Autora(o): Kelly Domingos - Whatsername no Nyah!
Gênero: Angst, Romance, Universo Alternativo, Hentai, Drama
Censura: +18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
A dama e o vagabundo.
POV Bella
O dia meio
nublado ainda estava na metade. Não que isso fosse ruim, o clima ameno
deixava tudo melhor. Eu ficava
melhor. Um pequeno calendário em minha frente denunciava que há, exatamente,
nove dias eu não via Edward. Eu sabia que ele estava em Chicago, não
existia outra possibilidade. Eu poderia ligar para Esme e perguntar sobre ele,
mas preferi usar o resto de meu orgulho. Edward tinha feito as escolhas deles;
cabia a mim, fazer as minhas.
Enfiei
minhas mãos no casaco de lã e voltei a digitar. Meus olhos cravaram na
tela em minha frente, reli todas as linhas procurando um erro. No fim, o texto
estava impecável. Ângela fazia seu trabalho também em silêncio, ela parecia
feliz, pelo menos. Averigüei
minhas mensagens, sem saber o porquê de eu estar em expectativa em receber
algum torpedo.
O vento,
que entrou pela janela, bateu contra minhas costas. Eu gemi por causa do
inconveniente, perguntei-me quem foi o estúpido que deixou as janelas abertas.
Conferi as horas no canto da tela, já se passava das duas e eu precisava de
alguma coisa quente para me aquecer. Obviamente.
“Acho que
vou comprar café, você quer?” Dirigi-me a Ângela, ela pareceu surpresa.
Ângela me
olhou sobre os óculos, um sorriso esperto brotou em seus lábios. “Peça a
Carter para buscar, ele não te nega nada!”
Eu bufei
com o comentário carregado de segundas intenções, Ângela adorava aquilo. Carter
tinha chegado ao jornal há quatro dias. Vindo do Texas e trazendo um par
gigante de olhos azuis. A pele
clara contrastava com os cabelos pretos, ele vivia sorrindo. E, segundo Ângela,
ele não tirava os olhos de mim. O que era uma completa mentira, afinal
ele poderia olhar para Jéssica e Lauren. E, sim, elas queriam aquele tipo de
olhar, não eu.
Carter era
divertido, ele era redator e vivia em minha sala. Os almoços tornaram-se
freqüentes, conversamos sobre mil coisas. Ele tinha um francês
extraordinariamente bom, o que me fez voltar a praticar também. Esse emprego
idiota tornou-se um pouco menos intragável. Carter era uma agradável companhia no
fim.
“Então, quer ou não?” Voltei-me novamente para Ângela.
“Cappuccino, por favor!” Ela disse sorridente, duas notas
foram entregues a mim, eu as devolvi prontamente.
“Cortesia!” Falei e peguei meu outro casaco, segui para fora
de minha sala.
Enquanto
esperava o elevador, avistei Carter vindo sorridente em minha direção. “Oi
Bells!”
“Oi!” Devolvi-lhe também com um sorriso.
Ele não
tinha a postura imponente de Edward, muito menos, o charme irresistível. Eu
não encontraria aquelas qualidades em homem nenhum.
“Uh, estou
indo atrás de um café!” Falei depois de sair de meus devaneios.
“Posso te acompanhar?” Carter deu um passo para minha
direção, ele olhava para algum ponto abaixo de meu pescoço.
“Claro.” Minha fala fez com que as portas do elevador se
abrissem. Não literalmente.
O cubo
cheio de pessoas demorou exatamente quarenta e três segundos para chegar ao
térreo. Sim! Eu tinha cronometrado.
A pequena
Starbucks ficava do outro lado da rua, esperamos o fluxo de veículos diminuir
para atravessarmos. Eu sentia os olhos de Carter em mim, analisando
minhas poucas ações. Ele sabia que eu escondia alguma coisa, não era esconder,
mas eu não via necessidade em comentar minhas desilusões.
“Qual você vai querer?” Ele perguntou atrás de mim,
surpreendi-me pela proximidade.
“Um
cappuccino para Ângela e um expresso para mim.” Falei e dei um passo
para frente, eu gostei da distância que se criou.
“Expresso? Não é muito forte?” Carter parecia indignado com
minha escolha.
“Eu gosto!” Falei sorrindo para ele, embora eu não visse
fundamento no comentário dele.
“Bella?” Ele me chamou com um tom desconhecido, os olhos
estavam cheios de expectativa.
Tirei meus
olhos da calçada, eu não consegui interpretar o olhar que ele me lançava. “Sim?”
Primeiro,
ele abriu um sorriso grande e, depois, correu os dedos no cabelo escuro. Aquilo
me lembrava Edward, eu suspirei com a lembrança. Minha mente voou para o cabelo
dourado de Edward, o jeito como os dedos dançavam entre os fios, um sinal de
nervosismo e timidez.
“Então
Bells, quer sair comigo sexta à noite?” A voz de Carter soou um tom mais
alto.
Recobrei-me
completamente envergonhada, eu não tinha prestado atenção em nenhuma palavra. “Oi?
Sexta? O que tem sexta?”
Eu pude ver
uma pontada de decepção no semblante dele. “Eu te perguntei se você quer
sair comigo na sexta.”
Eu pensei
sobre as palavras. Elas tinham alguma coisa de diferente que eu não
soube identificar, aquilo soava como um encontro.
“Você e eu, apenas?” Coloquei vagamente, mal tinha percebido
que nós tínhamos entrado novamente no edifício.
“Exatamente!” Carter disse e penetrou os olhos azuis em mim.
“Eu quero te conhecer melhor.”
Meus olhos
arregalaram pela surpresa. Eu não queria encontros, tão pouco, conhecer
melhor alguém. Eu estava perfeitamente confortável com Carter como meu amigo.
“Por que
não sairmos em amigos, você não conhece muita gente aqui e eu tenho amigos
legais!” Falei tudo atropelado.
“Saída de amigos?” Ele repetiu quase entediado.
“É o que
somos, certo?” Joguei para ele e dei meu primeiro gole de café. Minha língua
queimou, eu nunca iria me acostumar a tomar coisas tão quentes.
“Claro, Bella! Amigos!” Ele disse um pouco mais alto.
“Sexta?”
“Pode ser amanhã?” Perguntei sem olhá-lo, eu saiba que era
folga de Alice e Rosalie.
“Quando você quiser, Bells!” Ele disse sorrindo, embora não
fosse seu melhor sorriso.
(...)
O frio aumentou consideravelmente quando a noite caiu. O
aquecedor do carro não funcionou muito bem, o que me deixou completamente mal
humorada. Eu não tinha a
mínima vontade de fazer alguma coisa para eu comer, então não pensei duas vezes
antes de passar no primeiro drive thru que vi. Coloquei o pacote com hambúrguer
no banco do carona e bebi o Milk Shake de morango. Estava queimando de
tão gelado, mas era bom. Sem permissão, Edward roubou todas
minhas linhas de pensamento. Porra, eu deveria parar de
pensar nele. Para o bem de
minha sanidade. Ponderei sobre o que
Edward estava fazendo em Chicago, talvez indo aos bares que ele tanto gostava,
ou se divertindo com alguém. As duas hipóteses não soaram bem. Eu não o
queria bebendo e, muito menos, com outra mulher.
