20 julho 2014

FanFic: "Mamãe sem querer" - Capitulo 5


Adaptação Gabi156  
Gênero: Amizade, Drama, Ecchi, Hentai, Romance 
Censura: +15 
Categorias: Saga Crepúsculo 
Avisos:  Nudez, Sexo

**Essa fanpic é uma adaptação do livro "Mamãe sem querer", da autora Kate Walker**

Capítulo 5


- Você não se atreveria!
- Não me provoque. — Edward falava calmo, quase descontraído, mas a mensagem era clara e dizia a Isabella muito mais do que se ele tivesse feito uma declaração feroz.
- Você brigaria comigo na justiça pelo meu filho? Ela abraçou-se por baixo das cobertas para proteger-se e, encarando Edward, viu a súbita mudança em sua expressão, o olhar obscurecendo-se.
- Nosso filho, Bella... — corrigiu ele. — Eu sou o pai da criança.
- Eu sei disso!
Tratava-se de um dos motivos pelos quais Isabella já gostava tanto da criança. Sim, era filho de Edward, parte do homem a quem ela entregara o coração anos antes, sabendo com triste certeza que jamais o recuperaria.

- Mas isso não significa que eu queira você como meu marido!Que utilidade tem um marido para mim? — Um marido que não a amava, que só queria se casar por senso de dever.
- Eu posso dar-lhe muitas...
- Oh, claro que sim! — As palavra dela saíram entrecortadas de amargura, raiva e revolta. — Presumo que estejamos falando de dinheiro novamente.
- Não, não de dinheiro. Edward mudara de atitude. Sua voz grave era de uma suavidade e intensidade que, só de ouvi-la, Isabella sentia o sangue correr pelas veias mais rápido. Ajeitou-se na cama.
- Há outras coisas entre um homem e uma mulher — observou Edward, inclinando-se para a frente, os olhos verdes focalizados nos dela. — Coisas que importam muito mais...
- Oh, que estranho um homem falar sobre isso. — Isabella tentava escapar ao encanto que ele infligia com aquela voz macia. — E só sexo.
- Oh, não, Isabella. Não é só sexo. Estou falando de paixão... do tipo que faz a gente arder só de pensar. Paixão tão intensa que faz com que fagulhas pulem entre dois seres durante a noite... como aconteceu conosco.
- Que paixão? — Isabella desviou o olhar, devolvendo a xícara à bandeja, rezando para que ele não identificasse a mentira em suas palavras. — Não me lembro de que haja ocorrido algo tão importante a ponto de se colocar num livro.
- Então, sua memória não anda tão boa quanto a minha.
Edward falava ainda mais baixo, quase um sussurro rouco. Levantando-se, aproximou-se da cama com passos silenciosos.
- Mas, se não achou tão enriquecedor quanto poderia ter sido... — prosseguiu. — Seja honesta e assuma sua parte da culpa pelo que aconteceu...
Isabella lutava contra duas reações conflitantes, sentindo-se alternadamente quente e fria, como se estivesse com alguma febre tropical. O desconforto aumentou quando ele sentou-se na beirada da cama e tomou-lhe as mãos.

Nunca imaginara que Edward fosse interpretar sua reação daquela forma. Ele achava que a aflição dela, de alguma forma, era culpa sua. Se ele soubesse a verdade!
- Mas posso prometer-lhe que, da próxima vez, vai ser bem diferente — concluiu ele.
- Próxima vez?! — indignou-se Isabella. — O que o faz pensar que haverá uma próxima vez?
Edward sorriu quase gentil.
- Oh, haverá — afirmou ele, muito seguro. — Não há como evitar uma próxima vez, tratando-se de nós dois.  Pode-se pedir para o sol não nascer?
- Não! — Isabella tentou interrompê-lo, mas ele simplesmente ignorou-a.
- Ouça, Bella... você está em minha vida há tanto tempo que talvez eu a tenha tomado como minha, de direito. Com certeza, até aquela noite, jamais imaginei...
Edward se interrompeu e balançou a cabeça, confuso. Pessoalmente, Isabella invejava a liberdade dele de mudar. Ela era incapaz de tal coisa. Aqueles olhos esmeralda a capturavam e ela não tinha mais vontade própria.

- Eu não sabia que você podia me afetar daquela forma — confidenciou ele.
- Eu o afetei tanto que você nem se incomodou em entrar em contato comigo...
- Já expliquei, Bella! Tentei entrar em contato, o que foi mais do que a maioria dos homens faria depois de ouvir você me difamando junto a sua amiga...
- Não era difamação... — começou Isabella, mas ele mais uma vez não deu ouvidos.
- E depois de ler aquele bilhete! "Sobre a noite passada..." — citou Edward, e Isabella levou alguns segundos para perceber que ele estava reproduzindo seu bilhete de seis semanas antes. — "Nós dois sabemos que não significou nada..."
- Eu não...
Ela engasgou, querendo dizer que não desejara que o bilhete soasse tão áspero e impertinente. Tentara parecer sofisticada, indiferente ao evento, para que ele não ficasse com a consciência pesada, mas, ouvindo as palavras agora, tinha que admitir que o efeito era de frieza e indiferença.
- Sim, você fez. Veja, está tudo aqui.
Ele tirou um pedaço de papel dobrado do bolso.
- Tome! — ordenou áspero, quando Isabella nem conseguia olhar, incapaz de acreditar que ele realmente guardara o bilhete e, ao mesmo tempo, intrigada por ele ter feito isso. — Leia... em voz alta!
Se ela estava se sentindo desajeitada antes, agora acreditava que a terra se abrira para engoli-la. Leu rapidamente a nota e ficou chocada. Não lembrava-se de ter escrito aquilo, mas era sua letra!
- Leia! — fustigou Edward, colérico.

