Autora(o): Juliana Dantas
Contatos: @JuRobsten;
Gênero: Romance, drama, Mistério, universo alternativo
Censura: +18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
**Atenção: Esta história foi classificada como imprópria para menores de 18 anos.**
**Pov Edward**
–O senhor está bem?
O homem perguntou me olhando de forma esquisita e eu passei a mão pelos cabelos nervosamente, só agora reparando que meus dedos estavam trêmulos.
O mundo tinha parado de girar.
E minha mente apenas tentava registrar num nível plausível, a afirmação do porteiro a minha frente.
Isabella Swan grávida.
Bella. A mesma garota de máscara daquele clube.
A babá dos filhos de Rosalie que fugia de mim.
A mulher com quem eu dormira na noite passada.
Grávida.
Ou ao menos era o que aquele homem dizia com toda convicção.
–Senhor Cullen? – ele insistiu e eu respirei fundo.
–Sim... Estou. – respondi aturdido.
–Não me parece bem. Quer subir até o apartamento da senhora Rosalie? Eu tenho chaves aqui, se precisar.
–Sim, eu gostaria. – falei.
Eu queria ver com meus próprios olhos o lugar em que supostamente Bella vivera.
Enquanto estivera grávida.
E enquanto o porteiro me dava as chaves e me explicava o número do apartamento, eu me deparei de novo com a inexorável pergunta.
Cadê o bebê?
Porque se mulheres engravidam, elas têm bebês.
Mas tudo era tão estranho e bizarro...
Como se ainda não fosse verdade.
Talvez não fosse mesmo.
Simplesmente não fazia sentido
Eu não sabia o que pensar enquanto subia pelo elevador e percorria o corredor até o apartamento de Rosalie.
Abri a porta e me deparei com um lugar bonito.
Móveis caros, decoração elegante.
Caminhei pelo apartamento vazio, imaginando Bella vivendo ali.
Por quê? Por que Bella vivera naquele apartamento que pertencia a Rosalie?
Da onde elas se conheciam?
Parei ao lado de uma mesa ao ver uma agenda.
Havia alguns números ali. O de Rosalie entre eles.
E o de um médico.
Peguei meu celular e disquei.
Uma voz feminina atendeu, usando o nome de uma clínica.
–Em que posso ajudar?
Passei o nome do médico e pedi para falar com ele.
–Infelizmente será impossível, ele está afastado da clínica.
–E sabe onde posso encontrá-lo?
–No momento ele está de férias em outro país. Mas temos outros médicos...
–Tudo bem. Obrigada.
Desliguei, me sentindo frustrado.
E agora?
Eu podia voltar para casa e confrontar Bella.
Era o óbvio a fazer.
Mas algo me impedia.
Eu queria ir fundo naquela história.
E ela mentia.
E Rosalie também mentia.
Eu ainda não sabia a proporção que chegavam as mentiras, mas a ilusão era clara.
E eu iria descobrir.
Saí do apartamento e disquei novamente o número da clínica, pegando o endereço.
Era uma maternidade.
Eu me senti tonto.
Aquilo que me parecia absurdo e bizarro, agora tomava contornos reais.
E enquanto dirigia para a clínica em busca de respostas, eu tentava raciocinar.
Tentava achar um sentido.
Mas minha mente dava voltas sem chegar a lugar algum.
Em completa estática.
Era como estar em um pesadelo.
E eu estava esperando acordar a qualquer momento e ver que tudo aquilo não passava de absurdo.
Parei o carro e desci, entrando na clínica.
Perguntei pelo medico e me disseram a mesma coisa. Ele havia se afastado há alguns meses.
Parece que estava tirando longas férias no exterior.
–Eu preciso de informações sobre uma paciente, o nome dela é... Eu ia falar Isabella Swan, mas mudei de ideia. Eu nem ao menos sabia se Bella tinha mesmo passado por aquela clínica. – Rosalie Cullen.
A moça me olhou desconfiada.
–Não podemos passar informações sobre nenhum paciente, senhor, sinto muito.
Passei a mão pelos cabelos, frustrado.
–Eu entendo, mas se eu puder falar com o responsável, sou irmão dela. Meu nome é Edward Cullen. – eu retirei um cartão da carteira e lhe passei.
Ela pareceu surpresa e se virou, falando baixo ao telefone.
E quando me encarou tinha um sorriso muito mais cordial no rosto.
–O senhor pode subir até o terceiro andar. Lá o encaminharão para o médico responsável pela clínica agora.
Eu queria dizer que estava aliviado, mas não era o que sentia no momento.
Eu sentia as paredes se fechando a minha volta.
Ao chegar no andar, uma recepcionista me aguardava.
–Senhor Cullen?
–Sim.
–O senhor pode me acompanhar, por favor.
O corredor branco e insípido estava em silêncio e eu a segui até uma sala próxima.
Um homem de meia-idade me cumprimentou e se apresentou como o diretor da clínica.
–É uma surpresa receber um de vocês por aqui.
Franzi a testa.
–O que quer dizer?
–Eu não sei se o senhor sabe que nós recebemos uma substancial doação das Empresas Cullens, já há vários meses.
Eu ia dizer que não fazia ideia, mas me calei.
–Claro... por isto mesmo achei que o senhor poderia me ajudar com algumas informações.
–Sim, em que posso ser útil?
–Creio que minha irmã deu à luz neste hospital, o nome dela é Rosalie Cullen.
–Bom, eu não a conheço. Trabalho aqui desde que o médico anterior pediu um afastamento. Ele recebeu uma herança e resolveu viajar.
–Entendo.
–Mas qual informação precisa? Posso pedir para olharem nos arquivos.
–Na verdade o que preciso é saber se outra pessoa também passou por esta clínica. O nome dela é Isabella Swan.
O médico pareceu estranhar o pedido.
–Achei que queria saber sobre sua irmã. Nós não costumamos abrir arquivos de pacientes, senhor Cullen...
–Ela é da família também. – menti.
–Bom, e está ocorrendo algum problema? Com a criança, ou a mãe? – indagou cauteloso.