Estacionei
o meu carro em minha vaga, muita gente fazia o mesmo. Minha espinha
recebeu um tremor quando vi que o Volvo não estava na vaga no fim do
estacionamento. Edward tinha voltado. Eu sorri para minha dedução. Segui
completamente absorta para o elevador, sem saber o que pensar. Ele tinha
voltado e, possivelmente, ido trabalhar. Eu sabia quem me daria as respostas. Ligar para Jasper não parecia muito
oportuno, ele tinha ficado chateado com Edward pelos últimos acontecimentos,
assim como Alice. Busquei rapidamente o número de Emm em meus contatos.
“Oi?” A voz
de Rose surgiu repentinamente.
“Rose? Este é o numero de Emmet, certo?” Eu sabia que eu não
tinha discado errado.
Ela riu
antes de responder. “Ele está aqui em casa, precisa conversar com ele?”
“Uh, amanhã
você tem a noite livre? Eu estava pensando em sair para comer alguma
coisa!” Falei ansiosa pela resposta.
“Isso
parece ótimo, aonde quer ir?” Rose disse também interessada.
“Eu não sei,
que tal massas? Está meio frio!” Falei e pedi para que Rose não me
achasse muito idiota, pois não fazia sentido relacionar massas com frio.
“Eu vou,
com certeza Emmett vai animar também!” Eu sabia que ela sorria
abertamente do outro lado.
“Eu vou
levar um amigo, Alice e Jasper devem ir também e minha amiga do jornal.” Falei
pausadamente e aproveitei para sair do elevador.
“Um amigo?”
Rose disse sem disfarçar sua presunção.
Eu bufei. “Apenas um amigo, Rose! Emm pode falar comigo?”
Era melhor encerrar o assunto que mal tinha começado.
“Até amanhã então, beijos!” Ela disse e não esperou minha
resposta.
“Oi Bella!” A voz animada de Emm veio meio abafada.
Meu rosto
corou sem motivos, procurei minhas chaves na bolsa. “Trabalhou hoje?”
Emmett
sorriu do outro lado, eu poderia imaginar as covinhas se formando. “Eu
trabalhei e Edward também, ele deve terminar o plantão daqui a pouco!”
Fiquei
feliz por ele responder minha pergunta silenciosa. Eu queria perguntar
tanta coisa. “Obrigada, Emm!”
“Ele parece
meio fodido, no entanto.” Emmett disse superficialmente.
Eu preferi
não fazer réplica sobre aquilo. “Eu vejo você amanhã?”
“Eu sempre
estou a disposição quando se fala em comer, por favor, não troque o restaurante
em cima da hora, sim? Eu realmente quero comer macarrão!” Emmett disse
sorrindo, perguntei-me como ele sabia de tudo aquilo, talvez eu gritasse no
telefone.
“Não se preocupe, Emm! Até amanhã!” Desejei-lhe por fim.
“Edward
pode saber sobre amanhã?” Ele disse antes que eu desligasse.
“Não, por favor.” Pedi sem pensar.
“Sem problemas, boa noite.” Emmett desligou logo depois.
A chave da
porta da sala ainda estava em minhas mãos, destranquei a porta e a primeira
coisa que fiz foi jogar meus sapatos para fora de meus pés, eu deveria me
lembrar de nunca mais usar aquele salto, meu tornozelo queimava como brasa. Joguei
minha bolsa no sofá e puxei meu celular para mim. Disquei para Alice
para avisá-la sobre nosso jantar de amanhã, aproveitei para chamar Jake também.
Uma mesa não seria o suficiente para nós amanhã.
Eu me
sentia sonolenta, busquei meu par de sapatos no chão. Encarei o pedaço
de papel perto da porta, estranhei não tê-lo visto antes. A curiosidade tomou
cada célula de meu ser. Aos poucos, uma expectativa estranha ia tomando conta.
Desdobrei o papel cuidadosamente.
Bella,
Não sei se você quer me ver ou escutar minha voz.
Espero que você
esteja bem, queria conversar com você.
Você sabe como me encontrar.
Bom dia de
trabalho!
Edward.
A última
oração revelava que ele tinha deixado o recado pela manhã, talvez antes de ir
para o batalhão. Fora um tanto evasivo, eu não poderia concluir nada
efetivamente. Li o papel novamente, as palavras não deixavam claro o estado de
espírito de Edward. Guardei recado em minhas coisas. Não pensei muito sobre
aquilo, eu queria vê-lo e escutar a voz melodiosa, mas eu sabia que eu não
estava preparada.
Encarei
minha cama, eu queria desmontar sobre ela. Peguei o primeiro par de
roupas velhas que vi e segui para o banheiro. Eu aproveitei cada segundo
debaixo da água quente. Eu sorri quando passei pelo espelho e me vi
completamente enrugada.
O meu
reflexo deixava bem claro que eu parecia a pessoa mais feia do mundo. Meu
cabelo estava meio seco e minha pele apresentava uma oleosidade incomoda. Já
estava tarde, mas peguei todos os cosméticos que eu tinha e voltei para o
banheiro. Cinqüenta minutos depois, terminei meu ritual mal feito de beleza.
Seguei meus cabelos e apaguei logo em seguida. Para variar um pouquinho, minha
noite não fora bem dormida.
(...)
Eu deveria comprar roupas de frio! Meu armário não me dava
opções, analisei mais uma vez as roupas em minha frente, nada parecia bonito.
Era um restaurante de massas e eu estava com meus amigos, talvez uma calça e um
suéter dessem certo.
Procurei
meu melhor jeans, embora eu duvidasse se, realmente, existisse algum. Por
fim, fiz com que uma calça escura subisse em mim. Puxei meus suéteres para fora
do armário. Tinha um azul escuro e outro vermelho, eu preferia o azul, mas ele
estava velho demais. Olhei-me no espelho, o decote em V deixava muito de meus
peitos a mostra, pensei sobre colocar uma jaqueta. Antes que eu procurasse por
ela, ouvi umas quatro batidas na porta.
Corri para
atender, praguejei baixinho quando percebi que eu estava descalça. Abri
a porta e encontrei Carter em postura completamente ereta.
Eu tinha me
esquecido que ele me levaria. “Oi!”
Carter
abriu o sorriso para mim, mas eu via que ele não queria sorrir tão abertamente.
“Cheguei muito cedo?” Ele disse quando seus olhos pararam em meus pés
descobertos.
Senti meu
rosto queimando, o constrangimento tomou-me por inteiro. “Entre, eu não
vou demorar.”
Dei
passagem para ele. Era falta de educação, mas não ofereci nada para ele beber,
afinal ele estaria dirigindo e eu precisava urgentemente calçar qualquer coisa.
Segui para o meu quarto. Usar salto não era uma opção, procurei meus
pares de sapatilha. Peguei a mais neutra de todas e calcei. Antes de sair do
quarto, olhei-me no espelho. Cara lavada, muito peito a mostra, calça estranha,
cabelo indefinido. Eu não saberia dizer se ele estava mais para ondulado ou
liso.
Voltei para
sala e encontrei Carter sentado no sofá, era estranho, mas eu não gostava de
vê-lo em meu sofá. Não ele.
“Podemos
ir!” Falei para ele notar minha presença.
Carter
subiu o olhar para mim, eu corei todos os tons de vermelho quando ele não
disfarçou o olhar em meu colo pouco velado. “Você está bonita, Bells!”
“Vamos?” Segui para a porta. O elevador não demorou a abrir
as portas, eu tinha medo de encontrar Edward ali, fiquei aliviada quando não
tive nenhum vislumbre dele.