- "Nós dois sabemos que não significou nada... menos que isso. Foi um erro idiota, o resultado de emoções conflitantes, por isso, esqueça tudo. Eu com certeza, esquecerei."
- Como se não bastasse, havia uma observação final, acrescentada no último minuto.
- "P.S. Prepare o seu café da manhã, não há necessidade de pagar por nada"!
Isabella estava pálida, quase esverdeada, cônscia da ambigüidade do termo "por nada".
Mas a atenção de Edward parecia estar voltada para a linha anterior.
- "O resultado de emoções conflitantes" — repetiu ele, seco. — Isso e um pouco de álcool, claro. Se pelo menos eu não tivesse bebido tanto...
Isabella, já com os nervos à flor da pele, ficou mais condoída ante o comentário.
- Está tentando me dizer que eu o embebedei? Ou que você teve que beber antes de considerar tocar em mim?
- Raios, Isabella! — Edward agarrou as mãos dela, tirando-a do estado de revolta. — Eu disse que não! Não foi assim e você sabe muito bem, pois sentiu o mesmo.
- Senti? — Ela se recusava a demonstrar qualquer entendimento. — Senti o quê?
- Oh, Bella... A paixão que partilhamos naquela noite. Você sentiu isso, sei que sentiu. Essa paixão a consumiu... tomou a nós dois como um fogo intenso.
- A mim, não — assegurou Isabella, mas ele simplesmente riu da tentativa de rebelião.
- Acredite em mim, Bella, eu conheço as mulheres. Sei quando uma mulher está seduzida, quando ela me quer... e você me queria tanto quanto eu a queria. Pude sentir isso entre nós assim que nos tocamos. Foi uma explosão vulcânica, como nunca senti antes, e pode ser assim novamente. Oh, sim, pode! — acrescentou, quando ela balançou a cabeça furiosamente.

Ele afrouxou o toque em seus punhos, deixou de sorrir e acabou por liberá-la. Acariciou-lhe a palma da mão com o polegar.
- Mas, desta vez, prometo que vai ser muito melhor, doçura. Desta vez, não vou precisar beber nada.
- Edward... — Isabella alertou quando ele aproximou-se em cima da cama.
Mas ele não parecia ter ouvido o alerta desencorajador.. provavelmente porque, apesar de si mesma, ela não fora capaz de injetar convicção no tom.
- Desta vez, vou mostrar como pode ser, prometo. Afinal de contas, se vai ter que encarar as repercussões de ter feito amor e engravidado, então, ao menos, posso apresentá-la ao prazeres também. Vamos, Bella. — Ele riu quando ela balançou a cabeça novamente, mais frenética. — Não fique com medo.
- Não é isso.

Mas como poderia contar-lhe o que estava errado? Como poderia admitir que, tendo provado antes, sabia, que se ele cumprisse o que prometia, e não tinha dúvida de que ele faria isso, se ele mais uma vez abrisse a porta do mundo mágico das sensações que advinham do amor físico, então, ela não seria capaz de viver sem ele? Vislumbrara rapidamente aquele mundo encantado quando fizeram amor da primeira vez e, sabia, sem medo de errar, que, se experimentasse novamente aqueles prazeres, nunca mais seria capaz de resistir a Edward.

- É...
- Shh, pequena Isabella.., — Ele sussurrou as palavras junto a seu ouvido, enviando uma brisa cálida, e pressionou os lábios em seu rosto. — Não lute, querida... deixe-me mostrar-lhe...
Ela não seria capaz de resistir a ele no futuro...
Os pensamentos de Isabella atuavam como uma autocensura. A quem estava tentando enganar? Não podia resistir a ele, particularmente naquele momento, quando apenas os beijos suaves e excitantes já despertavam o desejo primitivo que existia em seu ser.
De repente, já não suportava mais o peso das cobertas. O calor gerado fazia com que se movimentasse inquieta, de tal forma que só isso demonstrava mais claramente os seus sentimentos do que um punhado de palavras. Emitiu um suspiro, que ele capturou com seus lábios, antes de invadi-la com a língua. Sentia o peso do corpo dele pressionando-a contra os travesseiros.
- Venha comigo, Bella — convidou ele, com voz rouca, entremeando cada palavra com um beijo tentador. — Deixe-me mostrar-lhe como pode ser...
Era como ela sempre soubera que seria. Não tinha forças para lutar, nem vontade para pensar no assunto. E por que deveria?, questionou uma vozinha interior. Por que deveria resistir a algo que queria tanto, algo que parecia tão certo e inevitável quanto a própria respiração?
Isabella sentia o corpo macio e maleável como cera. Abriu a boca para permitir a invasão íntima da língua de Edward, encorajando-o na mesma medida. Sentiu uma onda de prazer quando ele a abraçou, com uma força que indicava que ele passara do estado de sensualidade para o de urgência, de desejo ardente. Sentiu o coração estacar ao ouvi-lo rir.
- Está vendo... está acontecendo de novo. Já está lá... e nem mesmo começamos.

Com um movimento preciso, ele removeu as cobertas e cobriu-a com o próprio corpo, de tal forma que ela não sentiu frio, nem alívio à febre de amor que sentia. Não conseguia concentrar-se em nenhuma linha de raciocínio. Só existia o prazer no coração, deixando-a incapaz de refletir. Apenas retribuía às carícias e toques de forma instintiva. Cada beijo parecia despertar um novo ponto de prazer, elevando-a para outra categoria de vida.
Queria tocar Edward, sentir sua pele sedosa, a força dos músculos, precisava enterrar os dedos em seu cabelo, mas, quando tentou desabotoar-lhe a camisa, ele protestou.
- Oh, não, meu anjo... desta vez, não.
Ele agarrou-lhe as mãos e, apesar do toque suave, ela não conseguiu soltar-se. Prendendo-lhe os pulsos cima da cabeça, segurou-a nessa posição.
- Desta vez, você vai ficar quietinha — declarou Edward, a voz rouca de paixão, os olhos verdes brilhando intensamente enquanto passava uma mão por seu braço, pelos cabelos, pelo ombro, pelo seio. Riu em triunfo quando ela gemeu involuntariamente de prazer. — Desta vez, eu farei todo o toque...
Conduzindo a mão mais para baixo, ele ergueu-lhe a camisola e passou a descrever círculos eróticos com o dedo entre suas coxas. Depois, apalpou-lhe os quadris.
- Vou proporcionar todo o prazer... tudo o que tem a fazer, Isabella, é aproveitar. Receba tudo o que eu lhe der e aprenda como pode ser...

Ela ouvia vagamente as palavras, pois só sentia as batidas do coração muito fortes, o som imaginário impedindo o raciocínio. Temeu que seu corpo se incendiasse, cada ponto sendo aceso pelo toque de Edward. Ofegante, mal conseguia levar ar aos pulmões.
Ele retirou-lhe a camisola e jogou-a no chão. Em seguida, enterrou o rosto no vale entre os seios, absorvendo a essência, passando a boca devagar até chegar ao mamilo, sobre o qual usou a ponta da língua, a fim de atormentá-la.
- Edward!
Isabella gemeu e arqueou o corpo, instintivamente, no afã de sentir mais, de se entregar mais, de ouvir a risada suave dele. O hálito quente aumentava o prazer a um ponto quase insuportável, assemelhando-o à dor física.
- Edward... Por favor...
- Linda, pequena... Doce... — Edward sorriu contra sua pele. — Temos um longo caminho a percorrer ainda...
Um longo caminho! Isabella achou que ia perder a razão. Não iria suportar muito mais, não podia esperar mais...