–Na verdade é uma questão delicada. De família. E eu apenas agradeceria se me confirmasse se esta moça teve passagem neste hospital e em qual circunstância. Faria isto como um favor? Afinal, nossa família contribui muito com vocês...
–Tudo bem, acho que podemos fazer isto. – concordou, se levantou e saiu da sala, voltando minutos depois trazendo uma pasta.
–Infelizmente acho que não poderei te ajudar. Não há nenhum registro de Isabella Swan nesta clínica.
–O senhor tem certeza?
–Absoluta. Não consta nada nos arquivos. Mas encontrei os prontuários de sua irmã. Ela fez o parto de gêmeos aqui há quase seis meses.
–Sim, isto eu sei. – murmurei.
Então era mentira? Toda a história do porteiro seria apenas uma confusão?
–Há mais alguma informação que precise?
–Não. – eu me levantei. – Muito obrigada.
Eu saí da sala ainda atordoado, caminhando pelos corredores meio sem rumo e parei ao me ver em frente a uma parede de vidro onde se via vários bebês recém-nascidos.
–Algum deles é seu? - eu olhei para o lado e vi uma enfermeira sorridente.
Balanceia cabeça negativamente.
–Não... Estou apenas... Minha irmã teve bebês aqui. Um casal de gêmeos. – expliquei.
–Eles ainda estão aqui? – ela franziu a testa. – Não temos nenhum gêmeo no momento.
–Não, foi há alguns meses, cinco meses, acho...
–Ah, entendi. Qual o nome deles? Provavelmente eu me recordo. Não é todo dia que nascem gêmeos.
–Sophie e Noah... Cullen.
–Claro, eu me lembro. Cabelos claros e olhos escuros, eram adoráveis. Uma pena a mãe verdadeira deles não poder ficar com eles...
Eu senti um baque.
Mãe verdadeira?
E antes que eu pudesse indagar do que ela estava falando, continuou.
–Ela parecia tão triste. E tão jovem... o senhor é irmão dela?
–Minha irmã chama Rosalie Cullen. – falei, tentando ouvir minha própria voz por cima do zunido em minha cabeça - Ela é loira. E os bebês de quem estou falando são filhos dela.
–Oh, claro. Acho que me lembro. Muito bonita e elegante. A moça que adotou os bebês... Mas pensei ter ouvido o senhor dizer que ela deu à luz aqui...
O zunido no meu ouvido aumentou de forma alarmante, enquanto minha mente processava as palavras da enfermeira.
Mas tudo parecia, como antes, um emaranhado de informação absurda.
Mas como antes, no final das contas, eram as mesmas informações.
Uma completava a outra.
O porteiro havia dito que Bella estava grávida.
E aquela enfermeira estava dizendo que ela tivera gêmeos.
Que foram adotados.
Adotados pela minha irmã.
Simplesmente não era possível.
Era absurdo demais.
Era terrível demais.
Tentei buscar respostas plausíveis...
Tentando achar brechas naquela história sem sentido.
O médico não encontrara nenhuma ficha de Isabella Swan naquele hospital.
Como é que aquela enfermeira podia estar falando a verdade?
Na minha mente um alarme soou.
Onde estava o médico responsável na época?
Viajando. Recebera uma herança.
Herança?
A família Cullen dava somas substanciais para o hospital.
Dinheiro comprava tudo.
Até mesmo apagar alguns arquivos e tirar de circulação um médico mau-caráter que aceitava mentir em troca de dinheiro? Dinheiro este que lhe custearia uma longa viagem de férias ao exterior?
Mesmo assim... Eu vira minha irmã grávida.
Todos nós vimos.
Mas o porteiro disse que ela não estava grávida, me lembrei agora.
Isabella Swan sim.
Rosalie não podia ter filhos. Até engravidar dos gêmeos.
Emmett disse que eles não dormiam juntos durante a gravidez.
Todos da minha família estavam na Europa quando os bebês nasceram.
Desde o primeiro dia Isabella Swan estava com eles.
Se o que esta enfermeira estava falando era verdade.
Se o que aquele porteiro contara era verdade.
Isabella Swan estivera grávida.
E tivera gêmeos.
Bebês de cabelos claros e olhos escuros. Como chocolate.
Os olhos dos gêmeos voltaram a minha mente.
Olhos incríveis. Inesquecíveis.
Como os de Bella.
Meu estômago se contraiu de horror.
Mentiras.
Rosalie mentira.
Para Emmett.
Para nossa família.
Era cruel demais para acreditar, mas não havia dúvidas.
Rosalie não tinha filhos de verdade.
Eram filhos biológicos de Isabella Swan.
E por algum motivo, as duas se uniram naquela mentira.
E então eu não podia mais fugir da principal pergunta.
Se Bella era a verdadeira mãe dos gêmeos.
Quem era o pai?
E sabia a resposta.
E por um momento foi mesmo como sentir uma dor quase física.
A extensão de toda aquela história sórdida e terrível me atingindo como um soco no peito.
Noah e Sophie.
Os filhos de Rosalie e Emmett.
Meus sobrinhos que até pouco tempo eu nem ao menos conhecia.
Podiam ser na verdade meus filhos.
E de Isabella Swan.
Fechei os olhos com força, dominando a náusea.
Dominando todo o horror que aquilo me causava.
Eu precisava sair dali.
Precisava encontrar Bella.
E exigir todas as respostas.
Ou seriam confirmações?
Eu não saberia dizer.
Eu apenas precisava saber toda a verdade.
Por mais cruel e horrível que fosse.
**Pov Bella**
Eu estava ansiosa.
E nervosa.
Mas tentava aparentar calma e tranqüilidade enquanto voltava com Carlisle Cullen da consulta dos gêmeos.
Mas acho que não estava conseguindo ter sucesso, já que ele me encarou estranhamente, depois que deixamos os bebês no berço.
–Você parece preocupada, Bella.
–Não é nada... – desconversei, mas Carlisle não pareceu convencido.
–Estou com a impressão que está acontecendo alguma coisa nesta casa...
Eu o encarei, me sentindo cansada de toda aquela tensão.