Eu sabia
que Carter estava me olhando, eu queria tirar o rubor de meu rosto. “Você
vai gostar de meus amigos!”
“São quantos?” Ele perguntou assim que paramos na garagem,
eu não tinha percebido, mas estava fazendo muito frio.
Contei nos dedos. “Se Ângela for, serão seis.”
Ele apenas
acenou com a cabeça, Carter nos guiou para uma Mercedes preta, nenhum carro era
mais opulento que aquele. Quando abri a porta do carona, me deparei com que
havia de mais tecnológico quando se tratava de eletrônicos para carro. Tinha
aparelho de som, leitor de DVD. Um carro não precisava de tudo aquilo.
Os vidros
abertos deixavam o ar gelado bater contra meu rosto, perguntei-me se aquele
carro não tinha aquecedor e se Carter não sentia frio, pois não fazia sentido
ele está apenas com uma camisa de botões. Nós tínhamos escolhido o I Trulli, o
restaurante mais italiano que eu conhecia. Quando sai do carro, senti o
frio mais uma vez. Eu era uma friorenta do caralho. Abracei meus braços na
frente de meu corpo para tentar me esquentar um pouco.
“Bella?” Uma voz masculina gritou atrás de mim, virei para
encontrar um Jake completamente sorridente.
Eu dei dois
passos na direção dele, abracei-o por dois motivos, eu estava feliz em vê-lo e
eu queria um pouquinho de calor.
“Fico feliz
por você ter vindo, Jake!” Falei ainda o abraçando.
“Eu disse
que viria, minha mais nova amiga!” Ele disse sorrindo. “Nada melhor que
massa e vinho nessa noite gelada da porra.”
“Beba por
dois então, sim?” Falei ainda naquele abraço quente, aquilo era bom. Eu
sabia que Jake não estava nem aí para meus peitos praticamente amassados entre
mim e ele.
“Como não vai beber? As pessoas saem com esse intuito!” Jake
disse meio ultrajado. Eu sorri, eu tinha certeza que Edward pensava como Jake.
Então eu me
lembrei de Carter, eu sempre me esquecia dele. “Eu preciso lhe
apresentar um amigo, ele é novo na cidade!”
“Carter? Este é Jake!” Apresentei-os, um breve aperto de mão
fora dado. Minutos mais tarde Ângela estacionou seu carro perto de nós.
Eu quase
gargalhei quando ela babou por Jake, se Ângela não namorasse tão sério com Ben,
eu arriscaria dizer que ela seria incontrolável. “Oi gente!”
“Oi Ângela! Este é Jake, amigo de Alice!” Falei ainda
sorrindo, mais tarde eu poderia falar sobre o pequeno detalhe de Jacob, se bem
que eu sabia que ela descobriria antes.
Os dois
conversaram animadamente, eu fiquei perto de Carter, ele parecia incomodado com
alguma coisa. “Alguma coisa errada, Carter?”
Ele sorriu
superficialmente para mim. “Eu não gosto de deixar meu carro com manobrista.”
Mais uma preocupação infundada. “Eu sempre venho aqui, os
funcionários são ótimos, não se preocupe.”
Ele não me
respondeu, então eu girei para Jake novamente. “Bella, e aquele cara da
boate? Edward, não é?”
Meu rosto
esquentou sem minha permissão, vi quando Carter se aproximou de mim, Ângela
sorriu complacente. Ela sabia apenas o necessário.
“Ele
viajou, mas já está de volta!” Falei simplesmente, pedi para que não
pedisse mais detalhes.
“Ele é tão
engraçado, ele gosta de você! Ele repetiu umas 34876568 vezes para mim!”
Jake disse sorridente, eu sorri pela confissão. Se aquilo fosse verdade, eu
seria uma mulher completamente feliz.
Não me
permiti pensar em Edward, eu estava com meus amigos e precisava curti-los. “Eu
sempre falo para Alice não se atrasar, mas é obvio, ela nunca me escuta!”
Quando
saquei meu celular para mandar uma mensagem, o carro de Jasper apontou na
esquina. “São eles!”
Alice me
abraçou sorridente, ela estava dentro de uma calça e uma jaqueta de couro
vermelha. “Como você está, Bella?”
Eu sabia o
que ela queria saber. “Estou levando.”
“Jasper
disse que Edward está de volta, conversou com ele?” Alice perguntou baixo, eu
gostava disto nela. Ser discreta nas horas certas.
“Ele me
deixou um bilhete ontem, mas não o procurei, eu não vou correr atrás, eu já
disse.” Sussurrei para ela.
“Eu não te
quero triste hoje, sim? Cadê Rose e Emm?” Ela perguntou, um sinal para
mudarmos de assunto.
“Assim como
você, eles devem atrasar um pouco!” Falei divertida, Alice sorriu junto
de mim. Minutos mais tarde Jasper se juntou a nós.
“Edward
apareceu para trabalhar hoje.” Ele disse superficialmente, era fácil ver
que ele estava irritado com Edward.
“Jasper, eu
sei que você se preocupa comigo, mas eu posso resolver minha vida, sim?” Pedi
calmamente.
Ele sorriu
timidamente e coçou a barba loira. “Eu sei que você pode, Bella!”
Eu sorri
também, eu sabia que nosso pequeno momento de pai e filha tinha acabado.
Quando o
frio tornou-se insuportável, dei a sugestão de esperarmos Rose e Emm dentro do
restaurante, lá tinha lareira e eu estava ansiosa por essa parte. Eu ouvia a
conversa animada de Carter com Alice e Jasper, eles falavam alguma coisa sobre
a França, Carter contava como fora ficar seis meses na Europa. Eu apenas ouvia.
Agradeci quando vi Rose e Emm chegando de táxi. Ela parecia irritadiça e
Emmett sorria para ela.
“Bella,
desculpe por esse atraso imperdoável, mas meu namorado super inteligente
decidiu perder as chaves do carro, e você sabe como os táxis são...” Rose
disse atropelado, ela ainda mantinha um olhar cheio de lamentação.
“Rose não
se preocupe, fico feliz em ver vocês!” Abracei Emmett também, eu sorri
quando ele apertou minha bochecha.
“Oi Bella!” Ele disse sorrindo. “Quem vai comer mais hoje?
Você ou eu?”
Eu
gargalhei para ele, completamente contagiada por aquele humor leve. “Eu
preciso lhes apresentar Carter, meu amigo.”
O casal
trocou um par de palavras com Carter, Jake mantinha uma conversa longa com
Ângela, juntei-me a eles. “Vamos entrar?”
“Bella, eu
não posso acreditar que esse pecado aqui é gay, eu não admito!” Ângela
apontou para Jake e sorriu, todavia, ainda existia um pouco de indignação na
fala.
Jake e eu rimos. “Eu também não acredito!” Jake circulou seu
braço sobre meu ombro e entramos no restaurante. Aconchegante era a palavra para
adjetivar o espaço.
(...)
Eu não sabia o que mais me fazia sorrir, se era Jake
contando suas aventuras sexuais, fazendo Jasper e Emm gargalharem e quase
cuspirem suas bebidas, ou se era Ângela remoendo a opção sexual de Jake. Alice
e Rose estavam em um mundinho a parte. Com certeza, falando sobre a próxima
semana de moda. Aquela futilidade era bem vinda.
Carter
permaneceu sem falar muito ao meu lado, talvez ele não gostasse muito de meus
amigos, sendo assim, o problema estava exclusivamente com ele.