Naquele instante, Edward capturou-lhe o mamilo e ela não conseguiu mais pensar. Abriu os olhos, mas não viu nada. A mente parecia centrada naquele ponto do corpo, no doce tormento que ele lhe infligia, no prazer que surgia desse estímulo.
Queria permanecer imóvel, usufruindo daquela sensação boa, mas viu que era impossível. Seu corpo agitava-se sem descanso. Atirou a cabeça para trás e murmurou o nome do amado, desesperada.
Só quando Edward livrou-se do suéter, Isabella percebeu que não tinha mais os pulsos presos. Na verdade, ele já a liberara havia algum tempo, usando as mãos e a boca para acariciá-la e excitá-la, gerando fagulhas tão intensas quanto as de origem elétrica, e ao mesmo tempo tão suaves quanto o roçar de asas de borboletas. Não obstante, ela mantivera os braços erguidos, como que imobilizada por uma força invisível, que reduzia seu corpo a desejo em estado puro.

Só enxergava Edward. O único som que captava era o de sua voz, murmurando frases eróticas, elogios impossíveis. O cheiro almiscarado masculino que era só dele envolveu-a como uma bruma, ativando ainda mais seus sentidos. Podia sentir o gosto dele, passando a língua, degustando o suor do corpo como uma gatinha lambendo a cria.

Isabella sentia que não poderia continuar sentindo aquele prazer sem se despedaçar. Ao mesmo tempo, desejava que aquilo jamais terminasse. Só assim, teria o suficiente. E Edward parecia entender sua mudança de vontade. Respondendo ao apelo, espaçou os beijos, as carícias, tornando o ato mais sutil e sensual, infinitamente gentil, até que ela sentiu o corpo pegando fogo com as sensações que surgiam.
Ela não podia mais manter-se imóvel. Arriscando-se, levou as mãos às costas musculosas, detendo-se no cinto de couro junto à cintura. Buscou a fivela, impaciente.
- Bella... — Edward parecia alertá-la.
- Eu quero tocá-lo! — protestou ela. — Quero sentir você.
- Oh, você vai — prometeu ele, rouco. — Você vai.
Sentindo intuitivamente o que ela queria, como antes, Edward rolou para o lado por um momento, mantendo-a alimentada com um beijo exigente na boca. Voltou totalmente nu e colou seus corpos.
- Está me sentindo agora, amor... Pode sentir o quanto a quero?
Isabella só conseguiu murmurar. Emitiu um gritinho quando Edward movimentou a mão sobre seu ventre e, a seguir, introduziu o dedo em sua feminilidade. O toque provocou tal prazer que ela se contorceu, desesperada. No momento seguinte, ele a agarrava pelos quadris e mantinha cativa, para tomá-la em definitivo.
- Agora está mesmo me sentindo — murmurou Edward, junto a seu ouvido. — Agora, sabe como é realmente...
Edward moveu-se dentro dela, devagar a princípio, aguardando, observando sua reação, a indicação de prazer. Apenas alguns segundos depois, Isabella perdeu totalmente o controle, certa de que nada mais existia senão a fome que ele instigara, consumindo-a, levando-a cada vez mais para o alto.
O ritmo selvagem intensificou-se, num turbilhão inevitável de prazer. Com um grito, ela agarrou o corpo musculoso como se precisasse apoiar-se na única matéria existente no mundo.

Muito tempo depois, com a respiração normalizada, Isabella gradualmente recuperou o estado de atenção, abalada pela realidade do prazer que conhecera. Nada se comparava àquele prazer, nem sonhos, nem imaginação. Tudo aquilo estava a anos-luz da verdade.
O mundo partira-se em milhões de pedacinhos e, agora, as partículas voltavam a se fundir e a nova imagem que lhe surgia não seria a mesma de antes. Sabendo o que era o prazer agora, jamais poderia ser a mesma novamente.
A seu lado, Edward repousava lânguido, suspirando feliz, satisfeito sexualmente.
- Então, agora sabe como pode ser — gabou-se ele. — E não tente me convencer de que não sentiu o mesmo, pois será mentira, e você sabe disso tão bem quanto eu. Eu vi a sua reação, senti a sua resposta... 
Eu sei. - Ele sabia demais, pensou Isabella, desolada. Demais e não o bastante, e deveria sentir-se agradecida por isso.

Edward sabia como atiçar seu corpo, tocá-lo como um instrumento musical, mas não sabia, não podia saber, que sua alma e seu coração também lhe pertenciam. Ele nunca deveria saber daquele detalhe porque, apesar de toda a paixão que demonstrara, ele não a escolhera. Ela seria, no máximo, a segunda colocada e, quando ouvisse o que ele tinha a dizer em seguida, deveria manter esse fato em mente.
- Agora, diga que não vai se casar comigo, se puder — desafiou ele. — Sempre nos demos bem, Bella, e agora sabemos que nos damos bem na cama também. Casamentos arranjados têm começos bem menos auspiciosos.
Mas um casamento arranjado, ainda que atendesse aos requisitos dinásticos de Edward, nunca seria bom o bastante para ela. Tudo ou nada, teria dito, e era isso mesmo o que queria dizer.
- Não, Edward... — começou, mas ele não permitiu que continuasse.
- Lembre-se de que não vai estar se casando só por sua causa, mas por causa do bebê também.
Ele falava suavemente, mas havia uma nuance indicando que ele não iria permitir que esse argumento fosse discutido.
- Você realmente quer criar o filho sozinha, como sua mãe? Quer repetir os erros dela, deixando seu filho crescer sem pai, sempre com esse vazio em sua vida... uma peça perdida no quebra-cabeça?
Edward usara as próprias dela. Isabella entendeu que ele sabia muito bem o que estava fazendo. Mordeu o lábio inferior para aplacar o choro de aflição, escondendo o rosto no travesseiro para que ele não visse e entendesse que marcara um ponto. Tratava-se de um recurso que esperava que Edward jamais usasse contra ela, a arma mais letal, para a qual não tinha defesa.
- Pense em como vai ser no futuro — prosseguia ele, implacável. — Ellerby é um lugar muito pequeno, ideal para um escândalo. Vai conseguir encarar todo o falatório, todos os comentários maldosos tal como "tal mãe, tal filha?" Vai permitir que seu filho enfrente isso? Se se casar comigo, não haverá comentários. Pelo menos, não depois que a primeira onda de espanto passar. Além disso, terá tudo o que quiser, tudo com que jamais sonhou.
Ele passou o dedo ao longo de sua espinha dorsal, fazendo-a estremecer involuntariamente.
- Pense nisso, Bella. Você terá dinheiro e conforto, mas, acima de tudo, terá paz de espírito e segurança, além de respeito. Seu bebê... o nosso bebê vai crescer em uma casa adequada, com pais que o amam e se importam com ele. Toda criança deveria ter direito a esse bom começo, Isabella. Se há alguém que sabe disso, é você.