–Rose e Emmett me demitiram.
Ele arregalou os olhos, surpreso.
–Mas por que eles fariam isto?
Eu mordi os lábios com força, sem coragem de contar toda a verdade.
–Isto terá que perguntar para eles.
Carlisle ainda pareceu que ia insistir, mas olhou relógio.
–Eu preciso voltar ao hospital, mas queria muito que conversasse comigo sobre isto. Ainda não estou entendendo porque Emmett e Rosalie fariam uma coisa destas. Você é uma ótima babá. Mas quando eu retornar à noite, podemos conversar.
–Claro. – falei ainda tensa.
Carlisle saiu e eu fiquei pensando que, quando ele voltasse, provavelmente Edward já saberia a verdade.
E talvez todos já soubessem também.
Fechei os olhos com força, sentindo um princípio de pânico.
Contar toda a verdade para Edward não seria fácil.
E pensar que depois muito provavelmente ele iria me odiar, doía.
Muito.
Na noite passada, tudo parecia fácil e perfeito.
Pela primeira vez eu sentira que não era apenas uma obsessão sexual que me ligava a ele.
Que não era apenas uma fantasia.
Era real.
Mas a mentira que eu estava vivendo também era.
Nada era fácil. Ou perfeito. Nunca fora.
Eu precisava contar sobre os bebês.
Mesmo que isto me custasse Edward.
Porque de qualquer maneira, eu nunca poderia ficar com ele em cima daquela mentira.
Nunca poderia aceitar o seu pedido. Ir embora com ele para a Europa. Viver com ele, seja como for, deixando os gêmeos ali com Rose.
Porque eu nunca poderia deixar meus bebês. Nem por Edward.
Eu só não sabia o que aconteceria depois que eu contasse tudo.
Eu tinha medo de saber.
Ouvi um carro estacionando em frente a casa e olhei pela janela, vendo o Volvo prata.
Meu coração acelerou.
Mil coisas passando pela minha cabeça.
Uma vontade de deixar tudo como estava, apenas aceitar mais um pouquinho do que Edward me dava.
Ver de novo aquele sorriso lindo no rosto dele, depois de me beijar de manhã com um bom dia.
Mas do que adiantaria? Era apenas adiar o inevitável.
Meu coração desacelerou quase a ponto de parar de um medo gelado, enquanto eu saía do quarto e descia as escadas para encontrar Edward entrando pela porta.
E então meu coração parou de vez por um instante ao ver seu olhar.
E eu acho que já sabia mesmo antes dele falar.
–Quando ia me contar que os bebês não são filhos de Rosalie?
Sua voz era carregada de uma mal contida fúria e eu ofeguei de horror.
–Que estes bebês são seus. – ele se aproximava enquanto falava, os olhos frios como gelo, assim como sua voz. – E meus.
Eu fechei os olhos lutando para respirar.
Ele já sabia.
Edward tinha descoberto tudo de alguma maneira.
Eu sentia o chão fugir dos meus pés.
Por um momento o ar pareceu suspenso, a tensão tomando forma quase física.
Me sufocando.
Abri os olhos.
–Você descobriu... – murmurei.
–Meu deus. – ele passou a mão pelos cabelos, frustrado, irado. – Como você e Rosalie foram capazes de algo tão sórdido, tão sujo?
Meus lábios tremeram.
–Edward, eu... posso explicar.
–Explicar? Acha que tem explicação pra toda esta nojeira sua e da Rosalie? Vocês passaram de todos os limites! – agora ele gritava a eu só podia me encolher, sem saber como começar a explicar.
De repente eu ouvi passos e como um borrão eu vi Rosalie, Emmett e Esme entrando.
–O que está acontecendo aqui? – Esme perguntou.
–Sim, por que estão discutindo? – Emmett perguntou. – Dá pra ouvir gritos de Edward desde lá de fora.
Meus olhos cruzaram com os de Rose e ela entendeu. Por um momento eu vi o mesmo horror em suas feições bonitas, mas em um segundo ela se recuperou e deu alguns passos em nossa direção, os saltos altos batendo no chão frio.
–Não é óbvio, Emmett? Edward está perturbando Bella, com certeza! – e ela se virou para Edward. – Eu já não pedi para você deixá-la em paz? Que coisa horrível de se fazer, Edward, ficar perseguindo a Bella, vamos Bella, vamos sair daqui...
–Vocês não vão a lugar nenhum. – Edward sibilou - Não sem antes esclarecermos toda esta mentira que inventaram.
–Do que está falando? Está maluco? – ela riu nervosamente. – Não sei o que está inventando agora, mas este negócio de ficar perseguindo a Bella está passando dos limites e eu vou tirar ela desta casa agora e...
–Cala a boca. – ele gritou e Rose se calou, se encolhendo por um momento.
–Hei, Edward, pára com isto. – Emmett se intrometeu, mas Edward continuou.
–Edward, filho, pelo amor de deus, se acalme! – Esme murmurou.
–Você vai contar a eles ou eu conto Rosalie? – Edward falou. – Vai ter a decência de contar toda a mentira que vem construindo junto com a Bella por todos estes meses?
Rose empalideceu, mas continuou com a mesma expressão.
–Não sei do que está falando...
Então aconteceu. Sem aviso a mão de Edward estapeou Rose uma vez, em seu rosto.
Foi rápido e tão assustador que por um momento ninguém foi capaz de se mexer.
Rosalie colocou a mão no rosto, horrorizada e Emmett se aproximou.
–Ei, Edward, o que está fazendo? – gritou enfurecido.
–Ela merece isto e muito mais! – Edward falou no mesmo tom e Emmett empurrou Edward.
–Não vou deixar você bater nela!
–Pare com isto vocês dois! – Esme se colocou entre eles. – Pelo amor de deus, o que está acontecendo aqui? Por que bateu na Rosalie, Edward?
Edward fitou Rosalie, que ainda tremia, os olhos vermelhos em choque.
–Conte a eles! Conte o que você fez! A mentira horrenda que inventou, conte que você nunca esteve grávida, que aqueles bebês lá em cima nunca foram seus, e sim da Bella!
