25 maio 2015

FanFic Passado Distorcido - Capitulo 10 - Tenho lembranças e não saudades

 

Autora(o): Kelly Domingos - Whatsername no Nyah!
Gênero: Angst, Romance, Universo Alternativo, Hentai, Drama
Censura: +18 
Categorias: Saga Crepúsculo 
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo


Tenho lembranças e não saudades


POV Bella



Deus, às vezes, não era muito bondoso. Eu poderia ir para o inferno por falar tal atrocidade, mas Carlisle e Esme não tinham sido abençoados, eles não mereciam Edward. Carlisle e Esme, dois anjinhos, ele gostava de química e era um bom galanteador, Esme, um poço de candura, mais mãe que ela impossível, Renée em algum lugar do céu, estaria me olhando torto, olhando torto, mas não com raiva. Coisas de mãe.

O céu, quando olhado daqui, parecia um distante e um pouco sombrio, perguntei-me se ele será divertido quando eu for para lá, quando eu encontrar meus pais de novo. Escuro, com algumas nuvens e poucas estrelas. O céu de Nova Iorque não era nenhum pouco atrativo, mas, por hora, era uma boa distração. Meu relógio de pulso marcava 23h43min, as ruas cheias para uma noite quente de sábado. Pessoas bêbadas e felizes demais.

Oh sim! Eu ainda chorava um pouco, uma forma de exorcizar o aperto que me consumia. Não sabia ao certo se chorava por descobrir que Edward era um doente que ainda por cima de odiava, ou por saber que ele tinha pais maravilhosos; ou por ter o deixado falar tão mal de meus pais. Ele não sabia que a merda que estava falando, ele não sabia o quanto conseguiu me atingir com aqueles insultos.

Assim como o céu a noite também estava escura. Ainda bem né? Seria estranho demais não ter os dois em pé de igualdade. Noite escura me lembrava Edward. Um homem bonito, bonito demais para ser sincera, com roupas um tanto velhas, com um sorriso manso e com olhos expressivos. Porque diabos ele tinha mudado tanto? Porque agora ele me odiava? Que merda desconhecida eu tinha feito para ele?

As pessoas me olhavam torto quando me viam sentada na calçada, algumas riam em deboche, outras me lançavam um olhar duvidoso. As vezes, eu me perguntava se era normal eu senti aquelas coisas. Eu achava que não. O peso de Sebastian estava todo em cima de meu corpo, eu podia sentir cada pedaço de sua excitação, seus beijos molhados demais em meu pescoço, e corriqueiramente, sua língua áspera subindo e descendo por minha pele.

“Deliciosa demais...” A voz falou perto de meu ouvido, a mão gelada subiu, por debaixo de minha camisa, por minha barriga. Ele não tinha cerimônias, muito menos calma.
“Sebastian...” Sai de seu beijo afoito. Ele não tinha a intenção de parar tão cedo. “Sebastian...” Pedi de novo.
“O que aconteceu gracinha? Não está bom para você?” Ele perguntou sem me olhar nos olhos, sem parar com seus beijos.

Cara, você é muito ruim, ou eu sou muito frígida! Por que, porra, seus toques em nada me deixam excitada. Como eu queria ter coragem para ser sincera com ele, para dizer que aquele namoro não estava dando certo. “Eu preciso ir para casa!” Falei e saltei do sofá. Ele me puxou pelo braço, me fazendo cair em seu colo.

“Eu sei que você não tem nada para fazer em casa, por que não fica aqui comigo?” Ele puxou meu lábio inferior com seus dentes, uma dor profunda se instalou ali. “Eu preciso de você, delicia!” Ele, sem ser discreto, jogou seu quadril no meu.

Eu tinha dezessete e sabia o suficiente de sexo, e eu sabia exatamente o que aquilo significava. Ele queria, muito, me levar para a cama.

“Hmm, eu tenho que ir! Minha mãe está me esperando para o jantar!” Falei e sai de seu colo.
“Isabella!” Sebastian disse alto demais, o que me faz saltar. “Dá para você me explicar por que está fugindo de mim?”
E essa era a questão. Eu não o amava, eu não sabia nada sobre ele. Sua história era uma incógnita, segundo ele próprio, seus pais tinham morrido num incêndio, vivera até os dezoito num orfanato e depois virou mochileiro, já tinha conhecido boa parte do país.

E então esse era Sebastian; vinte e três anos, sem família, com um bom apartamento e um sedã fora de linha.