“Você parece impaciente...” Coloquei superficialmente, ele
sorriu do mesmo modo para mim.
Eu me senti
vulnerável quando ele deixou os olhos tempo demais em meu decote. Eu não
gostava daquele olhar. Por vezes, Edward encarava meus peitos, e era tão
diferente! Eu gostava e achava divertido pega-lo olhando. Eu não me sentia
assim agora.
“Eu estou
bem, só não gosto muito de massas.” Ele disse e percebi que ele mal
tinha tocado no prato.
Senti a
vergonha subindo para o meu rosto. “Desculpe, por que você não avisou?
Poderíamos comer outra coisa!”
“Você não
me deu essa opção, e seus amigos não parecem gostar da alta culinária.” Carter
disse sem mudar o tom.
Eu não
queria ficar irritada, mas não consegui. Eu odiava quando faziam
qualquer comentário idiota sobre qualquer amigo meu, eu não admitia. E, céus,
aquela comida estava fodida de tão boa! Eu poderia pedir a receita daquele
rondele!
“Eu
realmente lamento, mas tudo parece bom para mim.” Falei e não esperei
qualquer tipo de resposta. Voltei a prestar atenção em Jake e nas risadas de
Jazz e Emmett.
Meu prato
já estava limpo, minha boca pediu para eu experimentar o vinho que Alice
dividia com Ângela, a garrafa já estava perto do fim. Vi Carter bebendo
um pouco também. Eu bufei,
porra, ele estava dirigindo! Eu não estava muito animada em voltar para casa
com ele, talvez Jake me levasse. Aproximei um pouco mais para o fogo que
provinha da lareira. Eu gostava de ver a chama laranja, por vezes, o azul ciano
aparecia. Era bonito e quente.
Meu olhar
vagou para as outras mesas, tinham muitos casais. Eles pareciam
completamente cúmplices. Eu
tinha certa inveja, uma inveja boa. Bebi um pouquinho do suco de abacaxi e
hortelã, minha boca agradeceu por aquele frescor. Corri mais uma vez
meus olhos pelo salão, dessa vez, indo até a entrada. Então meu coração saltou,
eu tive que piscar várias vezes para acreditar.
Edward
entrou calmamente, ele cumprimentou o host com um aperto de mão, eles pareciam
se conhecer a anos. Eu não conseguia desviar meu olhar, o rosto era de
quem estava cansado, a barba estava feita e os cabelos, perfeitamente
desalinhados. Estranhei as olheiras, talvez ele estivesse um pouco mais magro
também. A calça clara não caia e combinava com o suéter azul marinho, eu gostei
de ver o colarinho da camisa pólo saindo. E ele estava de óculos, para a minha
perdição.
Meu coração
trepidou em meu peito, minha barriga deu voltas e eu sequei minhas mãos suadas
em minha calça. Eu sabia o que era aquilo. Nada tinha mudado. Eu
sentiaaquilo por ele. Sim! Eu o amava.
“Rindo de quê?” A voz de Carter me trouxe para a realidade,
ele estava curioso.
“Nada!” Menti e o olhei, o problema era que todos também
estavam me olhando.
Merda!
Olhei para
Jazz e Emm, eu iria matá-los se eles tivessem falado para Edward que eu estaria
nesse restaurante. Meus olhos os fuzilaram, ambos também pareciam
confusos. Talvez tudo fosse uma coincidência. Agradável, eu diria. Voltei a beber do suco,
Edward não tinha nos percebido, mas não demoraria a ele fazê-lo. As
risadas de Emm eram ouvidas por qualquer um.
Fiquei
feliz quando Emm dividiu comigo uma poção de calzone, foquei apenas no
aperitivo. Era difícil ignorar todos os olhares em mim; discretamente,
olhei Edward andando ao lado do host, ele caminhava para nossa direção. Ele se
sentou muito próximo a nós, havia apenas uma mesa nos separando. Eu fiquei
triste por ele comer sozinho, eu não gostava de fazer refeições sozinha. Edward
não tinha ninguém para dividir a mesa, todos seus amigos estavam em minha mesa.
Eu me senti um pouco egoísta.
Emmett deu
um aceno para ele, senti meu rosto corando quando todos os outros fizeram o
mesmo. Eu fui obrigada a subir meu rosto e encontrar o par de olhos verdes. Meu
rosto era um tomate, simples assim. Meu corpo iria amolecer a qualquer
instante, pois ele estava sorrindo para mim. Edward deu um aceno breve e meu
coração pulou, quase saindo do lugar e indo para o lado direito. Não deixei que
meus lábios soltassem alguma coisa idiota, apenas retribui o aceno.
Jake foi o
primeiro a me olhar, seguido por Rose e Alice. Eu voltei a comer para
evitar qualquer começo de assunto. Emmett sorriu e bagunçou meu cabelo, ele
recebeu um olhar de reprovação de Rose, todos sabiam que seria falta de
educação se caísse algum fio de cabelo em nossa comida. Emmett mandou-lhe um
beijo como desculpas. Rose o pegou e guardou dentro de sua bolsa. Eu ri descaradamente para o teatro. Carter
atrapalhava minha visão, eu não conseguia ver o rosto de Edward, o que era
realmente ruim. Em algum momento, Jake começou a falar de cabelo e
maquiagem.
“Quando o
rosto é bonito, já é meio caminho andando para uma boa maquiagem!” Ele
disse alto, meio embolado, completamente bêbado. “O rosto de Bella é perfeito,
é quase uma afronta tingi-lo com maquiagem!”
Ele pegou
meus cabelos que caiam soltos em minhas costas. “Olhem este cabelo, eu
daria tudo por ele e, por que não, por esse corpo também?”
As mãos de
Jake permaneceram em meu cabelo, ele o analisava e meu rosto permanecia
vermelho. Virei meu rosto e encontrei Edward encarando nossa mesa, pedi
para que ele não interpretasse distorcidamente o que ele estava vendo. Sim, tinha um cara massageando meu
couro cabeludo, mas ele não era um cara de verdade. Ele, então, me deu um
sorriso pequeno e voltou a beber, fiquei feliz em ver um suco qualquer em seu
copo. Analisei o que ele estava comendo, parecia ser rondeles também. Depois do
pequeno surto de Jake, os ânimos voltaram ao normal. Eu conseguia ver
Edward vidrado na tela de seu celular, ele estava completamente entretido.
Talvez trocando mensagens com alguém.
Nossa noite
parecia perto de acabar, todos estavam empanturrados, mas eu ainda aguentava
uma sobremesa qualquer, Emmett parecia querer o mesmo.
“Bella,
você é a melhor companhia para um jantar!” Ele disse e me deu um
cardápio.
Eu não
gostava muito de tiramissu, então optei por uma poção de panna cotta. Emmett
pediu o mesmo. As conversas permaneceram
a todo vapor, a voz menos ouvida era a de Carter. Eu estava me sentindo meio
culpada pela situação, afinal era eu quem tinha o convidado.
Ele me
pegou olhando, um sorriso brotou em seus lábios. “Desculpe por eu ter
sido grosso com você, Bells!”
“Sem problemas.” Falei prontamente, eu não queria criar
clima estranho entre mim e ele. Olhei para trás e encontrei os olhos de Edward,
tinha alguma coisa diferente neles, eu ainda não sabia se eu gostava ou não.