–O quê? Que diabos está falando, Edward? - Emmett indagou aturdido.
–Não está falando nada! Ele está inventando alguma história. – Rose começou e Edward a parou.
–Vai continuar mentindo? Acabou Rose. Acabou esta sua vida perfeita construída em cima de mentiras!
–Edward do que está falando? – Esme indagou.
–O que vocês ouviram. Noah e Sophie não são filhos de Rosalie.
–O quê? – Esme e Emmett disseram ao mesmo tempo.
–Rosalie inventou tudo. Mentiu este tempo inteiro. Ela e Bella.
–Isto é absurdo. – Emmett murmurou. – Está maluco, Edward. Da onde tirou esta história?
Edward apontou para mim.
–Pergunte para a Bella, então. Pergunte quem é a mãe verdadeira dos gêmeos.
Eu estremeci, quando todos os olhos se prenderam em mim.
Os olhos de Emmett e Esme descrentes, chocados.
Edward enfurecido.
E Rosalie implorando.
Ela implorava com o olhar para que eu nada revelasse.
Que eu dissesse que Edward estava maluco e que os bebês eram dela.
Mas eu não podia mais.
Tínhamos ido longe demais.
Uma lágrima solitária rolou por meus olhos, quando respirei fundo e falei.
–Eles são meus filhos.
De novo um silêncio pesado recaiu sobre a sala, mal se ouviam as respirações.
Emmett se virou para Rosalie, em choque.
–Rosalie, do que ela está falando?
Rosalie me fitou com raiva. E eu tinha certeza que a vontade que ela tinha neste momento era de me bater, como Edward havia batido nela.
Eu estava quebrando minha promessa.
Rompendo nosso acordo.
Revelando nosso maior segredo.
–Não podemos mais mentir, Rose...- murmurei.
Mas ela se virou para Emmett.
–Bella está obcecada pelos bebês. Esta é toda a verdade. Ela está enfurecida porque eu a demiti. E agora está inventando esta historia ridícula de que são filhos dela!
–Rosalie! – murmurei chocada e ela me encarou com um olhar condescendente.
–Eu sinto muito, Bella. Eu sei que ama os bebês como se fossem seus, mas inventar uma mentira destas para o Edward... como pode?
–Cala a boca, Rosalie! – Edward a parou. – Não foi a Bella que me contou. Eu descobri. Eu contratei um detetive para investigar Bella, não se lembra Emmett? – ele falou. – E ele descobriu que ela viveu aqui num apartamento da Rosalie e que supostamente trabalhava nas empresas Cullens. Eu te perguntei sobre isto hoje de manhã.
–Sim, perguntou, mas... Bella nunca trabalhou lá e Rose me disse que isto está errado, Bella nunca morou num apartamento dela...
Edward riu ironicamente.
–Claro que ela ia mentir. Apenas mais uma mentira no meio de tantas piores! Sim, Bella nunca trabalhou nas empresas Cullens, mas ela morou sim num apartamento da Rosalie. Eu estive lá hoje de manhã. Eu conversei com o porteiro que tinha muitas coisas difíceis de acreditar para dizer. E o mais estranho era que Isabella Swan estava grávida quando morou lá e recebia a visita constante de Rosalie Cullen, que segundo o porteiro, nunca esteve grávida.
–Isto é ridículo... – Rosalie murmurou.
–Pode negar, Rosalie, mas se Emmett quiser ele pode ir agora lá e ter a mesma conversa com este porteiro. Ou melhor, ele pode ir à clinica onde os gêmeos nasceram e ter uma conversa interessante com uma enfermeira que conheceu Isabella Swan quando ela esteve lá há cinco meses e deu à luz a gêmeos, que ela lembra até dos nomes. Noah e Sophie. E também pode dizer para você que Isabella Swan deu os bebês em adoção para Rosalie Cullen.
–Isto é tudo mentira! – Rosalie gritou e encarou Emmett. – Emmett, não pode estar acreditando neste monte de bobagem!
Emmett parecia em choque quando me fitou.
–Bella, isto tudo é mentira? Fale para o Edward que são mentiras.
–Eu sinto muito, Emmett, mas é tudo verdade. – murmurei.
Emmett respirou fundo.
–Mas não pode ser! Rose esteve grávida, Edward, você mesmo viu! Como isto é verdade! OK, Bella pode ter tido filhos, mas não são os meus e de Rosalie!
–Sim, claro que é um monte de mentira! – Rose disse. – Se você foi nesta clínica, sabe que eu dei à luz lá sim, tem meus registros lá!
–Sim, tem, eu vi com meus próprios olhos, mas obviamente isto é fácil de conseguir quando você faz doações em dinheiro ao hospital regularmente e ainda pagou muito bem ao médico para encobrir vocês, tanto que ele está agora em alguma praia por aí, gastando o dinheiro!
–Por que está fazendo isto, Edward? Esta história é ridícula! Sophie e Noah são meus!
–Sim, Edward, pare agora com isto! - Emmett falou. - Não sei porque esta enfermeira e este porteiro iam inventar estes absurdos, mas...
–Sim, por que eles inventariam? Você não achou esquisito Emmett, que você tenha passado meses dormindo separado de Rosalie, sem fazer sexo com ela, sem ao menos vê-la nua? Você pode me dizer que a viu grávida e nua alguma vez? Eu duvido que tenha visto, porque ela inventou esta gravidez! E quando os bebês nasceram, não havia ninguém presente, não é? Não foi ela que insistiu que deveriam viajar para a Europa, todos vocês, mesmo ela podendo a dar à luz a qualquer momento? E quando voltaram, os bebês já estavam nesta casa, assim como Rosalie. E Bella também não estava? E não esteve desde então?
–Meu deus do céu. – Esme murmurou e eu percebi que neste momento ela finalmente estava acreditando em tudo.
Eu me sentia como se estivesse num sonho ruim e fosse acordar a qualquer momento.
