25 agosto 2016

Nova entrevista da Anna Kendrick para Telegraph

Com a estreia de “Mike and Dave” no Reino Unido, Anna Kendrick concedeu uma entrevista exclusiva para um dos maiores portais do conglomerado, o Telegraph.
Franca, severamente feminista e muito, muito engraçada – a estrela de Pitch Perfect, Anna Kendrick está em alta em Hollywood, um ego por vez. Bom, quando ela não esta deslizando na frente de Colin Firth, e isso enquanto o seu novo filme Mike and Dave Need Wedding Dates estreia no cinema, Scarlett Russell conhece ela.

Se você se pegou se perguntando porque a linda, super bem paga atriz de Hollywood que fala tanto de sexismo, Anna Kendrick tem um exemplo que ela quase não conta para ninguem enquanto conversamos sobre seu último filme, MaD.

Ela leu o roteiro do filme há um ano e imediatamente quis o papel da super mal educada e festeira Alice. “Depois de ter papéis como garotas cínicas tantas vezes, eu achei que seria divertido interpretar alguém tão….Eu estou procurando uma outra palavra que não seja tao feia, quanto estúpida, mas…estúpida”. Ela diz.

“Sexismo existe em Hollywood e é um problema. Mas mulheres de todo o mundo lidam com esse problema.”

A melhor amiga de Alice, Tatiana, é interpretada por Aubrey Plaza, sua melhor amiga também na vida real e ambas sabiam que iriam dominar os papéis de duas interesseiras, loucas por uma viagem com tudo pago pelos irmãos ricos Mike e Dave. Havia somente um problema: “Você precisa passar por todo um processo. Tivemos que esperar os homens serem escolhidos primeiro. Daí sim, pegamos os papéis que sabíamos que seriam nosso”.

É praticamente impossível pensar que uma atriz de sucesso como Anna – indicada a um Tony Awards com apenas 12 anos, um Oscar aos 24, protagonista da marca Pitch Perfect – teve que esperar a aprovação do diretor Jake Szymanski e dos atores (eventualmente atuados por Adam Devine e Zac Efron). Mas Anna nega qualquer deslize. “Nós sabíamos que tínhamos bagagem.” Ela diz. “Ao contrário do que pensam, eu gosto de deixar os homens pensando que estão no controle.”

As novas atrizes estão começando a chamar atenção para a indústria do sexismo

Anna pode até fingir que não está ligada no que está acontecendo, porém ao mesmo tempo ela não vai fingir que não aconteceu – ela é uma das novas atrizes que estão começando a chamar atenção para o sexismo. Começando pelo discurso de Patricia Arquette, pedindo igualdade no salário (do qual teve Meryl Streep apoiando e aplaudindo) indo até Jennifer Lawrence dizendo em como ela se sente quando os seus colegas de filme são pagos com salários maiores, as mulheres de Hollywood estão cada vez mais quebrando o silêncio e mostrando suas garras.

Claro que existem mulheres muito bem pagas e Anna está sendo muito bem paga nos seus trabalhos – mas isso não quer dizer que ela ficará calada – “Sexismo existe e é um problema bem grande” Ela diz. “Mulheres em todo lugar precisam lidar com isso – é um problema global. Resistir à diversidade é bizarro, mas é bom que alguns artistas estão trazendo este problema para que todos vejam. Espero que abranja todas as partes do mundo.”

Certamente as grandes estrelas de comédia de Hollywood como Tina Fey, Amy Schummer, Kristen Wiig e Melissa McCarthy, que fazem milhões com seus trabalhos, estão ajudando a acabar com esta questão de gênero. “Tina Fey é uma grande influencia para todo homem, mulher e criança e Amy Schummer é um gênio.” Ela diz.

“Grandes comediantes como elas pegam assuntos como sexismo e falam sobre isso de uma forma tão forte e confiante que você acaba concordando. Filmes de Bette Midler, Stand Up de Janeane Garofalo e The Catherine Tate Show sempre fizeram parte da minha vida. Mas hoje em dia os homens tem notado mais este tipo de coisa também e pensando: “Uau, mulheres na comédia, realmente existe.” E nós estamos dizendo: “Sim, nós sempre estivemos aqui. Você não havia percebido?”.

Como Kendrick se deu bem na comédia. Anna deveria, com certeza, se incluir no “Hall da Fama” da comédia. Os filmes da marca Pitch Perfect, onde ela é a personagem principal, estudante universitária e cantora de a capella, Beca, é um grande sucesso (mais de $300 milhões de dólares de lucro ao redor do mundo com um 3º filme vindo por aí, por sinal) e ela vem sendo hilária em todos os papéis que interpreta, incluindo uma ponta na saga Crepúsculo, e no filme Amor sem escalas, pelo qual foi indicada ao Oscar.

Em MaD, as cenas do casamento incluem drogas, fazer corrida de motocicletas e orgasmos – e isso somente nas cenas das meninas. Quando Zac e Adam foram chamados primeiro, através de um bate papo pela internet, todo mundo pensou que fosse mais uma daquelas comédias onde os meninos roubassem a cena, Anna explica. “E de repente eu e Aubrey fomos chamadas para fazer parte do filme e as reações foram algo como “ok, então é uma comédia para mulheres também”. Aquilo foi estranho. Ao invés de assumirmos que estávamos somente interpretando as acompanhantes estúpidas deles, pareceu finalmente que eles estavam nos levando mais a sério.

Como a sua forma de se auto depreciar a fez uma grande sensação nas redes sociais.