Nós
seguramos nossos olhares, eu pude ver tanta coisa naquele rosto bonito. Edward
parecia leve, quase angelical. Não tinha a hesitação que eu tanto lamentava. Eu
não cansava de olhar para ele.
“A gente
ainda vai se dar bem, Bells.” Novamente, a voz de Carter atrapalhou meu
pequeno momento, meus olhos saltaram quando, sorrateiramente, senti uma mão em
minha coxa.
Carter
pareceu não se importar com a indelicadeza, a mão permaneceu no mesmo lugar. Senti
a raiva me consumindo, eu não gostava daquele tipo de contato sem minha
permissão. Eu não pensei duas vezes antes de tirar a mão de cima de mim.
“Não faça mais isso.” Falei só para ele ouvir.
Antes que
nossos doces chegassem, me levantei e fui ao banheiro. Eu ignorei Alice,
Rose e Jake vindo atrás de mim.
Eu passei
quase sem perceber pela mesa de Edward, ele estava terminado o último rondele.
“Eu pensei
que você nunca fosse sair daquela mesa!” Rose falou assim que paramos em
frente ao espelho. Eu estranhei Jake naquele banheiro conosco.
“Eu estou com raiva!” Falei enquanto molhava meus pulsos, a
água gelada não atendeu às minhas necessidades.
“Todo mundo
o viu pegando em sua coxa!” Jake disse e analisou o cabelo negro no
espelho gigante.
“Edward também?” Perguntei envergonhada.
Rose acenou
positivamente, meio sorridente. “Ele está rindo feito bobo para você!”
“Ele está
trocando mensagens com uma qualquer, pode apostar.” Falei e desconheci o
tom de minha voz.
“Carter
quer alguma coisa com você.” Alice disse por último, ela parecia feliz
pela informação.
“Não me
olhem assim, certo? Qual é o problema? Ele é bonito, solteiro...” Alice
continuou.
Ela estava
meio bêbada, então relevei aquele comentário. “Ele é só meu amigo!”
“Eu não
gostei dele, cara sem humor, nunca vi!” Jake disse debochado.
“Concordo plenamente!” Rose disse depois de retocar o batom.
“Você vai conversar com Edward?”
“Claro que não!” Falei sem certeza.
“Então pare
de ficar rindo para ele, você está alimentando as esperanças dele!” Jake
disse cheio de certeza. “Ele gosta de você, Bella!”
“Se
gostasse, não faria o que fez!” Falei sem pensar, mas era a verdade.
Edward não tinha o direito de brincar comigo daquele jeito.
“Bella, nem
tudo é preto no branco! É claro que Edward tem os motivos dele, apenas
saiba quais foram!” Rose disse me olhando pelo espelho. Tinha muita verdade em
seu tom.
Olhei para
Alice, ela tinha falado pouco. “Bella, eu estou meio bêbada para falar
qualquer coisa coerente.”
Depois da
grande participação de Alice, resolvemos sair do banheiro. Eu ainda sorria por
ver Jake andando como se nada tivesse acontecido. Ele só invadiu um banheiro
feminino, apenas isso. Não me permiti olhar para Edward. Pedi
internamente para que o episódio mão na coxa tivesse sido esquecido. Eu sorri
quando vi minha sobremesa sobre a mesa. Emmett já tinha terminado a dele. Eu estranhei quando meu celular
registrou uma nova mensagem.
Espero que você volte
logo para comer seu doce,
talvez eu o roube de
você. Ele parece bom.
E.
Eu reli a
mensagem no mínimo umas cinco vezes. Eu sentia o humor em cada palavra,
eu sorri para elas. Não respondi nada, apenas o olhei. Sobre a mesa, tinha o
mesmo doce. Eu sorri ainda
mais. Quando eu terminei, todos se movimentaram para se levantarem. Eu
iria sentir falta do fogo que me aquecia. Depois de pagarmos a conta,
caminhamos para fora do restaurante, o praguejei o frio. Restou-me abraçar
Jake.
“Edward vai
ficar com ciúmes!” Ele disse e me abraçou mais apertado.
Eu apenas
sorri baixinho, eu ouvia Rose falando sobre esticar a noite num bar. Ainda
era cedo, não passava das dez. As opções de fim de noite rondavam barzinhos
boêmios. Na verdade, eu só queria estar em um lugar quente. Nós ficamos na calçada até chegarmos
um denominador comum. Nós iríamos beber em qualquer lugar. Eu via Carter me olhando
de lado, eu não gostava daquele incomodo, eu também não queria ir embora com
ele por que, possivelmente, ele teria que entrar em meu apartamento, eu teria
que lhe oferecer bebida e conversar sobre a noite.
As ruas
ainda estavam cheias, perto de um arbusto, alguma coisa que fazia barulho me
chamou atenção. Era uma caixa de papelão cheia de filhotes, os
cachorrinhos soltavam aqueles gemidos insuportáveis por causa do frio. Eles
eram três. Completamente pequenos e choradores.
“Olhe!” Eu falei mais alto para alguém ouvir, apenas Carter
veio para o meu lado.
“Eles vão
morrer de frio!” Ele disse indiferente.
“Parece que sim.” Falei e encarei os filhotes, eles tremiam.
Perguntei-me por que as pessoas abandonam animais, eles eram chatinhos, mas,
quando crescidos, eram um graça.
Voltei
atenção para o grupo que ainda discutia alguma coisa, mas minha atenção durou
pouco, pois Edward desceu os dois degraus com insuportável elegância. Ele
trazia uma sacola na mão, talvez, o resto de seu prato. Ele tinha o rosto corado,
embora fosse um leve rubor. Edward cumprimentou Jasper e Emmett, percebi
que o contato fora mais frio com Jasper, mas ainda existia certa animosidade
entre eles.
Foquei no
chão quando o vi se movimentando para o meu lado. A presença imponente
nunca poderia ser ignorada.
“Oi Bella!” Ele disse calmamente, a voz melodiosa foi música
para mim.
“Como você está?” Perguntei e subi meu rosto para
encontrá-lo, os olhos verdes estavam completamente fixos nos meus.
“Bem melhor!” Ele disse feliz, as ruguinhas se formaram nos
cantos de seus olhos.
Nós dois
ficamos em silêncio, eu ouvia os cachorrinhos chorando ao fundo.
“Que barulho é esse?” Edward perguntou curioso.
Carter já
não estava ao meu lado. Apontei para o pequeno arbusto. “São filhotes.”
Edward
abaixou-se para vê-los. Existia alguma coisa nele que eu não conseguia
identificar, ele gostava de cães, isso dava para perceber.
“Eles não
vão durar muito se ficarem nesse frio.” A voz de Edward tremeu no final,
ele pegou a caixa do chão.
“O que você
vai fazer?” Perguntei completamente curiosa.
“Levar para
minha casa, oras!” Ele disse soando muito óbvio. “Eu gosto de cães,
Bella!”
Meu nome
dito naquela voz fez meu coração pular mais e mais. Era difícil não ser
retardada perto de Edward, ele me desestabilizava por completo.
“São três!” Eu falei apenas para lembrá-lo.
Aquilo fez
Edward pensar, não caberiam três cachorros dentro de uma casa, principalmente,
em um apartamento. “Espere só um minuto.”
Edward
seguiu com a caixa para a porta do restaurante. Ele conversou com o
host, no fim, o homem de meia idade soltou um sorriso.
Todos
olhavam para Edward, Rose e Ângela sorriam. Jake parecia meio absorto.