–Então não acha que tudo faz sentido agora? Eu também não pude acreditar, eu também a vi grávida, eu também achei absurdo. Mas é impossível negar agora, Emmett, eu sinto muito, eu estou tão chocado e enojado com esta mentira de Bella e Rosalie como vocês! – Edward terminou esta sentença com uma dor tão pungente na voz, que naquele momento eu quis desesperadamente voltar no tempo e nunca ter concordado com aquela farsa.
–Bella? – Emmett me encarou de novo, como se ainda esperasse eu negar aquilo que ele mesmo já tinha entendido.
Eu suspirei.
–Me desculpe. Nunca deveria ter feito isto, eu... só queria o melhor para os bebês, por isto eu os dei para Rosalie...
–Não são seus filhos! - Rosalie gritou. - Você é louca!
Eu me encolhi ainda mais.
–Rosalie, chega! - pedi cansadamente. – Vai ser melhor assim... chega de mentiras...
–Mentira é o que você está contando agora! – ela encarou Esme, Emmett e Edward. – Não podem mesmo acreditar nisto.... são meus filhos... meus...
–Tudo bem, Rosalie, pode negar. – Edward falou friamente. - Um DNA pode resolver isto facilmente!
–Não vou permitir...
–Vai sim! Porque estes bebês que diz serem seus, são meus!
–Meu deus, como assim? – Esme indagou, parecia branca feito papel.
–Você está louco! Como ela! – Rose gritou. – Mas não vou deixar que levem esta história ridícula adiante!
–Se tem algum insano aqui é você, que insiste numa mentira!
–Chega. – Emmett disse por fim, parecendo sair do transe que estava. – Sim, vamos esclarecer esta história. Pode pedir para fazer o DNA, Edward.
E sem mais ele saiu da sala.
Rosalie o seguiu.
–Emmett, amor, por favor, vamos conversar...
As vozes foram se perdendo no corredor.
Edward me encarou.
Seu olhar era duro e frio.
–Agora nós precisamos ter uma conversa.
Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ouvi o choro dos bebês.
–Eu preciso ver os bebês. – murmurei, saindo da sala e subindo as escadas rapidamente.
Rezando para que Edward não fosse atrás de mim.
Eu queria tentar me acalmar primeiro antes de finalmente poder dar as respostas que ele queria.
E não queria que isto acontecesse agora que eu precisava cuidar dos bebês.
Entrei no quarto e os dois choraram, como se pressentissem a tensão dos adultos.
Mas eram só crianças inocentes.
E agora a única coisa que interessava era que precisavam de cuidados.
Eu os peguei do berço, os acalmando e troquei as fraldas sujas e depois os coloquei no berço de novo, agora mais calmos.
De repente a porta se abriu e Rosalie entrou.
Estava pálida e abatida com um olhar perdido e vermelho de chorar.
Eu queria sentir pena dela. Afinal, talvez fosse quem mais estivesse perdendo.
Eu sabia desde o começo que se esta história viesse à tona, Rosalie estaria perdida.
E era o que estava acontecendo.
Mas eu também me lembrava que, para se defender, ela tinha me atacado.
–Como pôde me chamar de louca. – murmurei em tom acusatório, quando ela se aproximou.
–O que eu podia fazer? Por que não negou tudo?
–Ele já sabia de toda verdade, do que adiantaria negar?
–Você tinha que negar até o fim! Era nosso segredo, Bella... e agora... está tudo ruindo.
–Talvez seja melhor assim.
–Melhor? Emmett vai me odiar! Minha família vai me odiar.
– Eu sinto muito... O que Emmett disse?
–Eu tentei convencê-lo de que tudo é mentira... mas ele já não acredita muito em mim. Fica pedindo pra eu dizer a verdade... Ele me olha com desconfiança...
–E... Edward?
–Acho que estava contando tudo a Esme...
–O que vai acontecer agora? – indaguei num fio de voz.
–Eu não sei... sinceramente não sei... estou me sentindo tão cansada... eu preciso pensar.
Ela se levantou e saiu do quarto.
Não sei quantas horas passaram. Eu permaneci no quarto com os gêmeos.
Eu fiquei ali sozinha, tentando não ter medo do amanhã.
Tentando me convencer de que estava tudo melhor agora que não existiam mais mentiras.
Mas estava difícil de convencer.
Eu só me lembrava dos olhos frios de Edward a me encarar.
Até que Carlisle Cullen entrou no quarto.
–Eu vim colher material dos gêmeos e seu para o exame. – disse sem me encarar.
Sua postura era fria e profissional.
Deveria estar me odiando agora também.
–Claro. – falei com voz sumida.
Silenciosamente ele colheu fios de cabelos, meus e dos bebês e saiu do quarto sem falar nada.
O dia terminou e a noite desceu. Os bebês adormeceram.
Eu me sentei, encolhida no sofá, com uma imensa vontade de chorar.
Me sentindo tão infeliz e sozinha como quando descobrira que estava grávida.
Até que de repente a porta se abriu e Edward entrou.
Eu me sentei direito o fitando receosa.
Meu coração se apertou ao ver que ele ainda me encarava de maneira fria e distante.
Mas o que eu podia fazer? Eu deveria saber que a verdade não seria fácil para ninguém.
Ele passou direto por mim e foi até o berço e observou os gêmeos.
Os minutos se passaram, arrastados, tensos.
Eu me perguntei o que ele estaria pensando.
Como encararia esta mudança de status dos bebês.
Não eram mais os filhos de Rosalie e Emmett.
Não eram mais apenas seus sobrinhos.
Agora eram seus filhos.
Será que Edward tinha esta consciência?
E como será que ele se sentia em relação a isto?
–Eu ainda custo a acreditar. – murmurou por fim e eu respirei fundo me levantando.
–Eu sinto muito, eu... eu queria te contar...
Até que ele finalmente se virou e me encarou com um olhar não mais glacial e sim em chamas.
Era raiva pura.
–Ia? Acha que eu acredito nisto, Bella? Quantas oportunidades teve depois que nos reencontramos aqui?
–Eu... realmente não pensava em te contar... antes. – murmurei. – Eu não podia. Não era um segredo apenas meu, era de Rosalie também.