Oh, ele a encurralara, prensara-a contra a parede. Não conseguia imaginar nenhum argumento para contra-atacar e Edward sabia disso. Ele, dentre todas as pessoas, sabia o quanto ela sofria por não saber quem era seu pai. Não vivia declarando que nenhuma criança merecia crescer com esse vazio? Num momento de descuido, revelara tais sentimentos, entregando, inadvertidamente, as armas que ele agora usava sem piedade.
- Não é justo... — choramingou.
- Não, não é — reconheceu Edward, a voz áspera. — Mas, para ser franco, não estou disposto a jogar limpo neste assunto. É o meu filho que você está carregando e não tenho a intenção de ser um pai ausente...
- Mas você não me quer!
Isabella ainda não conseguia encará-lo e o protesto saiu abafado pelo travesseiro.
- Admito que não era assim que gostaria que as coisas tivessem acontecido, mas temos que jogar com as cartas que o destino nos passa. Sua gravidez é um fato. Não está aberto a discussão e, até onde sei, não é motivo para casamento.
Ele pousou a mão forte sobre o ombro de Isabella, fazendo-a voltar-se. Vendo os olhos verdes obscurecidos, ela soube que não tinha chance contra a determinação dele. A certeza estava patente na tensão dos músculos dele e em cada traço de seu rosto.
- Não me enfrente sobre esse assunto, Isabella, por que você só vai se magoar. Não tem chance de vencer, e não tenho a intenção de desistir.
- Eu...

Mas mesmo ao abrir a boca para tentar desafiá-lo, Isabella sabia que estava perdida. Toda força para resistir pareceu esvair-se de seu corpo como ar saindo de um balão, deixando-a fraca e desanimada.
Afinal, por que relutava. Contra o que se rebelava? Amava Edward, não amava? Amava-o, estava carregando o filho dele e, por isso, ele queria desposá-la. Podia ser apenas a segunda opção, mas já era alguma coisa, tudo o que lhe seria oferecido e era fraca o bastante para aceitar aquela situação.
E o que acontecera ao tudo ou nada? Bem, o que Edward oferecia estava bem distante do que ela desejara, mas não chegava a ser nada. Nada era o que teria se recusasse o pedido. Já se aceitasse, conforme Edward observara, tinham uma chance, pois muitos casamentos começavam com menos ainda. Talvez, um dia...
Não. Pensar daquela forma era pior do que ser tola, pois envolvia a dor de sonhos que jamais se tornariam realidade, a existência de um pote de ouro no fim do arco-íris. Tinha de fazer o que Edward dissera: aceitar a mão que o destino lhe oferecia e jogar com essas cartas. Desejar algo além disso só levaria ao desespero.

- Isabella? — A voz de Edward era tão dura e enigmática quanto a expressão. O nome completo alertava-a de que devia tomar uma atitude. — Eu quero uma resposta, qual vai ser?
Isabella respirou fundo, com dificuldade, e concentrou-se, sabendo que o que respondesse decidiria sua vida pelos próximos anos.
- Está bem — concordou, as palavras parecendo de madeira, nenhum traço de emoção na resposta rígida. — Por esses motivos, então, aceito a sua proposta. Por causa do bebê, sim, eu me caso com você.


Semanas depois ..........

- Boa tarde, Sra. Cullen. Está frio lá fora, não? Deve estar contente por chegar em casa. Acendi a lareira na sala de estar, deve estar aconchegante lá.
- Obrigada, Carmen... Aprecio a preocupação.
Se havia algo que a lembrava de como sua vida mudara nas últimas semanas, refletiu Isabella, enquanto tirava o casaco e ia para a saleta, era a rotina do fim do dia.

No passado, depois do trabalho, voltaria para seu sobradinho frio, escuro e silencioso e, ainda de casaco, tentaria esquentar o ambiente com um aquecedor velho antes de ir preparar uma refeição rápida e simples. Agora, o carro com chofer ia buscá-la na escola, levando-a de volta à mansão aquecida e iluminada. Edward insistira em colocar um carro à sua disposição, pois sabia que ela não dirigia.
Na mansão, era saudada pela governanta, que lhe servia uma bandeja com chá e sanduíches para saborear enquanto aguardava o marido. O jantar era sempre delicioso e preparado com capricho, servido na elegante sala de jantar.
O contraste com seu estilo de vida anterior não podia ser maior, reconheceu Isabella. Serviu-se de uma xícara de chá, recostou-se na poltrona almofadada e descalçou os sapatos, suspirando de alívio. O problema era que não podia apreciar aquilo tudo de forma adequada. Sentia-se mais doente e enjoada do que nunca. Não por si, mas por causa daquela estranha criatura, a Sra. Edward Cullen, esposa do senhor do castelo.

Mas era de fato a Sra. Edward Cullen, por mais que achasse incrível acreditar. Não conseguira respirar fundo nem uma vez desde a proposta dele, embora ultimato fosse a palavra mais correta. Sentia-se como que tragada por um tornado, erguida até as alturas e, então, lançada de novo à terra, onde nada continuava igual.