Edward voltou com um sorriso grande. “Ele vai ficar com dois!”
“Isso é bom!” Falei também com animação. “Então você está
adotando um cãozinho?”
Ele riu
abertamente, os óculos foram ajeitados. “Pois é!”
Outro
silêncio se fez, nós dois sabíamos que tínhamos muita coisa para conversar.
Talvez não fosse o momento certo.
“Bella, uh, a gente pode conversar, tipo, como amigos?” A
fala veio vacilante e, ao mesmo tempo, decidida.
Meu corpo
tremeu, eu tinha que controlar minhas reações. “Claro.”
A caixa
ainda estava em suas mãos, Edward tirou um filhote sem fazer qualquer tipo de
escolha e levou a caixa com os outros dois até o host. Eu caminhei atrás
dele, Edward encarava o cãozinho de olhos negros. A pelagem era indefinida,
meio amarelada. Não era cão bonito, não tinha raça. Todavia, parecia simpático. O manobrista não
demorou a trazer o carro de Edward. Eu sorri quando Edward se atrapalhou
para tirar a carteira do bolso, eu queria me oferecer para pegar o filhote, mas
decidi por não fazê-lo.
Edward
colocou o filhote no banco de trás e abriu a porta do carona para mim. Eu
deslizei para o banco de couro, cheia de vergonha. Eu não sabia o que Edward
queria conversar comigo.
Ele deu a
volta e sentou-se no bando do piloto, o filhote parecia mil vezes mais calmo
agora. “E esse frio que surgiu do nada?”
Deixei
escapar um sorriso, relevei a escolha de assunto de Edward. Encarei o
suéter que ele usava, era quase igual ao meu, embora tivesse uma gola masculina
e velada. Era idiota fazer aquela comparação, mas fiquei feliz ao ver que ele
não encarava meus peitos. Olhei o painel do volvo. Só existia um rádio comum,
nada de muita tecnologia.
“Quer um
pouco de aquecedor?” Edward perguntou baixinho.
Sorri mais uma vez. “Isso seria ótimo, Edward!”
Ele ligou o
aparelho e o ar quente preencheu todo espaço, eu fiquei agradecida por aquilo. Edward
também parecia incomodado com frio. Nós não nos olhávamos, eu encarava minhas
mãos em meu colo.
“Bella, eu
deveria conhecer aquele cara?” Edward disse com uma voz estranha.
“Quem?” Eu perguntei, pois eu não sabia exatamente sobre
quem ele falava.
“O de
amarelo, que estava puxando seu cabelo como um louco!” Ele deixou uma
risada no final.
Era Jake. Meu rosto esquentou na mesma hora, eu não sabia
explicar aquilo para ele. Eu procurei as palavras, mas nada soava bom.
“Por que
você está corada?” Edward perguntou curioso, ele ainda sorria para mim.
Eu respirei fundo. “Qual foi a última vez que você bebeu?”
“Foi quando
a gente conversou.” Ele disse incerto.
“Ele te
levou para casa!” Falei e subi meus olhos para encontrar um Edward
completamente confuso.
“Como você sabe?” Edward perguntou me encarando, preferi
editar as cenas daquela noite.
“Eu estava
naquela festa, Jake viu quão bêbado você estava e decidiu te levar para casa.” Era
uma boa resposta.
Edward
sorriu para mim, aquilo tinha sido fofo, porra. “Não faz sentido um
desconhecido me levar para casa.”
Eu soltei
todo meu ar. “Eu pedi a ele, sim? Você parecia deplorável! Não se
preocupe, Jake não fez nada com você!”
“Por que
diabos ele faria alguma coisa comigo?” Edward estava fazendo perguntas
demasiadas difíceis.
“Ele é gay!” Falei aquilo calmamente, só esperando a reação
de Edward.
E, pela
primeira vez na noite, Edward corou fortemente. Os lábios se mexeram,
mas nada foi dito. Esperei um acesso de raiva, mas eu ganhei uma gargalhada
contagiante.
“Bella, sério?” Ele perguntou e buscou o fôlego. “Jura que
esse cara não fez nada comigo?”
“Ele diz que não!” Permiti sorrir também.
“Eu conto
com isso, sim?” Edward se moveu no banco para ligar o rádio, o som
também foi bem vindo.
“Não tem preconceito?” Perguntei apenas por perguntar,
embora aquilo fosse uma maneira de medir a inteligência de uma pessoa.
“Não, mas
eu não gosto de imaginar.” Edward disse calmamente, a resposta me
agradou.
Olhei para
o banco de trás e encontrei filhote dormindo, ele também agradeceu pelo
aquecedor.
“Jantando fora agora?” Falei quando percebi que o silêncio
iria imperar.
Ele sorriu
de um jeito tímido, as bochechas coraram. “Minha mãe disse para eu me
alimentar melhor, parar de comer congelados.”
Aquilo era
um sinal de que ele realmente esteve em Chicago. “Como seus pais estão?”
“Bem!” Edward disse simplesmente. “Esme também me cortou as
bebidas.”
“Ela está certa.” Falei na falta de outra resposta. Vi
Edward rindo para o celular, tentei não soar muito intrometida.
“Mensagens importantes?” Perguntei sem evidenciar minha
curiosidade.
“Oi?” Ele subiu os olhos para mim. “É angry birds!”
Antes que
eu caísse na gargalhada, encarei a tela do iphone. Edward não estava
mentindo e, então, eu gargalhei.
“Ei, eu
fiquei muito ocioso nos últimos dias!” Ele disse meio ultrajado, a
resposta deu margem para as minhas perguntas.
“O que você
fez em Chicago?” Soltei sem qualquer tipo de cuidado.
Edward
colocou o celular no painel, perto da sacola com comida. “Bella, a gente
tem que conversar mil coisas, mas eu não quero que seja dentro de um carro com
um filhote no banco de trás, entende?”
“Claro, Edward.” Falei baixo, eu sabia que existia tanta
coisa por trás.
“Edward,
por que você está tão diferente?” Minha pergunta saiu sem minha
permissão, mas eu queria saber a origem daquele olhar completamente leve.
“Ficar fora
me fez muito bem, Bella! Ele disse me encarando, e lá estavam os olhos
verdes e doces me fuzilando.
“Eu fico
feliz por isso.” Devolvi para ele, apenas.
“Bella, será que você pode me perdoar?” A fala veio depois
de um breve silêncio. Não consegui responder, apenas o olhei. O rosto não tinha nada a não ser a decisão, eu
amava aquele brilho nos olhos dele.
“Perdoar
por eu não ter acreditado em você, por ter socado suas costelas, por ter fazer
chorar, por sempre te deixar sozinha. Por tudo, Bella!” Edward disse e
um tanto de emoções dançaram em seus olhos.
“Eu preciso
que você me perdoe, eu preciso disto para dormir tranquilamente. Eu não
estou pedindo para você esquecer o passado, mas, por favor, me perdoe!” Ele
disse sem tirar os olhos de mim, eu queria falar alguma coisa coerente.
“A gente
tem muito que conversar, eu preciso te falar tanta coisa, mas, eu preciso de
suas desculpas.” Edward terminou a fala longa, meu coração estava na
boca, eu gostava de como aquelas palavras soavam. Eu gostava da decisão e da
remissão.
O rosto de
Edward estava ilegível, eu me inclinei para ele. “Eu posso esquecer o
passado, Edward!”