–Sim, eu custo a acreditar até agora na sordidez de Rosalie em inventar todo este castelo de mentiras! Em enganar a todos, enganar ao próprio marido!
–Ela queria ter um bebê. – nem sei porque tentava justificar as ações de Rosalie.
No fundo, eu mesma sabia que não tinha justificativa e que Edward tinha toda a razão de estar com raiva.
–E você Bella, por que fez isto?
–Eu fiquei em choque quando descobri que estava grávida... eu nunca pensei... eu ainda me martirizava por aquela noite no clube, mas nunca, nunca.... – respirei fundo me lembrando de toda a dor e confusão que eu sentira na época. - E então eu estava grávida e nem fazia ideia do nome do pai dos bebês. Você não pode imaginar como eu me senti... e aí encontrei Rosalie. Numa clínica que eu estava decidida a fazer um aborto. – confessei.
–Então ia fazer um aborto? – não havia emoção na voz de Edward. – Por que mudou de ideia?
–Rosalie disse que não podia ter filhos e queria criar o meu.
–Isto eu posso entender, que ela quisesse adotar um bebê que a mãe não queria...
–Não fale assim! Não fale como se eu não quisesse o bebê que esperava.
–Disse que ia fazer aborto e depois você os deu para Rosalie montar seu teatrinho!
–Eu não sabia! Não no início! Eu concordei em dar o bebê em adoção a Rosalie e me mudei para Chicago, abandonando a faculdade temporariamente. E eu já estava com 6 meses quando descobri que ela estava enganando a todos, que iria dizer que os bebês eram mesmo dela. No começo eu fui contra. Eu achei que ela iria adotá-los. Nesta época eu já sabia que seriam gêmeos...Mas eu estava perdida. Eu não sabia o que fazer... Eu não podia criá-los sozinha, eu nem sabia o seu nome! E Rose queria tanto ter filhos... Pareceu tão certo no momento.
–Você achou certo ela enganar a todos? Achou certo permanecer aqui e participar desta armação?
–Eu sei que foi errado. E eu nunca deveria ter ficado aqui. O combinado era eu ir embora e continuar minha vida depois que os bebês nascessem.
–E por que ficou?
–Rosalie não sabia lidar com eles. E me pediu para ajudar... e eu acabei ficando. E o resto você sabe, eu me tornei a babá dos gêmeos.
–Babá dos próprios filhos. – Edward murmurou, amargo. – Muita coisa eu entendo agora...
–O que vai acontecer? – indaguei num fio de voz.
–Isso nós veremos depois dos exames. – ele disse friamente e eu senti medo.
–E quando será isto?
–Está sendo realizado em caráter de urgência, então fica pronto em 24 horas.
Amanhã, pensei.
Amanhã seria o fim definitivo da farsa.
Eu estremeci.
Edward passou a mão pelos cabelos, com uma expressão frustrada.
Eu quis dizer tantas coisas. Quis perguntar se ele entendia porque eu tinha feito aquilo.
Se ele seria capaz de me perdoar.
Mas eu tinha medo da resposta.
Por isto, nada disse enquanto ele se afastava e fechava a porta atrás de si.
Naquela noite, ninguém mais apareceu para ver os bebês.
Nem mesmo Rosalie.
E eu também não tive coragem de sair do quarto.
Então não fazia ideia do que estava acontecendo na casa.
Eu acabei pegando no sono ali mesmo, no sofá. E quando acordei no dia seguinte, me sentia dolorida e cansada.
Os bebês estavam tranqüilos e eu os troquei e amamentei.
Me sentindo feliz que meu leite parecia ter voltado, ao menos por enquanto.
Depois voltei para meu quarto e tomei banho. Minha imagem no espelho era péssima.
Eu me parecia com Rosalie no dia anterior. Pálida e com olheiras.
E minhas emoções estavam piores ainda.
Eu me sentia tensa e com medo.
Medo do que ia acontecer depois que os resultados saíssem.
Ainda não me sentia preparada para me deparar com nenhum dos Cullens, mesmo assim eu saí do quarto para ir à cozinha comer alguma coisa. Fome eu não sentia nenhuma, mas eu ainda estava amamentando, então era melhor me alimentar.
Ainda era cedo e eu me senti com sorte por não ver ninguém por ali, enquanto comia na cozinha.
Será que Edward estava na casa? Ou teria ido para seu apartamento?
Depois de comer, eu subi de volta e então ouvi gritos vindos do quarto de Rosalie e então a porta se abriu e Emmett saiu nervoso, indo em direção às escadas com Rose atrás dele.
–Em, por favor, me escute... Não pode ir assim...
–Não insista, Rosalie, estou cansado de discutir com você! – ele parou ao pé da escada.
–Sim, mas discute porque está acreditando nestes absurdos...
–Eu não queria acreditar! Mas está difícil!
–Por favor, Emmett, tem que acreditar em mim...
–Chega, Rosalie, os exames vão sair ainda hoje e então podemos dar um fim a esta história, é só o que eu quero!
–Mas você está indo embora...
–Acho que é o melhor a fazer.
E então ele saiu de casa batendo a porta.
Rosalie começou a chorar descontroladamente e Esme apareceu e a guiou até o quarto, segurando seus ombros.
Eu ainda permaneci ali, incapaz de me mexer até que Esme saísse do quarto.
–Ela está bem? – indaguei e Esme me encarou friamente.
–Não, não está.
–Esme, eu... me desculpa. Eu sinto muito por tudo isto.
–Sente muito? Minha família está em ruínas por sua culpa!
–Minha culpa...? – murmurei chocada, mas Esme já se afastava, me deixando sozinha.
Esme estava me culpando por tudo?
Eu voltei para o quarto dos gêmeos e permaneci lá, remoendo toda aquela situação.
Contando os minutos.
Querendo que o momento da revelação chegasse logo.
Ou que não chegasse nunca.
Já era noite quando ouvi o barulho do motor do Volvo estacionando.
Os gêmeos dormiam e eu saí do quarto.
Meu corpo inteiro tremia.
Ao chegar na sala, Esme e Rosalie estavam lá.
Esme ainda estava me lançando olhares glaciais que eu não entendia.