Eu, realmente, não o amava, estávamos juntos há uns quatro meses. Ele conhecia minha família, Sebastian não fazia nenhuma questão de ir me ver em minha casa, ele sempre me rebocava para seu apartamento. Minha rotina era ele quem determinava, hoje, por exemplo, ele me buscou na faculdade e me fez ficar de amasso com ele a tarde inteira.

“Eu estou um pouco confusa, é isso!” Falei baixo demais. Sebastian foi atento o suficiente para me ouvir. “Em relação a quê?”
“A nós!” Minha voz saiu pesada e incerta.

Sebastian me olhou e caminhou para minha direção. “Isabella, nem pense em brincar comigo desse jeito, garota, você é minha e não direito algum de mudar essa condição!”
Eu odiava quando ele falava assim comigo, me classificando como uma propriedade, como algo que fosse, verdadeiramente, dele. “Sebastian, eu preciso ir para casa!”

“Isabella, coloque de uma vez em sua cabecinha oca, você é só minha!” Ele me puxou com um pouco de força, eu não estava preparada para um beijo, então o choque entre nossos dentes foi inevitável.
“Machucou?” Sebastian lambeu meu lábio e apertou suas mãos em minha cintura.
“Só um pouquinho!” Menti.
“Se me deixar, vai machucar bem mais!” Ele me beijou de novo, e meu corpo tremeu, não pelo beijo, mas pelo medo.

Eu tremi novamente, não sei se pelo frio que estava começando a fazer, ou por ter me lembrado de todas as coisas que me machucaram depois daquele dia. Eu sabia que uma hora eu iria explodir, cabeça e coração já não estavam agüentando suportar tanta agonia. 

“Alice, preciso conversar com você, tipo, urgente!” Falei de modo que ninguém ouvisse, o corredor estava cheio de estudantes.
“Alguma coisa séria, amiga?” Ela perguntou do outro lado da linha, preocupada.
“Mais ou menos!” Falei sem dar muitos detalhes.
“Vamos lá pra casa, meus pais nunca estão por lá mesmo!” Ali disse meio triste.
“Hmm, eu não sei se Sebastian vai me buscar hoje!” Falei envergonhada, era tão difícil aceitar que tinha alguém controlando minha vida.
“Bella, pelo amor de Deus, não é tão difícil dizer oi, hoje eu vou almoçar com minha amiga, ok?” Ela imitou debilmente minha voz, me fazendo sorrir. Alice era assim, a pessoa certa para tudo.
“Não é tão fácil assim!” Falei derrotada.
“Então tem como nos encontrarmos aqui no campus mesmo? Minha aula termina daqui a pouco!” Ela disse ainda preocupada.
“Meio dia está bom para você?” Perguntei.
“Ótimo! Até lá então!” Alice disse e depois se despediu.
“Beijinhos Ali!” Eu disse por fim.



“Eu estou tão quebrada, Alice!” Falei depois de olhar mil vezes para Alice sem saber por onde começar.
“Essa parte eu já sei, qualquer um que te olha também sabe!” Alice bebeu um pouco de seu suco de laranja, e eu, um pouco de minha coca.
“Ele não me ama, e eu também não o amo. Então porque ele não me deixa em paz?” Era a pergunta que a meu ver nunca teria resposta.
“Ele é doente, Bella!” Alice disse enfática. “Ele só quer te machucar!”
“É tão difícil! Ele não me deixa respirar!” Eu podia sentir meu rosto esquentando.
“Bella, não chore! Hmm, nós vamos dar um jeito nisso, ele não vai continuar brincando assim com você!”
“Eu tenho tanto medo dele, tanto!” Confessei, enquanto eu falava as imagens de Sebastian vinham em minha mente.
“Bella, converse com ele, diga que você não está feliz... sei lá...” Alice propôs.
“Eu não sei Ali, é ele é tão misterioso, eu não sei que ele pode fazer se eu terminar com ele...” Aquele medo era real, eu não conhecia meu namorado.