Minha
pequena declaração fez Edward soltar duas piscadelas. Aquilo seria
difícil, mas eu poderia esquecer tudo o que ele fez para me magoar.
“Esquecer tudo?” Ele perguntou com uma ponta de aflição.
Exatamente. Esquecer Sebastian, os quatro fodidos anos,
esquecer as atitudes indecifráveis de Edward. Eu iria esquecer tudo.
“Eu vou tentar, Edward. Posso pedir para você fazer o mesmo?
Esquecer tudo?” Perguntei baixinho.
Eu não
sabia nada sobre física, mas a gravidade tinha me levado para muito perto de
Edward. Nossos rostos estavam próximos, e o cheiro bom de Edward me
deixou tonta.
“Eu vou
esquecer tudo, Bella. Eu prometo!” Ele disse igualmente baixo.
Quando
nossas respirações se tornaram irregulares, percebi que aquilo era o que eu
mais queria. Meus lábios tremiam timidamente, Edward tinha um sorriso pequeno.
Fechei meus olhos por antecipação, senti as pontas dos dedos de Edward traçando
minha bochecha, tão delicadamente que me fez ficar emocionada. “Você é
tão linda!”
Meu corpo
tremia pela expectativa, subi minhas mãos pelos braços firmes, acaricie-o nos
ombros e no pescoço. Nossos lábios estavam quase colados, ninguém dava o último
passo. Eu fiquei mole quando Edward o fez. O par de lábios foi gentil
contra os meus, sem pressa, quase sem pressão. Edward pegou meu lábio inferior
e brincou com a pele sensível. Eu fazia o mesmo. Nosso beijo de lábios durou uma
eternidade, era bom aquele tipo de contato, era íntimo. Só nosso
A mão de Edward permaneceu em minha bochecha, o carinho era
doce. Sem eu perceber, ela foi para o meu cabelo. Edward massageava minha nuca,
aquilo me fazia ofegar baixinho. As minhas, que estavam no pescoço dele, também
subiu para os cabelos dourados. Eu
sabia que Edward gostava daquilo. Os toques tornaram o beijo urgente, Edward
contornou meu lábio com sua língua, eu a recebi sem relutar, o que fez nós dois
gemermos. Ainda assim o beijo não foi cheio de luxuria, nossas línguas
apenas dançaram um contra a outra.
Eu sorri
quando Edward me puxou para sentar de lado em seu colo, daquele jeito era bem
melhor. Aproveitei para afagar-lhe o peito, eu realmente me sentia
confiante com os sons que ele soltava.
Edward
diminuiu nosso ritmo, ele sugou meu lábio inferior e depois salpicou beijinhos
castos no canto de minha boca. Batidas no vidro me fizeram abrir os
olhos.
“Mas que porra!” Edward falou indignado, eu sorri para a
declaração.
Eu não sai
da posição que eu estava, Edward abaixou minimamente o vidro. Eu bufei quando
vi Carter nos encarando pela fresta. Meu rosto esquentou, Edward não me deixou
sair de seu colo. Eu vi uma pontada de raiva no rosto de Edward.
“Sim?” Edward disse sem qualquer tipo de polimento.
“Bells, eu
estou te esperando para irmos embora!” Carter falou um pouco mais alto.
“Ela está comigo, cara!” Edward disse rapidamente. “Não vê?”
Meu rosto
iria pegar fogo, aquela cena era ridícula.
“Eu vou
levá-la para casa!” Carter disse me encarando, ele mal tinha olhado para
Edward. Os olhos azuis pareciam irritadiços.
“Eu posso fazer isso.” Edward falou prontamente.
“Você não
sabe onde ela mora.” A fala de Carter me fez sorrir, Edward fez o mesmo,
mas ele não fez questão de disfarçar.
“Eu sei
exatamente onde ela mora.” Edward disse presunçoso. “Boa noite, cara!”
Antes que
Edward subisse o vidro, olhei para Carter. “Cadê todos os outros?”
“Eles foram
para um barzinho qualquer, pensei que a gente poderia fazer alguma coisa mais
interessante.” Ele disse sem tirar os olhos de mim.
“Desculpe,
mas eu prefiro ir para casa, Edward pode me levar, não se preocupe comigo!” Falei
atropelado, o vidro subiu antes que ele me dissesse qualquer coisa.
Voltei meu
rosto em chamas para Edward. Ele parecia um pouco irritado. “Uh, Carter
é meu amigo, ele trabalha no jornal.”
“E ele te
chama de Bells?” Edward disse sem me olhar, o rosto estava um pouco
corado.
“Um apelido, oras! Você também me apelidou!” Falei
constrangida, lembrei-me de Edward me chamando por baby. Eu sabia que ele
também tinha se lembrado.
“Bella?” Edward me chamou baixinho, ergui meu rosto para
olhá-lo.
“Sim?” Falei com a voz vacilante, o brilho nos olhos de
Edward me ofuscava.
“Eu não
consigo gostar de você apenas como amigo!” Ele disse antes de me beijar,
eu era uma gelatina gigante.
Como ele
gostava de mim, então?
Edward não
foi tão delicado desta vez, o beijo aprofundou rápido. Os ofegos saiam
baixos, minhas mãos puxaram o colarinho da camisa pólo, causando risos em
Edward. Os óculos não atrapalhavam, era um ingrediente a mais. Eu sentia falta
das mãos de Edward em mim, sem saber se era correto, pousei a mão dele em minha
cintura a outra estava em minha nuca. Ele tirou a mão de minha cintura um
segundo depois.
“Eu peguei
o cachorro com essa mão!” Edward disse entre os beijos. Eu tive que
parar para sorrir para ele.
“Você é tão
estranho, Edward!” Beijei-o novamente, eu ditava o ritmo.
A mão de
Edward puxou meus cabelos, eu soltei um gemido débil, nosso beijo deu espaço
para mil gemidos. Edward sabia exatamente como me deixar em brasas. Nós
sabíamos que não podíamos ir longe demais. Encerrei o beijo deixando
beijos pequenos no queixo quadrado de Edward. “Espero que você não tenha
colocado pulgas em meu cabelo.”
Edward
ajeitou os óculos e os cabelos. “Ele é limpinho, parece que ele nasceu
ontem, não deu tempo para ele se infestar.”
“É macho?” Perguntei e olhei para trás, o bichano dormia
tranquilamente.
“Acho que
mais fácil dividir um apartamento com um homem.” Ele disse sorrindo, eu
gostava daquele humor leve.
Nossos
olhos se prenderam durante o riso, estava tudo tão diferente, eu não me
assustava com aquilo. Ninguém não falou nada.
“Você
parece inteligente com os óculos e com esse suéter!” Falei ainda
sorrindo para ele.
“Só pareço? Pensei que eu fosse inteligente!” Edward disse
com falta irritação.
Eu sabia
que ele tinha me entendido, ele só queria me irritar. “Você é tão bobo!”
“Eu senti
sua falta, Bella!” Edward falou enquanto brincava com as pontas de meu
cabelo.
“Eu também.” Confessei baixinho. “Eu fiquei preocupada com
você.”
Edward
deixou escapar um sorriso tímido, os olhos ainda brilharam. “Quer ir
para casa, ou prefere encontrar os outros?”
“Casa, por favor!” Não precisei pensar.
O som baixo
embalou nossa viagem de volta para casa, eu lançava olhares de reprovação
quando Edward avançava os sinais amarelos.