Existem riscos por falar em público as questões sobre sexismo. Lawrence descreveu esse problema todo de uma forma muito interessante: “Eu não queria ser vista como difícil ou mimada….Todo homem que trabalhei definitivamente não se preocupavam com isso.” Lawrence e Kendrick compartilham de uma solução bem parecida: elas são rápidas em debochar do próprio status de estrela e usam a questão de se auto-depreciar de uma forma inteligente, que não tem como alguém falar algo negativo sobre. Kendrick é também uma sensação nas redes sociais (5.7 milhões de seguidores no twitter e só vem crescendo) permitindo que ela se comunique com o mundo todo – mas a maioria das vezes, ela utiliza a rede para rir de si mesma, da indústria de Hollywood e de seus colegas.

No perfil de seu twitter, ela se diz “Pálida, estranha e muito muito pequena”. Um dos seus posts mais famosos inclui algo como: “UI – nunca vá a um filme em que Ryan Gosling apareça. Aparentemente se masturbar na última fileira parece ser algo que ainda consideram inapropriado.” Ou também “Eu sempre ouvi que Tom Cruise é cansativamente positivo e eu adoraria trabalhar com ele um dia. Eu acho que eu quebraria ele.”

Passando vergonha na frente de Colin Firth.

Em novembro, a coleção de dizeres e anedotas de Anna Kendrick, Scrappy Little Nobody, será publicada. “Tem muito de mim, tentando navegar nesse mundo de Hollywood e da minha época de escola”, ela diz. “Eu passo vergonha constantemente”, ela diz. “Eu estava em uma festa uma vez e comecei a contar para o Colin Firth uma história sobre assistir o filme Bridget Jones em um avião após eu tomar sedativos para dormir. Eu achei que a história estava se tornando cada vez mais engraçada, porém ele de repente perguntou: “Então o filme é mais engraçado quando você está sob o efeito de drogas?”. Eu fiquei tipo: “Não, não foi isso o que eu quis dizer. Esquece.” Eu deveria ser proibida de falar com as pessoas.” O fato é que Anna Kendrick é desarmadamente pequena e feminina, 1,57m e usando um lindo vestido Prada quando a conhecemos, talvez ajude ela a sair de tantos momentos vergonhosos. Mas ela tem um certo conflito no aspecto da publicidade de seu trabalho. “´É maravilhoso no início, estar amarrado aquilo. Mas de repente você é jogada em frente às câmeras e é mais maravilhoso ainda. É uma habilidade que ainda estou aperfeiçoando.”

Todo e qualquer sonho com relação a um grande casamento está deixado de lado (Anna namora Ben Richardson, desde 2014, quando eles se conheceram no set de Drinking Buddies). “Eu tenho ido a tanto evento chique, com vestidos chiques, que só a ideia de planejar algo do tipo, me cansa.” Ela diz. “Eu provavelmente me casaria no cartório, calçando um All Star. Felizmente, meu dia a dia é muito simples.”

Vida calma e evitando paparazzi.

Diferente de muitos colegas que estão sempre aparecendo nos tabloides, a vida de Anna é sempre calma e, raramente, ela é seguida por paparazzi em cada passo que da.

“Namorar alguém que não faz parte desta indústria ajuda muito. Não chama muita atenção. Eu agradeço por não ser Zac Efron. Mas se eu tivesse aquele abdômen e aquele bíceps os paparazzi com certeza iriam me seguir por todo canto.”

Seu próximo papel será mais uma coisa bem diferente do que ela costuma fazer: a voz de Poppy, na animação Trolls. “Eu fiquei muito surpresa quando me ofereceram o papel.” Ela admite. “Porque é um filme infantil e eu normalmente não sou muito cuidadosa com o que falo. Mas eles ficaram felizes que eu dei um ar meio psicótico para Poppy. E eu amo que consigo fazer estes papéis diferentes um do outro. A ideia de fazer somente um tipo de filme é chata e eu tenho vontade de gritar.”

Sem muito perigo com isso, com papéis nos dois últimos anos, ela fez de tudo, de uma zumbi em Life after Beth, até participar de um conto de fadas como Into the Woods. Este, em particular, sendo uma adaptação de Stephen Sondhein, um musical, foi um sonho realizado para a aclamada atriz e cantora que começou sua carreira na Broadway, com 12 anos no musical High Society.

“As crianças da Broadway me assustam.” Ela diz. “Eu sei que eu fui uma delas, mas estar entre estas crianças tão intensas e pensar: por que você esta tão preocupada com nomes de palcos e coisas do tipo? Vocês cheiraram cocaína? O que estaá acontecendo?”.

Lições de vida que ela aprendeu com George Clooney

Mas a experiência, ela diz, introduz a ética do trabalho que a faz crescer na carreira. “Eu tive minha primeira experiência de trabalho quando eu tinha 12 anos e, genuinamente, eu achava que jamais trabalharia de novo.” Ela diz. “Aquele sentimento ficou comigo. Quando eu estava filmando Up in the air, George Clooney me falou que vários atores sentem que quando as coisas estão indo bem para eles, sempre será assim – ou melhor. Mas não é assim que o mundo funciona. Aquilo me deixou mais ligada e que eu estava certa em ser um pouco paranoica, por isso eu nunca estou 100% confortável. Isso é o que me faz continuar. Pessoas que se dão muito bem, são aquelas que não estão sempre 100% certas do que estão fazendo.”

Mas após tantas palavras moderadas e sensíveis, a rebelde Anna não resiste a uma frase final: “A não ser que eles sejam loucos e tudo o que acontece com eles seja sempre perfeito. Mas eles que vão se ferrar”.

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