“Bella, meu bem, o que há com você?” Minha mãe passou pela porta de meu quarto e sentou-se ao meu lado na cama.
“Eu não sei, mãe! Só estou um pouco triste!” Falei sem tirar minha cabeça do travesseiro.
“Tem a ver com Sebastian?” Ela alisou meus cabelos, e levantou um pouco meu rosto.
“Uhum!” Me limitei a dizer.
“Bella, eu e seu pai estamos preocupados com você! Você vive dentro daquele apartamento, nem te vemos mais em casa... Você não está morrendo de amores por ele, está?” O tom de minha mãe era repleto de preocupação.
“Não, não mesmo! Sei lá mãe, eu nem sei se eu gosto de alguma coisa nele!” Desabafei envergonhada.
“Você não sabe o quanto isso me deixa aliviada! Bella, você está tão triste. Me dói te ver assim, seu pai também está mal, ele quem não gosta de conversar essas coisas com você, mas eu sei que ele quer que você termine esse namoro...”
“Vou conversar com ele, dizer que não está mais dando certo...” Falei baixinho, pois eu sabia que isso não iria comovê-lo.
“Filha, fique tranqüila, você é tão nova! Tem tanta coisa para viver, daqui a pouco você vai trazer um rapaz que te mereça para nossa casa!” Renée disse divertida.
“Um homem alto, forte, e protetor!” Eu disse acompanhando seu divertimento.
“Um homem alto, forte, e protetor!” Ela repetiu, beijou minha bochecha e saiu de meu quarto.



“Alice, eu não preciso de mais roupas!” Falei cansada de tanto andar pelas calçadas.
“Bella, roupas e acessórios nunca são demais!” Ela devolveu focada na vitrine.
“Isabella?” Um grito me fez olhar para a rua. Sebastian tinha os olhos enfurecidos.
Sem cumprimentar Alice ou tentar ser menos escandaloso ele gritou. “Eu quero você dentro desse carro agora!”

Eu podia sentir a vergonha tomando todo meu rosto, todos na rua me olharam assustados. Alice tinha um olhar raivoso para Sebastian.

“É melhor eu ir, Alice!” Falei, e deixei minhas sacolas de compras com ela.
“Eu já disse para não sair sem minha permissão!” Ele ralhou assim que eu sentei no banco de carona.
“Sebastian... Eram apenas compras!” Disse num meio enfrentamento.
“Isabella, eu não quero saber se são compras ou caridade, eu não quero você na rua, principalmente com sua amiguinha minada!” Sua mão, a qualquer momento, iria amassar o volante.
“Não fale assim de Alice, nunca!” Não sei da onde tinha saído aquela coragem.
Então ele me olhou, como se quisesse me matar ali mesmo. “Nunca mais me enfrente desse jeito, está escutando sua estúpida?”

Eu não disse mais nada, olhei para a avenida que passava rápida por mim, o salgado que senti em meus lábios me fez perceber que eu estava chorando.

“Pare de ser melodramática!” Ele mandou em deboche.
“Me deixe em casa, por favor!” Pedi já sabendo que não adiantaria nada.
“Não, claro que não! Eu quero você sozinha, sem nenhuma defesa, no meu apartamento.
A bile veio ligeira para minha boca.

“Tire suas roupas!” Eu estava amedrontada, nervosa, e com muito nojo, e jogada na cama de casal de Sebastian.
“Não me escutou?” Ele disse com escárnio. Sebastian estava de pé em frente a cama, tirando as calças e terminando com sua camisa.
“Eu não quero isso!” Falei baixo, eu tentava não olhar para o homem que estava na minha frente.
“Você não tem que querer nada!” Ele veio para cima de mim. “Eu quero suas roupas todas no chão, agora!”

Sem para onde correr, tirei meu par de roupas. Ficando apenas de calcinha e sutiã. Meus olhos já estavam cheios de lágrimas, eu sabia exatamente o que iria acontecer.

Ele começou me beijando bruscamente, mordendo e deixando marcas. Sua mão, entre minhas pernas, fazia movimentos que não me levariam a lugar nenhum. Ele, ao contrário, tinha uma ereção que esfregava em minha coxa. Eu nunca tinha estado com homem nenhum, nem mesmo tocado ou visto um nu, e Sebastian não me poupava do constrangimento, ele, naquela noite, me fez fazer coisas que nunca imaginei serem feitas entre um homem e uma mulher, coisas nojentas. Nojentas por serem com ele, talvez.

Ele me tomou sem cuidado, sem camisinha, sem amor. Seu corpo pesado chocava contra o meu, pequeno e dolorido. Sebastian parecia um animal louco em cima de mim, ofegando e vermelho, talvez estivesse terminando para ele.

Ele se libertou e caiu ao meu lado, pedi para que ele dormisse logo, assim eu poderia fugir dali. Olhei rapidamente para meu corpo, marcas e mais marcas, ele tinha me mordido o suficiente para não serem tampadas com maquiagem. Um ronco me fez saltar da cama. Ele tinha dormido. Catei minha roupa do chão e sem saber para onde ir, minha casa não era uma opção, Charlie iria atrás de Sebastian no inferno se me visse naquele estado.


