido com ela, a noite de prazer, não significavam nada para ele.

Assim seria no futuro, reconheceu, sentindo-se vazia. Independentemente de continuar o relacionamento com ela, Edward não desejaria torná-lo público, com certeza. Sempre teriam que fingir, agir como quase estranhos na frente dos outros.

- Oh, perdão — continuou Alice. — Eu já devia ter perguntado por que está aqui. Posso ajudá-lo de alguma forma?

- Eu acho que não, a menos que saiba onde Emmett Donald está. Nós combinamos um jogo de squash hoje à noite, mas surgiu um problema e vou ter que cancelar.

Isabella mordeu o lábio para aplacar o grito de desânimo que quase emitiu, esforçando-se para não se descontrolar ante a possibilidade de ter sido ainda mais idiota do que acreditava ser possível.

Saíra da própria casa, da cama de Edward, naquela manhã, a fim de não embaraçá-lo, nem causar-lhe desconforto emocional. Agora, imaginava se Edward teria sentido algo semelhante, em primeiro lugar.

Com certeza não, pois limitara-se a ir à escola, tão friamente quanto possível... para conversar sobre um jogo de squash!

Estivera apenas iludindo-se, então, achando que ele sentiria constrangido ao encará-la? Não estivera apenas transferindo seus temores para ele? Não era verdade que Edward, com sua maior experiência nesse assunto, estava bastante habituado a agir como se nada tivesse acontecido... o que para ele era mesmo verdade?

E isso levava a considerações mais dolorosas. Talvez as palavras emotivas "preciso segurar a mão de alguém" houvesse sido ditas com cálculo deliberado do efeito que teriam sobre ela.

- Oh, temo que tenha se desencontrado com ele... Emmett foi para casa há cinco minutos.

- Oh, bem, talvez seja melhor telefonar mais tarde. Edward foi para a porta, mas, de repente, voltou-se, como se tivesse tido uma nova idéia.

- Que tal uma carona para casa, Isabella? Afinal, tenho mesmo que pegar a Holme Road a caminho da cidade.

- Geralmente pego ônibus...

O tom casual de Edward podia enganar Alice, mas Isabella tinha experiência em avaliar os humores dele a ponto de adivinhar uma segunda intenção. Devia ter percebido que o caráter assassino que identificara não seria tão facilmente esquecido, e a simples idéia de uma nova investida de Edward deixou-a apreensiva.

- Com esse tempo?! — questionou ele, insistente. — Estaria ensopada antes de chegar ao ponto!

Algo nos olhos verdes dizia-lhe que ele identificara a tentativa de recusa do convite e estava determinado a não deixá-la escapar.

- E você estava dizendo agora mesmo o quanto seria difícil levar os desenhos para casa sem que se estragassem com a chuva... — observou a amiga Alice, piorando sua situação.

Fechando a pasta enquanto falava, a diretora da escola, não viu a expressão consternada de Isabella. Agora, ela não tinha como recusar a carona.

Edward notou-lhe o desgosto e sorriu com uma mistura de triunfo e sarcasmo.

- Seria muito amável de sua parte... se tem certeza de que não será transtorno.

A educação exagerada revelava o que Isabella sentia a qualquer um que a conhecesse tão bem quanto Edward, mas o comentário sarcástico que tentava elaborar não surgiu.

Edward simplesmente pegou a caixa com desenhos do chão e alojou-o sob um braço.

- Pode deixar que eu levo isto. Boa noite, Sra. Hammond.

Aquilo eliminou qualquer chance de fuga, refletiu Isabella, triste, sabendo que não tinha opção senão acompanhá-lo. Era isso ou ver o trabalho da classe três desaparecer sem deixar vestígios e evidentemente, Alice também pensava dessa forma.

- Um homem que não aceita não como resposta — murmurou Alice, com um sorriso torto. — E melhor você correr atrás dele antes que perceba que você não obedeceu às ordens. Não gostaria de vê-lo realmente zangado.

Isabella não precisava do alerta adicional. Já pegava a bolsa.

- Até amanhã, Alice. — Levou a alça para o ombro e apressou-se atrás de Edward, quase correndo para compensar os passos largos dele.

A entrada principal, Isabella segurou-o pela manga da camisa quando ele já ia correr para o carro estacionado.

- Edward... Eu não vou a lugar algum com você.