**Flashback on**

- Mas precisa ser tão já? — protestara quando, no dia seguinte à sua capitulação, Edward anunciara que o casamento se daria em uma semana, somente dez dias antes do término do semestre escolar.
- Não vejo por que retardar.
A indiferença quanto à sua agenda só mostrava o quanto ela pouco figurava nos planos dele. Ele queria o filho e a forma de assegurar respaldo legal era casando-se com a mãe da criança o mais rápido possível.
- Quanto antes tornamos isto oficial, melhor, até onde entendo.
- Mas eu não fiz...
- Tudo está arranjado. Só precisa se preocupar em providenciar um vestido e aparecer na igreja na hora certa.
- Na igreja! Pensei que seria apenas no civil...
- Bem, pensou errado. Os Cullen têm se casado em St. Oswald nos últimos duzentos anos e não pretendo quebrar a tradição.
- Mas se a cerimônia acontecer na igreja, então, todos vão ficar sabendo... a cidade toda. — Isabella não podia acreditar que ele quisesse algo tão público. E ele teria se casado com Tanya em St. Oswald.
- Claro que vão. Esse é o ponto. Isabella, estamos nos casando, você vai ser a minha esposa. Não pretendo esconder você no sótão como se fosse louca.
- Mas este não é exatamente um casamento normal! Afinal de contas, praticamente é um arranjo.
- Mas só nós sabemos disso — rebateu Edward, deixando-a atônita.
- Nós... Mas a sua mãe, com certeza, ela sabe?
- Ela sabe o que eu lhe contei.
- E o que foi?
- Que eu a pedi em casamento e você aceitou. — Era uma colocação indiferente e sem emoção.
- Mas... não disse a ela por que me pediu em casamento?
- Claro que não! — disparou Edward, levantando-se de repente. — Quer que ela pense que você me enganou? Que fui forçado a me casar com você?
Isabella gostaria que ele permanecesse sentado. Ali, de pé junto dela, ele parecia dominar a pequena sala com sua altura, sua força, sua masculinidade. Não o conhecia, pensou desesperada, não podia encontrar um traço familiar naquele homem com quem ia se casar.
- Mas foi exatamente o que fiz! Seja honesto, Edward. Se casaria comigo se eu não estivesse grávida?
Edward fechou a expressão e voltou-se sem responder. Mas ele não precisava dizer nada. Ela mesma podia suprir os detalhes. Era óbvio, não era? Não havia como Edward ter considerado casar-se com alguém como ela, não fosse pelo filho. O herdeiro dos Cullen.
- Você não me forçou — observou Edward.
Ele olhava pela janela. De repente, voltou-se, a expressão áspera, marcada.
- Se algo aconteceu, eu trapaceei a mim mesmo. Dois são necessários para se fazer um bebê e eu sabia exatamente o que se passava quando fiz amor com você naquela noite. Não estava tão bêbado, raios!
Isabella não estava ciente da própria mudança de expressão, mas, quando Edward franziu o cenho, deu-se conta.
- Mas eu devia ter sido mais cuidadosa. Quero que saiba que nem pensei nas conseqüências de fazer sexo sem proteção.
Ela não pudera deter as palavras, mas, ao menos, não eram tão corrosivas como as que tinha em mente e que assolavam seu coração.
Edward remexeu um músculo do maxilar, num esforço para se controlar.
— Deve saber que nunca esperei que você realmente deitasse na cama.
- Mas não pôde resistir e tentar...
- Não seja estúpida, Bella! Nenhum homem com sangue nas veias seria capaz de resistir a você com aquela peça exígua que chama de camisola. — Edward suavizou o tom, agora grave e rouco. — Você era toda calor, maciez, saída do banho e eu a queria como nunca. Mas, no momento em que percebi que era virgem, devia ter pensado...
O silêncio repentino deixou Isabella apreensiva e com uma sensação de inevitabilidade. Não se decepcionou.

- Por que você ainda era tão inocente? Pensei que ninguém mais esperasse pelo casamento hoje em dia.
- Talvez ninguém tenha me pedido... — Isabella tentava soar descontraída, mas parecia uma rocha fria.
- Não espera que eu acredite nisso. Para começar, fale-me de Jacob.
- Ele era apenas um amigo.
Tarde demais, ela viu a armadilha pronta a seus pés e não pôde escapar. Edward, naturalmente, não deixou escapar a deixa, tampouco.
- Pensei que era isso o que tinha dito sobre mim, entretanto...
Mas Isabella não podia mais levar adiante. O gelo era fino sob seus pés e qualquer movimento seria fatal.
- Está tentando me fazer dizer que em alguma parte romântica e vulnerável do meu coração eu estava me guardando para você?
Isabella não ousava encará-lo, temendo que ele lesse a verdade que, tinha certeza, estava estampada em sua testa em letras garrafais.
- Não sou idiota o bastante para cogitar isso! — Edward riu, cínico, enervando-a. — Mas tem que admitir que seu comportamento não é típico das mulheres de hoje.

- Bem, para começar, eu estava muito ocupada com meus estudos. Minha mãe fez muito sacrifício para me mandar para a faculdade e eu queria me sair bem. Além disso, nunca encontrei o homem certo... Sempre quis que a primeira vez fosse especial... que tivesse um significado...
Interrompeu-se, intimidada por aqueles olhos verdes de aço.
- Desculpe-me. — Era apenas uma palavra, fria e inflexível, como a expressão dele, mas que levou-a a falar irrefletidamente.
- Oh, não se desculpe! — Daquela vez, ela dissimulou a preocupação muito bem. — Como você disse, são necessários dois, e eu... não estava exatamente desinteressada. No fim, fui mal interpretada... apenas isso.
Mas Edward não suavizou a expressão ante a resposta, tão sombrio e ameaçador quanto antes. Isabella concluiu:
- Eu só quis dizer que gostaria de não ter esperado tanto.
Oh, por que não podia simplesmente ficar calada? Só piorava toda a situação cada vez que abria a boca.
- Afinal, se eu tivesse sido menos ingênua, você não estaria nessa trapalhada. Tenho certeza de que preferiria de outra forma...
- Oh, sem dúvida — concordou Edward, com sua voz rouca e grave, fulminando-a com o olhar. — Não sabe o quanto eu gostaria que certas coisas não tivessem acontecido. Mas aconteceram e só podemos tentar tirar o melhor proveito disso.

**Flashback off**


- Por que está sentada no escuro?
Edward acendeu a luz, trazendo Isabella de volta ao presente. Percebeu, chocada, que, enquanto se perdia nas lembranças, o tempo passara e seu chá esfriara na xícara. Agora, Edward estava em casa, mais cedo do que de costume, bem antes de estar preparada para encará-lo.
- Eu estava pensando...
- Em nada agradável, pela sua expressão. — O tom dele era de desconforto. — E você deixou o fogo apagar. Não admira a Sra. Newton estar preocupada.
- Eu só queria um tempo para mim mesma. — Isabella teve que elevar a voz para compensar o ruído do atiçador de brasas que Edward manejava. — Além disso, não gosto da idéia de você mandar a governanta ficar me espionando.
Ele deteve-se, voltou-se e estreitou o olhar sobre ela.
- Espionando? — repetiu, com uma frieza que a fez franzir o cenho. — Não é um pouco exagerado? Eu simplesmente disse...
- Eu não quis dizer exatamente isso! — Ante aquele olhar, ela sempre acabava na defensiva. — Acontece que ainda não estou acostumada com esse tipo de vida.
E não estava acostumada com Edward, tampouco. Aquele homem elegantemente vestido só agravava sua sensação de alienação e isolamento. O terno cinza, a camisa branca, a gravata de seda que usava para ir a Londres transformava-o no Cullen da Cullen Software, um empresário bem-sucedido, bem como senhor do castelo.