E Rosalie parecia estranhamente calma.
Quando Carlisle, Emmett e Edward entraram.
Parecia que estávamos todos reunidos ali para um velório.
–Saíram os resultados? – Esme indagou para Carlisle que tinha um envelope em mãos.
–Sim, saíram. – ele disse gravemente.
–E então?
Carlisle abriu o envelope.
Então nos encarou.
–Os bebês não são filhos de Rosalie e Emmett. – disse finalmente. – São filhos de Bella e Edward.
Por um momento ninguém falou. Ninguém respirou.
O ar à nossa volta parecia ter parado.
Então Rosalie se levantou.
–Não pode ser! – gritou. – Isto está errado!
–Rosalie, isto é incontestável. – Carlisle disse. – Por favor, chega de mentiras.
–Mas é impossível! - Rosalie insistia.
–Por que impossível, Rosalie? Achou que fosse manipular isto também? – Edward disse friamente. – Acha que eu não percebi que era isto que queria fazer? Eu disse ao Carlisle ficar de olho que você tentaria fazer a mesma coisa que fez com o médico que a ajudou quando os bebês nasceram. Nós sabemos que você esteve lá ontem à noite, no laboratório e achou que o tivesse convencido a forjar outros resultados.
–Não é verdade, eu...
–Chega, Rosalie. – Emmett disse com a voz inexpressiva. Parecia em choque. – Acabaram suas mentiras.
–Emmett, por favor... tem que entender... – ela começou a chorar, enquanto se agarrava nele. – Eu fiz isto por você, por nós! A gente queria ter um bebê, lembra? Eu queria que a gente fosse feliz....
–À base de mentiras? - disse, a empurrando. – Eu não conheço você, Rosalie... Neste momento eu tenho nojo de tudo o que fez. Estou indo embora.
E ele saiu da sala ignorando os gritos de Rosalie, mas ela foi atrás.
E todo mundo permaneceu ali na sala, ouvindo seus gritos pela casa.
Carlisle e Esme pareciam arrasados e Esme chorava silenciosamente.
Edward fitava a paisagem escura pela janela sem nada dizer.
E eu só me perguntava agora o que ia acontecer.
Minutos depois, Emmett passou por nós, segurando uma mala e a porta se fechou atrás dele.
Os gritos de Rosalie cessaram.
E então eu pude ouvir o choro das crianças.
Sem falar nada, eu subi para o quarto deles, ainda tremendo, enquanto os pegava no colo e os acalmava.
Demorou um tempo, até que eles finalmente parassem de chorar e dormissem.
Os deixei no berço e saí do quarto.
Eu não sei por que quis ir ao quarto de Rosalie naquele momento.
Mas foi o que eu fiz.
A porta estava escancarada e o quarto todo revirado.
Mas Rose não estava ali.
Ouvi o barulho de água escorrendo na torneira e a luz do banheiro acesa.
E quando entrei soltei um grito ao ver Rosalie com os pulsos cortados dentro da banheira.
Esme chorava desesperada e Edward estava no celular falando com a emergência.
–Rose, rose... por que fez isto? – Esme murmurava e eu queria consolá-la, mas não conseguia me mexer.
Era como ainda ver tudo vermelho na minha frente.
O sangue de Rosalie.
–Ela está viva? – murmurei.
–Sim, ainda tem pulsação, mas está fraca... – Carlisle falou.
O tempo de espera pela emergência pareceu uma eternidade e então, estavam levando Rosalie embora, muito pálida e desacordada contra os lençóis brancos.
E todos foram com ela, como se eu não existisse ali, fosse apenas uma sombra.
Meu corpo inteiro tremia quando finalmente consegui me refazer do choque.
Rosalie tinha tentado se matar.
Apenas deu tempo de eu dar alguns passos até o vaso sanitário e vomitar.
E depois eu me sentei sobre o chão frio e chorei.
Chorei por todos os erros que nós tínhamos cometido, chorei por toda a mentira que tínhamos inventado.
Rosalie tinha razão, estava tudo em ruínas agora.
Eu só não fazia ideia do quão tudo ainda poderia piorar mais.
Demorou horas para eu ouvir o barulho de carro estacionando e fui para a sala, querendo saber como estava Rosalie.
Carlisle e Esme entraram muito abatidos.
–Como está Rosalie? – indaguei.
–Está viva. – Carlisle respondeu.
Eu respirei aliviada.
–Ainda bem.
–E você o que está fazendo aqui? – Esme indagou friamente.
–Eu.... eu...
–Vá embora. Achei que você já tivesse alguma vergonha na cara e partido sem precisarmos pedir!
–O quê? – indaguei em choque. – Mas eu não posso ir embora...
–Bella, acho que Esme tem razão. – Carlisle disse. - Eu sinto muito.
–Estão me colocando pra fora? – murmurei.
–Acha pouco? – Esme indagou. – Depois de toda mentira que inventou com Rosalie, brincando com todos nós, acha que ainda temos que apoiar você aqui?
–Mas e os bebês? – eu sentia um zunido nos meus ouvidos.
–Nós cuidaremos deles. – Carlisle falou.
–Mas são meus filhos.
–Você os deu pra Rosalie, ou já esqueceu? - Esme falou friamente. – Mesmo com toda a sordidez desta história, eles pertencem à nossa família. Você abriu mão deles. E nunca deveria ter ficado aqui. Deve deixar esta casa imediatamente.
–Não podem fazer isto! – gritei. – Edward...
–Edward com certeza concorda conosco. – Esme esbravejou. – Ele que foi o mais enganado por vocês duas! Acha que ainda vai querer ver você por perto?
–Por favor, Bella, não torne a situação mais difícil. – Carlisle falou cansado. – Apenas arrume suas coisas e vá embora. Será melhor para todos.
E eles viraram as costas para mim.
Eu mal conseguia respirar enquanto subia as escadas, meus pés pesando como chumbo.
Meu coração arrebentado no peito.
Os Cullens estavam me escorraçando.
Estavam me mandando embora.
E deixasse os bebês.
Meus bebês.
De alguma forma eu entendia a posição deles.