“Alice?” Falei desesperada no celular.
“Bella? Isso são horas?” Ela perguntou ainda sonolenta.
“Eu estou na porta de sua casa, me deixe entrar, por favor!” Pedi chorosa.
A ligação foi encerrada e a porta abriu na minha frente. “Céus, o que fizeram com você?” Ela gritou praticamente.
“Seus pais estão em casa?” Perguntei antes de cair no sofá.
“Não, só para variar, viagem de negócios!” Ela disse sem animo e sentou-se ao meu lado.
Nós duas nos olhamos, ela sabia exatamente o que tinha acontecido comigo. “Eu não posso acreditar, Bella! Eu vou matar aquele infeliz!”
“Alice, por favor, eu só quero um banho e dormir!” Falei exausta.
“Bella, tire a porra de suas roupas agora!” Alice gritou. “Eu quero saber exatamente o que aquele maldito fez com você!”
Era tão humilhante, Alice nunca poderia saber o estado que meu corpo estava, meu centro ainda sangrava e doía de um modo insuportável. “Alice, não precisa!”
“Bella, faça o que estou te pedindo!” Alice disse amassando uma almofada.
Não era vergonha de Alice, nós éramos amigas e ela me ver nua não era uma novidade, mas eu estava tão envergonhada, as marcas em meu corpo eram uma evidencia do quão submissa eu era.

No sofá mesmo tirei minhas roupas, Alice tocava as marcas e forçava para segurar suas lágrimas. “Bella, você está tão machucada! Onde mais dói?”
“Em toda a parte, toda!” Falei também chorando. “Ali, eu preciso me lavar, eu preciso tirar o cheiro dele de mim...”
Cuidadosamente ela me tirou do sofá, o banheira estava quente, não sei quando tempo fiquei passando a esponja em meu corpo.
“Você precisa ir à polícia!” Alice me passou a toalha e disse nervosa.
“De jeito nenhum!” Falei prontamente, eu sabia que se eu o denunciasse as coisas ficariam ainda piores.
“Bella, você não pode continuar com esse cara!” Ela disse a coisa mais inteligente, mas ao mesmo tempo a coisa mais difícil de ser executada.
“Garota, tu quer um baseado?” Um adolescente trajando roupas caras de perguntou. “Tu está ai, nesse marasmo, fumar às vezes resolve...”

Eu estava mesmo no fundo do poço, agora eu também tinha cara de drogada? “Hmm, não, eu estou ótima!” Falei por fim.
“Certo então, qualquer coisa é só pedir. Está vendo aqueles ali?” Ele apontou para um grupinho de meninos. “Nós temos bastante essa noite, não temos problemas em dividir!”
“Ok?” Eu falei incerta. O menino, ainda tragando, voltou para seus companheiros.
Ousei olhar, de novo, para o meu relógio; 01h36min. Alice me mataria amanhã. Eu não tinha dúvidas.


Os dias que se seguiram não foram os mais fáceis, Sebastian me buscava na porta da faculdade e me levava para seu apartamento, o que acontecia depois beirava algo perto do que poderia ser classificado como podre. Aos poucos aprendi que se eu me concentrasse em alguma coisa muito boa eu conseguia resistir aos golpes que o corpo de Sebastian fazia contra o meu. Ele gozava com facilidade, depois de muito empenho, eu forjava uns gemidos e algumas caras e bocas, e isso faziam com que ele terminasse mais rápido.

Eu estava dolorida e chorando no canto da cama quando num ato de burrice externei o que eu tanto guardava. “Eu não agüento mais você!”
“O que disse, vagabunda?” Sebastian inclinou-se para mim. “Fale!”
“Eu não agüento mais você!” Repeti.
“Quer terminar comigo?” Ele puxou meu rosto, e colocou meus cabelos para trás. E sorriu de um jeito que fez meu estômago revirar. “Pode me deixar se quiser, é fácil para eu encontrar uma melhor que você!”

Eu não estava acreditando naquelas palavras. Eu estava, de fato, livre? Eu ri sarcasticamente com a memória. Tão doce engano. Açucaradamente doce engano.
Eu gostava do jeito que as coisas estavam indo. Meus dezoito anos foram comemorados com festa e sem Sebastian. Alice tinha um rolo com um cara quinze anos mais velho, e meus pais estavam felizes e uma viagem para o Havaí já estava marcada.