Ele lhe parecera assim no casamento também. Um estranho frio e distante, não o velho Edward, a quem prometera amar e honrar pelo resto da vida. Tratava-se de outro homem, totalmente diferente. Não sabia como se sentia em relação a esse Edward.
- E você me pegou desprevenida. Não o esperava tão cedo.
- Também não precisa fazer essa cara. — Ele recolocou o atiçador no aparador com tanta força que ela se assustou. — A maioria das recém-casadas ficaria feliz em ver o marido mais cedo em casa.
Se ela acreditasse que aquilo era verdade, como a vida seria diferente!
- Mas a maioria tem um casamento adequado e provavelmente ainda está em lua-de-mel. Os maridos não achariam mais importante ir a Londres, para começar...
- Você poderia ter tido uma lua-de-mel. — Edward falava enquanto despejava carvão na lareira. — Só precisava dizer que queria.
- Eu sei.
Isabella baixou a voz ao lembrar-se de como se sentira quando ele ofereceu uma viagem após o casamento. Qualquer lugar no mundo, dissera, pelo tempo que quisesse. Não havia algum lugar para onde sempre sonhara ir?
- Não sou tão hipócrita.
- Hipocrisia... — Edward usou um tom perigoso e Isabella ficou agradecida por ele estar prestando atenção à lareira. — E assim que vê a coisa?
- Bem, seria, não seria?

Sentindo uma dor no coração, Isabella percebeu que a conversa mais uma vez caíra no triste padrão que tornara-se a norma desde o casamento de fachada. Parecia, que assim que concordara em se casar, Edward transformara-se em outra pessoa, alguém que ela não conhecia, nem entendia.
Ele tornara-se distante e inacessível, atirando-se ao trabalho com uma intensidade que o levava a ficar fora de casa por dias e, quando estava na mansão, falava-lhe apenas o mínimo necessário para manter as aparências.
Mesmo a paixão ardente que haviam partilhado mostrara ser um fogo de palha, resultado de um raio espetacular que provera um fogo intenso, mas de curta duração. Tal fogo consumira-se e extinguira-se, não restando nada além de cinzas frias numa grade vazia. Desde a sua chegada à mansão como esposa do senhor do castelo, ocupava um quarto separado e nem uma vez, nos últimos dez dias, ele insinuara que gostaria de dividir a cama com ela.

- Afinal de contas, uma lua-de-mel não seria apropriada para este casamento de fachada, não é? — provocou Isabella. — Seria apenas outra mentira...
- Ah, não!
Ela ultrapassara o limite como vingança, sabia. Ele deu três passos e alcançou-a. Tomou-a pelo braço, fez com que se levantasse e trouxe-a para junto de seu corpo forte e elegantemente vestido.
- Uma mentira, é?
- Edward...
- Uma fachada? — Ele ignorou a interjeição trêmula dela. Havia um brilho no olhar que fez com que sentisse um nó na garganta. — E que raios pensa...?
Então, de repente, o humor dele pareceu mudar.
- Uma mentira — repetiu, mas com outro tom. — Oh, sim, minha doce Isabella, nosso casamento com certeza é uma mentira... mas talvez não da maneira que está pensando.
- Eu... eu não sei do que está falando.
- Não?
Ele indagou de forma suave, rouca. Os olhos verdes estavam obscurecidos, a expressão enigmática, um sorriso gentil nos lábios.
- Então, devo mostrar-lhe? Devo mostrar o quanto o nosso casamento é uma farsa?
Ele segurou-lhe o queixo e fez com que ela o encarasse.
- Tome isto, por exemplo...
Ele tocou-lhe a testa com os lábios de forma muito suave. A carícia provocava reação em cada nervo de Isabella.
- Ou isto...
Então, ele beijou cada uma de suas pálpebras, pressionando-as para que ela as mantivesse fechadas. Ela continuou com os olhos fechados, pois temia que ele lesse as emoções que sentia.
- Isto é fachada, meu amor? Isto é mentira?
Ele capturou-lhe a boca e beijou-a exigente. Isabella não pôde evitar e entreabriu os lábios para a invasão. Sentiu as pernas bambas. Edward mantinha-a segura contra seu corpo.
- Como sabe o que é a verdade? Só sei que uma coisa é real. Uma coisa que existe entre nós e que você não pode negar. Isto não é farsa, minha querida.
Ele a apertou, trazendo seu corpo mais para junto de si, e ela não deixou de perceber as evidências físicas do desejo carnal que tornava sua voz rouca e a respiração, ofegante.
- Edward... — tentou ela. Mais uma vez, ele a ignorou.
- Isto não é mentira... nem isto...
Mais uma vez, ele invadiu-lhe a boca com a língua e passou a tatear os seios de forma possessiva. Ela gemeu e o fogo do desejo inflamou-se, parecendo derreter-lhe os ossos.
- Isto é o que existe entre nós, querida... é por isso que estamos juntos, por isso nos casamos. Eu a quero para poder fazer isto... — Deu-lhe outro beijo ainda mais exigente e tentador do que o anterior. — ... e isto... sempre que quiser.
Isabella sentia a cabeça leve, o peito confinado ao tentar respirar. O desejo acumulava-se e ameaçava escapar ao controle. Não era capaz de mais nada além de simplesmente responder aos beijos de Edward, comunicando sua própria necessidade, a paixão que combinava com a dele.
Isabella mal ouviu a leve batida na porta, pois a pulsação acelerada suplantava qualquer som exterior. Nem quando alguém tossiu, não conseguiu voltar à realidade a ponto de raciocinar coerentemente.
Edward, entretanto, não teve o mesmo problema. Ergueu a cabeça e a paixão que parecia tomá-lo desapareceu. Era como se precisasse apenas apertar um botão para mudar todo o comportamento. Envolveu-a pela cintura e manteve-a, quando ela teria se afastado, e voltou-se para a mulher junto à porta.