Sim, eu abrira mão dos gêmeos para Rosalie.
E nunca deveria ter ficado ali naquela casa.
Mas eu fiquei.
E me arrependia agora do momento em que concordara em dá-los para Rosalie.
E me arrependia muito mais de ter concordado com toda aquela farsa.
Agora estava tudo ruindo.
E como é que eu podia ir embora e deixá-los para trás?
**Pov Edward**
Eu nunca me sentira tão cansado e arrasado na minha vida.
As últimas 24 horas tinham sido as mais extenuantes e terríveis horas.
Primeiro eu fora do céu ao inferno, ao descobrir, depois de achar que finalmente poderia ficar com Bella, que ela simplesmente estava junto com a minha irmã numa mentira sórdida que envolvia duas crianças que na verdade eram meus filhos.
Meus filhos.
Ainda era surreal demais usar esta determinação.
Noah e Sophie, bebês que eu mal vira até agora.
Meus sobrinhos.
Eram meus filhos. Meus e de Bella.
Eu quase podia sentir minha cabeça explodir.
E eu nem podia parar para lidar com esta nova realidade, porque eu ainda tivera que revelar tudo para Emmett e para meus pais.
Confrontar Rosalie e ainda vê-la negar, só complicara tudo ainda mais.
Mas eu deveria saber que não seria fácil.
Se ela fora capaz de ir tão fundo a ponto de inventar toda uma gravidez imaginária, ela não iria desistir tão fácil.
E saber que minha própria irmã fora capaz de um ato destes doía.
E eu nem sabia o que doía mais. Saber que Rose enganara todo mundo, mais ainda a mim, era horrível.
Ela deveria ter enlouquecido quando descobrira que eu era o pai dos gêmeos.
Na verdade nenhuma das duas contava com isto.
Agora eu entendi porque Bella fugia tanto.
Não era só pela forma que nos conhecemos no clube.
Ela tinha medo que eu descobrisse dos bebês.
Mas eu descobrira. E nada mais poderia ser o mesmo.
A farsa de Rose tinha acabado. Minha família estava arrasada.
O casamento de Rosalie acabado.
E agora ela atentara contra a própria vida.
O que poderia acontecer de pior?
E agora eu a deixara lá no hospital com Emmett, que apesar de tudo o que ela aprontara, correra para seu lado ao saber da tentativa de suicídio e estava arrasado.
Eu não sabia como as coisas seriam agora.
Rosalie iria ficar bem, pelo menos fisicamente.
Eu já não saberia dizer emocionalmente.
Eu não saberia dizer como nenhum de nós iria ficar na verdade.
E haviam duas crianças envolvidas.
Crianças que até agora tinham pais, mas que não eram seus pais de verdade.
E o que poderia ser feito quanto a isto?
E Bella? Como tudo ficaria agora?
Eu ainda não conseguia pensar racionalmente, quando estacionei o carro em frente a casa dos meus pais e saltei.
Eles estavam na sala e pude ver que meu pai falava ao telefone, minha mãe ainda tinha marcas de choro no rosto.
–Como estão as coisas aqui? – indaguei.
–Como poderia estar? Estamos em choque ainda...
–Eu sei. Com quem papai está falando?
–Com Jasper. – Carlisle desligou e respondeu. – Ele e Alice estão voltando o mais breve possível. Também estão passados com tudo.
–Emmett ficou com Rosalie.
–Ainda bem que ela voltou... Tudo isto é tão triste. – Esme suspirou.
–E onde está Bella? – indaguei, e eles trocaram um olhar.
–Nós pedimos que ela fosse embora, Edward. – Carlisle respondeu.
–O quê?
–Será melhor, filho.
–Vocês não deveriam ter feito isto!
–Mas o que poderíamos fazer? – Esme disse. – Como ela podia ficar aqui ainda depois de tudo?
–Ela é a mãe das crianças.
–Ela deu as crianças a Rosalie. – Carlisle falou com cuidado.
–As duas mentiram o tempo inteiro!
–Sim, mas isto não ameniza o fato de que Bella sempre teve a intenção de dar os bebês. Rose nunca devia ter mentido, dizendo que eram dela. Devia apenas tê-los adotados legalmente...
–Sim, isto todos nós sabemos, mas a questão é que estes bebês são meus agora também!
–Então você vai tirá-los de Emmett e de Rosalie?
Eu passei a mão pelos cabelos, frustrado.
Sim, o que eu ia fazer?
Eu não tinha a menor ideia.
–Eu não sei... eu não consigo pensar em nada agora, mas... acho que eu deveria ficar com eles sim. Rosalie está totalmente desequilibrada, é triste dizer isto, mas é verdade. Não é natural fazer o que fez, inventar toda esta mentira... Como posso deixar os bebês com ela? – enquanto falava a decisão ia se delineando em minha mente.
Sim, eu não podia deixar os bebês ali.
Eles iriam comigo.
–E Bella também vai. – falei, chocando meus pais.
Eu me levantei.
–Edward, pense bem...
–Eu já decidi, eles vão comigo.
Eu subi as escadas e enquanto ia para o quarto dos bebês, tudo parecia simples e claro agora.
Eu não saberia dizer o que aconteceria daqui pra frente, mas aqueles bebês eram meus filhos e iriam comigo.
E Bella era mãe deles.
E por mais que só estivesse naquela casa como babá, fora ela quem criara os bebês até agora.
Eu não sei se a perdoava pela mentira.
Mas agora teríamos que pensar pelos bebês.
Abri a porta do quarto e entrei.
E então estaquei.
O quarto estava vazio.
Nem os bebês nem Bella estavam ali.
Fui até o quarto dela e também estava vazio.
De repente uma desconfiança gelada me dominou.
Eu abri o guarda roupa.
Vazio.
Voltei para o quarto dos bebês gritando por Esme e Carlisle que me encontraram lá.
–Bella foi embora.
–Já? Não a ouvimos sair. – Esme murmurou.
–Cadê os bebês? – Carlisle indagou.
–Bella os levou. – exclamei.
Bella tinha fugido levando os gêmeos.
**continua**
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