O Havaí era perfeito, ou melhor, o paraíso. Sol, praia e corpos estupidamente dourados, surfistas...
“Mãe, eu não quero ir embora!” Fiz exatamente igual a uma criança minada enquanto eu arrumava minhas malas.
“Hum, seu pai está pensando sobre comprar uma casa de praia aqui, o que acha?” Minha mãe perguntou presunçosa.
Eu quase gritei. “O que eu acho? Céus, isso é fodidamente perfeito!”


“Duas sodas, por favor!” Alice pediu flertando com o garçom.
“Ali, deixe de ser tão dada!” Repreendi-a com divertimento.
“Bella, é você quem está perdendo! Homens nos fazem tão bem!” Ela disse e passou a mão em seus cabelos curtos, o garçom estava voltando.
O restaurante estava vazio, numa mesa afastada estava Sebastian. Oh merda!

“Ali, ele está aqui!” Falei baixo demais, cobrindo com as mãos minha boca.
“Ele quem?” Alice perguntou confusa.
“Sebastian!” Falei ainda mais sussurrado. “A sua esquerda!”

E assim que Alice virou para olhá-lo e também nos viu. Abriu um sorriso, indecifrável, e caminhou até nós.

“Quanto tempo que não as vejo!” Ele disse e sentou-se ao meu lado. “Como você está Isabella?”
“Hmm, bem!” Falei com cautela. Alice continuava sem interagir com ele.
“Isabella, eu posso conversar com você um instante” Ele pediu ainda com seu sorriso estranho. Olhei para Alice, ela me olhava apreensiva.
“Hmm, pode ser!” Ele e eu saímos da mesa.
“Pode ser lá em casa?” Ele perguntou assim que passamos pela saída do restaurante.
“Eu preciso avisar Alice então!” Falei e esperei sua resposta.
“Só não demore muito!” Ele disse sem tirar seu sorriso, sua resposta tinha me surpreendido.

Depois de ouvir não sei quantos conselhos de Alice, voltei para a rua, Sebastian já estava dentro do carro. Antes de eu entrar no carro, o visor de meu celular acusava uma mensagem de Alice:
Tome cuidado, me ligue, se precisar. Amo você.
Reli algumas vezes e entrei no carro convicta de que nada iria me acontecer.


O percurso foi feito em silêncio, o período no elevador, também. Quando ele abriu a porta eu vi meu mundo desabar. Perto do sofá, no chão, meus pais estavam, ao lado deles, muito sangue. O sangue formava poças no carpete. As duas pessoas mais importantes de minha vida, agora, já não estavam com vida. Pele pálida e lábios roxos, eram assim que eles estavam.
Eu estava imóvel, sem esboçar nenhuma reação, eu apenas ouvia.

“Eu não disse Isabella, se me deixar, vai machucar bem mais? Seus papais idiotas já foram, e se você fizer mais alguma gracinha, a bonequinha da Alice também te deixar.”
Não sei quando desmaiei, nem quando acordei. Sebastian tinha um pano com álcool perto de meu nariz. “Pelo amor de Deus, você vai acordar quando?” Ele pressionou o pano úmido em minhas narinas. “Até parece que ver os pais mortos é tão triste assim!”

Então não era um pesadelo? Olhei para os lados, o sangue persistia, mas meus pais já não estavam ali. “Cadê eles?” Perguntei sem forças.
“Quando que eu iria deixar dois cadáveres na minha sala? Eles já estão bem longe, é para isso que serve cemitérios clandestinos...” Ele disse sorrindo.
“Hum, e esse é o nosso segredinho viu? Nada de sair contando o que aconteceu aqui por ai ok? Eu já disse, mais uma gracinha e Alice também vai virar carniça!”

Sebastian me deixou sozinha na sala, o cheiro de sangue me deixou um pouco tonta, o celular ainda estava em meu bolso.

Alice, eu preciso de você.


Alice. Tão mãe, amiga e vítima. Uma bonequinha, de fato, os pais sempre ausentes. Presentes e dinheiro, tudo para poder suprir a falta dos pais. Eu queria correr até ala, pedir colo, pedir meus pais de volta, pedir minha vida, ou pelos menos, uma nova oportunidade.
E assim se passaram três anos, três amargos anos. Ouvi humilhações, fiz coisas nojentas com aquele homem, assistir, também coisas nojentas. Era de embrulhar o estomago ver Sebastian fodendo outra mulher na minha frente, não era ciúmes, não mesmo. Era apenas sujo demais.