- Sim, Sra. Newton?
- Eu... peço perdão pela intromissão, senhor...
A governanta parecia quase tão embaraçada quanto ela, pensou Isabella, trêmula, ruborizada com a idéia do envolvimento apaixonado, das carícias íntimas que a outra mulher devia ter presenciado.
- Em absoluto.
Isabella não acreditava na tranqüilidade com que Edward agia, indiferente ao cabelo desalinhado que caía-lhe sobre a testa, à mancha de batom nos lábios.
- O telefone era para mim?
- É a Sra. Cullen, sua mãe. Ela está esperando.
- Já vou.
Para consternação de Isabella, Edward voltou-se para ela e pousou a mão em seu rosto antes de dar-lhe um beijo suave, quase brincalhão, na ponta do nariz.
- Voltarei assim que possível, querida — murmurou, deixando-a confusa enquanto saía da sala a passos largos.

Sozinha, Isabella lutou com a miríade de sentimentos, sem saber qual era o mais importante. Ainda sentia os terminais nervosos queimando devido ao estímulo dos beijos de Edward. Cada célula parecia insatisfeita e, somando-se a essa sensação de decepção, havia a noção de perda que lhe deixava o coração apertado.
"O telefone era para mim?"
Lembrou-se do comentário de Edward e percebeu, tardiamente, que ouvira vagamente o aparelho tocando. Contudo, absorta na onda de excitação sexual, não registrou bem a informação. Aparentemente, Edward registrara, claro.
Sentiu-se decepcionada e amargurada ao concluir que Edward não apenas ouvira o telefone, como, longe de estar entorpecido como ela, raciocinara fria e claramente a ponto de calcular que a governanta atenderia e, então, sabendo que ele se encontrava na mansão, iria inevitavelmente procurá-lo com alguma mensagem.
Ele também estivera ciente de que a porta estava apenas encostada. A ausência de espanto e a tranqüilidade com que reagiu só levava a uma conclusão perturbadora e dolorosa. A mostra de paixão incontrolável, os beijos ardentes, as carícias excitantes, até as palavras sussurradas, tudo fora apenas uma encenação, planejada para impressionar a Sra. Newton.
Mas por quê? Ainda tentava encontrar uma resposta possível para o problema quando Edward voltou.

- Estive pensando — anunciou ele, mudando de humor novamente, deixando-a tão confusa quanto se estivesse num carrossel fora de controle. — Uma forma de solucionar o problema das minhas estadias fora seria você me acompanhar.
- A Londres?
Absorta com o outro problema, Isabella emitiu a pergunta sem refletir.
- Claro, a Londres. Poderíamos usar a viagem para reparar a lua-de-mel perdida. Já esteve lá?
- Uma vez... por um dia. Foi uma excursão escolar à Galeria Nacional, mas eu aproveitei para conhecer a Galeria de Retratos. Fui lá quando todos estavam almoçando e poderia ter ficado horas, estudando os semblantes.
- Sei o que quer dizer. É um dos meus locais favoritos. Vou lá sempre quando estou em Londres. De algum modo, ver retratos de pessoas de verdade faz a história parecer viva de uma forma que os livros não conseguem transmitir.
Isabella sentiu um nó na garganta ao ver a mudança de humor mais uma vez. O sorriso entusiasmado fez com que achasse estar diante do jovem Edward, na ocasião de seu acidente com a bicicleta. Inteligente, preocupado, ele partilhara seu amor pelos livros e a fascinação pelo passado. Conversar com ele era sempre tão interessante que simplesmente não via as horas passarem.
Mas aquele tempo fora apenas um breve idílio de prazer e acabara logo. Nem sarara do tornozelo e ele já partira de volta a Londres, de volta ao trabalho e às companhias mais sofisticadas que conhecia na capital.
- Sempre me intrigou os que "poderiam ter sido", as pessoas que teriam sido reis ou rainhas se não tivessem morrido cedo. Henrique VIII tinha um irmão mais velho, Arthur, que era casado com Catarina de Aragão, antes do próprio Henrique. E Charles I não era o primogênito. Costumo observar os semblantes e imaginar se os acontecimentos teriam sido outros, caso tivessem subido ao poder.
- Nesse caso, teria havido uma Elizabeth I ou a guerra civil? É espantoso pensar no que poderia ter acontecido. Temo que minhas reações não tenham sido tão profundas. — Isabella sorriu, levemente envergonhada. — Lembro-me de ter me apaixonado pelo príncipe Robert do Reno, quando só tinha quinze anos...
- E ele era atraente se bem me lembro. Para seu alívio, Edward não parecia inclinado a fazer perguntas impertinentes. Se ele investigasse, ela teria de admitir que sentira-se atraída pelo príncipe por causa do cabelo bronze e dos traços que lembravam o homem irresistível que roubara-lhe o coração, o próprio Edward.
- Ele também não era primogênito. O irmão viveu bastante e, por isso, Robert pôde escolher seu modo de vida, ao contrário de outros que tinham o dever nos ombros. — Edward voltou-se para ela, a expressão sombria, o olhar pensativo. — Eu tinha um irmão mais velho, sabe.
Isabella espantou-se.
- Não, não sabia. O que aconteceu?
- Ele morreu. Só viveu seis semanas, mas a morte dele repercutiu na minha vida.
- De que forma?
- Bem, naturalmente, isso significava que eu herdaria o título de senhor do castelo.
Um título que ele não apreciava, indicava o tom. Isabella lembrou-se da atitude tímida dele em certas ocasiões, do uso do sorriso social, educado.
- É por isso que quis ter sua empresa de computação? Dessa forma, como o príncipe Robert, você tem um aspecto da sua vida que é escolha sua?
- Teve muito a ver com isso. Embora minha família fosse rica o bastante para me sustentar com grande conforto sem eu ter que ganhar a vida, eu queria algo só meu. E meu pai me deixou ciente de que o dinheiro e posição traziam também responsabilidades, bem como privilégios.