O olhar dele era de incredulidade, mas o brilho fugaz mostrava que ele entendera as implicações mais subliminares daquela colocação melhor do que demonstrava pela expressão.

- Você prefere ir para casa de ônibus ao invés de viajar confortavelmente comigo? — O tom, bem como a expressão, questionavam sua sanidade.

- Eu...

O que poderia dizer quando já sentia cada nervo do corpo reagir, evidenciando o erro que seria até pensar em entrar no carro com ele? Vê-lo na sala de professores com Alice junto era uma coisa, mas ficar confinada no espaço exíguo de um carro, tão próximos a ponto de ela poder sentir o cheiro da loção pós-barba, ouvir sua respiração, até sentir o calor emanado pelo corpo musculoso era algo totalmente diferente.

Precisou convencer-se de que a noite anterior fora um momento totalmente desconexo, que não devia... não podia esperar mais nada, e tentou aceitar o fato. O que não antecipara era a total falta de emoção de Edward. Ele agia como se nada tivesse acontecido e ela não suportava mais essa situação.

- Não seja estúpida, Bella!

O uso do velho apelido quase destruiu-a, rompendo as defesas que ela tentara construir ao redor de si mesma.

- Não é estupidez... Eu sou realista!

Isabella ficou perturbada ao ver que a voz não saiu tão controlada quanto planejara. A frase entrecortada revelava o quanto estava abalada. O desespero fez com que externasse sem rodeios o que a preocupava:

- Ambos sabemos como sua família reagiria ao fato de seu precioso herdeiro ser visto com a filha da cozinheira... uma filha ilegítima — acrescentou, com ênfase amarga.

- Você está parecendo sua mãe agora — rebateu Edward, a frieza agindo como um tapa.

- E você está parecendo a sua!

- Ah, é?

A voz anunciava perigo e ela deu um grito de choque ao vê-lo soltar a caixa e tomá-la pelos ombros.

- O que está fazendo? Edward? — Ela tentou demovê-lo de qualquer idéia enquanto ele lhe tateava os braços, a nuca, privando-a da habilidade de falar.

- Não estou sentindo — murmurou ele.

- Sentindo o quê? Do que está falando?

- Não estou sentindo o processador que você deve ter no ombro.

- E se eu tiver, quem o instalou aí?

- Oh, de volta ao velho tema de que só há "uma coisa" na qual ele pode estar interessado, certo?

- Certo! — O tom de Isabella equiparava-se ao dele em cinismo. — Exceto que você não está mais atrás disso, está? Já obteve o que queria na noite anterior, portanto, não há mais necessidade de ficar no meu pé.

- Oh, não há? Isabella, olhe para mim.

Teimosamente, ela mantinha o rosto virado, o alerta de ser chamada pelo nome completo fazendo ferver seu sangue nas veias.

- Eu disse: olhe para mim, raios!

Ele tomou-lhe o queixo sem delicadeza, forçando-a a encará-lo. A chama fria que ela identificou nos olhos verdes pareceu atingir seu coração diretamente.

- Se está determinada a acabar com isso, Isabella, então, não posso detê-la. — Edward agarrou-a com força. — Mas acho que precisa estar muito certa sobre o que está dizendo.

- Acabar? Não há nada a acabar... você sabe disso, eu sei disso. E não precisa ter dúvida sobre o que estou dizendo. Estou ciente de cada palavra, portanto, é melhor acreditar!

Isabella soube que fora bem-sucedida em afastá-lo quando a expressão dele mudou. De olhos fechados, ele absorveu o significado. Conseguira, convenceu-se, miseravelmente. Perdera Edward, por bem. Matara o que quer que ele pudesse sentir por ela, pela força da determinação.

- Certo — aceitou Edward, o termo frio pondo fim ao calor que haviam partilhado brevemente na noite anterior. — Acho que você deixou sua posição bem clara.

Isabella fizera o que planejara, convenceu-se. Sentiu os ombros pesados, cansada, ao ver seu amor caminhar na chuva, sem olhar para trás. Afastara-o de sua vida, separara-se dele para o bem dos dois. Nunca mais veria Edward Cullen, a não ser da mesma forma que todos no vilarejo o viam, como o senhor do castelo, distante e alheio. E a dor daquela perda seria como uma ferida incurável em seu coração, acompanhando-a para o resto de sua vida.


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