Alice, ás vezes, também era obrigada a ver tais cenas. Sebastian nos colocava com as mãos atadas no sofá. Na nossa frente um pornô caseiro era visto. Depois ainda era pior, ele me levava para o quarto e fazia semelhante ou pior do que havia acontecido na sala. Eu já estava acostumada com Sebastian sem cuidados, o que me irritava era o cheiro de outras mulheres. Era tão promíscuo.

Tornou- se rotina, ser abusada e depois ter Alice me dando banho e curando meus machucados. E assim terminei a faculdade e consegui um estágio, e por um milagre oculto, eu tinha sido contratada.
Agora, ele não me buscava mais na faculdade, pontualmente às cinco da tarde, Sebastian me esperava na porta do trabalho.

“Entre agora no carro e não abra a boca para nada ok?” Sebastian me jogou no banco, e deu partida no carro.
O trajeto inteiro levei socos na boca do estômago e uns golpes com uma garrafa quebrada, na cabeça. Nada muito novo.
“Sente-se no sofá e olhe para mim, certo?” Sebastian jogou meu corpo no chão, andou pela sala. Ele estava descontrolado.

Algumas gavetas da estante foram reviradas, de dentro de alguma delas saiu uma arma.

Era hoje. Ele iria me matar. Um sentimento bom me invadiu, eu iria reencontrar meus pais, lembrei-me de Alice, eu poderia esperar algumas décadas para vê-la. O sofrimento iria acabar. Repassei minha vida inteira em poucos segundos. Eu estava pronta para ir.
“Olhe para mim, porra!” Eu estava triste sobre a última imagem que eu iria ver. Olhos claros me fuzilando. Corpo ereto, com a arma baixa, ela ainda não estava apontada para mim.
O choro foi descompassado e ininterrupto. Lágrimas gordas rolaram por minhas bochechas. Meu cérebro, um furacão.


Aos poucos as pessoas me olharam assustadas, nenhuma delas corajosa o suficiente para chegar perto de mim. Talvez eu tivesse cara de louca. Sem eu perceber uma mulher de rosto conhecido veio em minha direção, loira, alta, olhos azuis. Ela não podia ser humana, um andróide de tão bonita.

“Flozinha, o que há com você?” Ela, com uma voz doce e calma, perguntou.
“Eu não sei!” Falei a verdade, era tudo tão complicado. Fugir de Edward, não dar noticias à Alice, estar numa rua sozinha de madrugada.
“Você está com febre, você tem para onde ir?” Ela, delicadamente, me puxou da calçada. Em pé, ao seu lado, pude ver que com sua bolsa eu poderia comprar uma casa.
“Eu deveria te conhecer, certo?” Perguntei debilmente. Seu rosto era muito conhecido.
“Oh sim, claro! Eu sou Rosalie Halle, você deve me conhecer da TV, Can I help you?

Aquela era Rosalie Halle, do programa mais visto em toda América? Céus, eu estava, de fato, com febre.

“Eu não posso acreditar!” Falei ainda a encarando. Alice tinha que saber disto, nós passávamos nossas noites vendo aquele programa, vendo as pessoas contarem suas dores.
“Pois é, eu existo!” Ela disse sorrindo. “Então eu posso te ajudar?” Rosalie disse divertida.

Sem saber o que responder, eu não queria contar para ninguém tudo o que eu tinha passado, mas ela parecia ser uma boa pessoa. 
“Nós podemos comer primeiro?” Pedi envergonhada. Rosalie sorriu abertamente. 
“Claro! Burger king está bom para você?” Ela apontou para o drive do outro lado da rua. Antes de atravessarmos, alguém puxou meu braço. 
“Você é Bella Swan, não é?” Virei para saber quem era. Era uma montanha de músculos.
“Não, você se enganou!” Menti, vai saber o que aquele cara queria comigo. Ele me analisou de novo e tirou do bolso uma fotografia. Uma foto minha. 
“Mas você é idêntica a ela!” Ele mostrou com o dedo meu rosto na foto.
“Porque você tem uma foto minha?” Perguntei sem pensar.
Então ele me abraçou, apertado como um urso. “Então você é a Bella?” Ele quis saber de novo.
“Hmm, é, eu sou!” Falei ainda presa em seu abraço.

“Garota, Alice e Jasper estão loucos atrás de você! E eu, a propósito, sou Emmet!” Ele disse sorrindo e mostrando duas covinhas fofas.
Duas coisas eu pude perceber. Emmet estava preocupado comigo e Rosalie não tirava os olhos dele.



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