Ele usara o termo responsabilidade antes, quando ela perguntara-lhe por que queria se casar com ela. Sentiu-se amargurada ao ver que as palavras do pai deviam estar de tal forma enraizadas nele que, ao descobrir que ela estava grávida, sentira-se obrigado a se casar.
- E por isso acabamos juntos... — concluiu Isabella, amarga.
Edward lançou-lhe um olhar que deixou-a atormentada.
- Eu teria me casado com você sem nenhuma das lições de meu pai. Não preciso de instrução sobre o meu dever quando o meu filho está em jogo.
Dever, responsabilidade, preocupação com o filho. Sempre soubera que aqueles eram os motivos para ele querer se casar, mas reconhecer esse fato não significava aceitar. Reconhecer a verdade só aumentava a sensação de perda que a acompanhava. Mas, pelo menos, ele se casara com ela, não a deixara à própria sorte, como seu pai desconhecido.
- Eu estou grata...
Interrompeu-se quando Edward aproximou-se, o olhar ameaçador.
- Eu não quero a sua gratidão, raios!
- Então o que você quer de mim?
- Eu quero... uma esposa. — A mudança no tom dele era enervante. — E, como tal, pode começar com minha mãe e as comemorações de Natal.
- Natal?! — repetiu Isabella.
A pressa com que haviam se casado permitira-lhe um contato mínimo com Esme Cullen. Os poucos encontros tinham transcorrido dentro do tom mais imaculado, para não dizer frio: e educado. A sogra mantivera sua opinião sobre a escolha do filho para si mesma.
- Ela vai vir aqui?
- Claro que sim. — Edward franziu o cenho ante sua expressão insegura. — A mansão ainda é o lar dela, Bella. Ela viajou convencida de precisávamos de algum tempo sozinhos aqui.
O relaxamento de pouco antes foi esquecido. Estavam de volta ao constrangimento frio que prevalecia desde o primeiro dia de casados.
- Mas agora, claro, ela quer voltar para as festas. Vai chegar na terça-feira, em boa hora para os cânticos. E vai ajudá-la com os preparativos.
- Preparativos?! — Esforçando-se, Isabella lembrou-se da festa para as crianças do vilarejo que a mansão organizava todos os anos. Seguia-se um jantar de comemoração para os trabalhadores das terras.
De repente, entendeu sobre o que Edward estava falando.
- Oh, Edward, não posso! Com certeza sua mãe...
- Minha mãe organizou a festa todos esses anos e ficará feliz em lhe passar a tarefa. Além disso, todos vão querer ver você. Para muitos, será a primeira vez diante da senhora do castelo.

Mas não deveria ser ela. Tratava-se de um papel para Tanya. Como poderia ficar ao lado de Edward, recebendo os cumprimentos de todos, sabendo que ele estava ali apenas por dever?
- Não posso...
- Você pode e vai. É minha esposa...
- Só no nome!
- Você é minha esposa — repetiu Edward, mais en aticamente, a ameaça em cada sílaba. — E vai agir como a situação pede. Acima de tudo, você nunca, ja mais vai dar motivo para acreditarem que o nosso casamento não é o romance que eles acreditam ser.
- Mas...
- Mas nada, Isabella — rebateu Edward, implacável. — Todo mundo sabe que meu noivado com Tanya foi um erro. Não quero que pensem o mesmo sobre o meu casamento.
Ali estava a resposta à pergunta que a atormentara antes. Ser rejeitado por Tanya fora um golpe duro para o orgulho masculino de Edward, tema de comentários no vilarejo. Para compensar, ele criara a ficção de que o casamento delesera por amor, um romance devastador. E isso explicaria por que ele ainda não comentara com a mãe sobre a gravidez, bem como por que montara aquela cena para a governanta. Ele a usara de forma fria e calculista para apresentar a imagem de casamento em que ele queria que todos acreditassem.
- Está claro?
- Perfeitamente — disparou Isabella. — Mas até quando essa farsa vai durar? Afinal de contas, não podemos fingir por muito tempo que essa gravidez não existe. Depois do Ano-Novo, vai começar a aparecer...

Edward viu quando ela levou a mão ao abdômen e ficou olhando para o ponto que ela tocara.
Isabella teve a estranha sensação de que ele se esquecera do bebê. Um segundo depois, rejeitou a idéia, dada a grande insensatez que era. Claro que ele não se esquecera, era o único motivo de ele ter se casado!
- Não pretendo esconder isso de ninguém — declarou Edward, rígido. — Apenas prefiro escolher o melhor momento para contar a todos.
- Claro que você prefere! — Isabella amargurava-se por saber que estava sendo manipulada. — Não combinaria com a ficção, se as pessoas soubessem que foi um casamento forçado.
- Não foi um casamento forçado! — Pela primeira vez, Edward ficou realmente zangado, a fúria estava no olhar.
- Para mim, foi! — rebateu Isabella, ferida. — Mas, independente de como apresente nosso casamento às pessoas, elas ainda vão pensar que você foi forçado...
- Não se você fizer a sua parte direito. O que me lembra...
Isabella sabia o que se seguiria e enrijeceu-se, antecipando a ordem.
- É melhor você se mudar para o meu quarto antes que minha mãe chegue. Não vai parecer certo dormirmos em camas separadas.
Como gostaria de recusar-se a obedecer, mas, com Edward naquele mau humor, Isabella não se atreveria.
- A Sra. Newton não vai dizer nada?
- A Sra. Newton vai manter a boca fechado se for sábia — declarou Edward, áspero.— E você pode parar de parecer tão aterrorizada em dividir a cama comigo. Já fez isso antes e essa mudança vai me dar a oportunidade de convencê-la de uma coisa, pelo menos.
- E o que seria?
Cada instinto de Isabella dizia que ela não ia gostar da resposta. Ele sorriu-lhe de forma diabólica, o olhar num brilho ameaçador.
- Vai me dar a chance de provar-lhe de uma vez por todas que, ao contrário do que pensa, não pretendo tê-la como esposa apenas no nome. Na verdade, se a Sra. Newton não estivesse prestes a entrar para anunciar o jantar, eu lhe provaria bem aqui e agora.
- Eu.. — Isabella engoliu em seco, lutando contra os sentimentos que debatiam-se dentro dela. — Você quer dizer...
- Quero dizer que, quando me casei com você, eu imaginava nossa relação o mais verídica possível e isso inclui partilhar a mesma cama. Posso ter-lhe dado alguns dias para se adaptar, para se acostumar ao seu novo lar e a todas as mudanças que lhe aconteceram, mas isso foi apenas uma concessão temporária. De hoje em diante, esse privilégio está suspenso.
- E esse será outro arranjo temporário?
- Oh, não. — Edward balançou a cabeça, decidido. — Pelo contrário, esse arranjo será permanente. Eu a quero em minha cama esta noite e todas as noites por tanto tempo quanto este casamento durar.

E quanto tempo seria isso? Isabella não fazia a pergunta, pois temia a resposta. Tinha medo de que ele dissesse que, assim que o bebê nascesse e estivesse legalmente registrado como seu filho, não tinha mais interesse no matrimônio, nem na esposa segunda colocada. Bem no fundo, sabia que não deveria esperar que aquele casamento durasse muito. Só não imaginava como lidaria com a situação quando, inevitavelmente, Edward lhe comunicasse que estava tudo acabado.

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