“Eles
significam que devemos diminuir a velocidade, não aumentá-la!” Falei
quando Edward me lançou um olhar curioso.
“Bella, as
ruas estão vazias, por que eu ficaria parado em um sinal?” Ele disse
prontamente.
“Não é só
porque você tem habilidades óbvias atrás de um volante, você pode esquecer-se
de ser consciente.” Repliquei logo em seguida.
Nós dois ficamos
em silêncio. Edward parecia inconformado, eu também estava.
“Desculpe?” Nós falamos ao mesmo tempo, o que nos fez rir
também.
Aquela era
nossa primeira briguinha, sendo que tínhamos conversado por menos de quarenta
minutos. Eu poderia viver com as aquelas discussões bobas. Relaxei meu corpo no
banco de couro, eu sentia o sono me aplacando. Busquei a mão de Edward e
brinquei com os nós dos dedos. Era uma boa distração.
“O que
aconteceu entre você e Jasper?” Perguntei depois de um silêncio confortável.
“Ele se
preocupa com você, eu não julgo os motivos dele. Eu faria o mesmo.” A
resposta longa e evasiva me deixou curiosa, mas eu sabia que Edward não queria
aprofundar aquele tópico.
Continuei a
traçar os dedos longos, Edward às vezes tirava os olhos da avenida e me olhava.
Eu suspirava baixo quando ele deixava um sorriso doce para mim.
“Já pensou
em um nome para o cãozinho?” Perguntei a fim de manter uma conversa
leve.
Edward
sorriu, ele parecia uma criança. “Ainda não, sugere algum?”
Minha
criatividade não estava muito aguçada, nenhum nome parecia bom ou engraçado. “Eu
nunca tive um animal de estimação, eu não sei como apelidá-los.”
“Sério? Nunca teve? Sua infância foi completamente
incompleta!” Edward disse sorrindo.
“Dizendo
que minha infância foi defasada?” Lancei-lhe divertida também.
“Bella,
eles são uma graça! Você não teria coragem de matá-los, certo?” A
pergunta de Edward saiu meio mórbida, não tão leve como as outras.
“Claro que não, Edward! Eu sei que eles são fofos, eu gosto.”
Falei prontamente, eu poderia criar laços com o filhote sem nome.
Não demorou
a chegarmos ao nosso prédio. A garagem estava silenciosa.
“Bella, pegue esta sacola para mim?” Edward pediu enquanto
pegava o cachorro no banco de trás.
Fiz o que ele
solicitou, a sacola estava quente ainda e tinha um cheiro bom. “São
rondeles?”
Edward
sorriu ao meu lado. “Garantindo meu almoço de amanhã!”
Nós andamos
lado a lado até o elevador, Edward entrelaçou sua mão na minha. “Você
trabalha na sexta?”
Assenti positivamente. “Por quê?”
“Estava
pensando sobre jantar, conversar com mais tempo.” Edward disse com os
olhos nos meus.
“Eu não
chego muito tarde e, se quiser, eu posso fazer alguma coisa para gente.” Propus
calmamente.
“Isso
parece bom, está muito frio para ficarmos na rua.” Edward disse e
brincou com meus dedos.
“Friorento?” Perguntei-lhe curiosa.
“Extremamente calorento e friorento.” Edward falou e
aproveitou para afagar o pêlo do filhote.
“Posso pega-lo?” Perguntei e estendi minhas mãos, Edward me
deu o bichano de bom grado. A sensação era engraçada, eu tive vontade de rir,
os pêlos faziam cócegas.
Edward
pegou a sacola de minhas mãos, o elevador abriu a porta logo depois. “É
só impressão, ou você está mais baixinha esta noite?”
Senti todo
meu sangue fluindo para o meu rosto, senti também os dedos de Edward afagando
minha bochecha.
“Estou sem salto!” Falei de qualquer jeito, estranhei Edward
reparar naquele detalhe.
“Isto
significa que vou ter que me curvar ainda mais para te beijar.” Edward
disse entre um sorriso manso, e, então, ele se curvou para mim. Os lábios eram
o maior atrativo, eu quase fiz bico para ele. Edward gostava de me fazer
esperar, ele roçou os lábios sobre os meus antes de aprofundar.
“Você está
com gosto de abacaxi e hortelã!” Falei sobre os lábios dele, reconheci o
sabor do suco.
“É refrescante.” Edward beijou meus lábios mais um par de
vezes.
O elevador
subiu lentamente, dando tempo para aproveitarmos o momento. Embora eu
tivesse um cachorro em minhas mãos, dei o meu melhor naquele beijo. Nossos
lábios pediam mais e mais contato. Eu gemi frustrada quando Edward encerrou
nosso carinho.
“Eu não
quero fazer tudo atropelado outra vez.” Ele disse abafado, o rubor
deixava as bochechas engraçadinhas.
Eu sabia que
também deveríamos conversar sobre aquela noite, mas ainda não era a hora.
Deixaríamos estes assuntos para sexta. O elevador parou no quarto andar, mas eu
ainda não queria deixar Edward. “Você não quer entrar?”
Edward pareceu pensar. “Eu tenho que arrumar um lugar para
ele dormir e alguma coisa para ele comer.”
Eu não me
importei em Edward colocar aquele cãozinho em primeiro plano. “Eu vejo
você na sexta então.”
Ganhei um
sorriso aberto, Edward parecia contente. “Eu vou estar aqui, sim?”
Ele me beijou delicadamente. Nenhuma parte de meu rosto foi
protelada, eu gostava dos beijos em minha testa. “Boa noite, Bella!”
“Boa noite para vocês!” Senti-me meio idiota quando me
referi ao filhote. “Talvez ele beba um pouco de leite.”
“Vou tentar.” Edward deixou mais um beijo em meus lábios.
“Obrigado pela noite!”
“Eu também gostei.” Falei baixinho, selei mais uma vez
nossas bocas.
O contato
terminou rápido demais, Edward tinha os olhos nos meus. “Antes que eu me
esqueça, você está absurdamente bonita essa noite.”
Duas coisas
me deixaram ainda mais apaixonada. A declaração sincera e o simples fato
de Edward estar encarando meus olhos e não meus peitos. Consegui, apenas, sorri em resposta. Passei o
bichano para ele, Edward fez mágica para segurar o animal e a sacola, ele
voltou para o elevador assim que eu passei pela porta de meu apartamento. Quando
tranquei a porta, suspirei baixinho. Aquela noite não poderia ter sido mais
perfeita. Sem planejar, mil coisas tinham dado certo. Eu caminhei para o
meu quarto plenamente feliz.
Busquei meu
agasalho de moletom, escovei os dentes e escorreguei para debaixo das cobertas.
O sono veio rápido, antes, pensei sobre sexta. Aquilo soava como um encontro, eu não poderia
estar mais ansiosa. Meu celular vibrou perto de meu travesseiro.
Ele não gosta de
leite, fizemos uma pequena bagunça!
E.
Eu ri para
a tela do celular. A imagem de Edward dando leite para um cachorro
invadiu minha mente. Era uma imagem adorável.
Eu daria tudo para ver
isso!
B.
Coloquei o
iphone ao meu lado, ele não demorou a vibrar novamente.
Ele faz barulhos
engraçados quando corre pela sala,
talvez
flip-flop*combine com ele, o que acha?
E.
Mais uma vez abri um
sorriso, eu amava aquele humor bobo. Soa completamente idiota, mas eu gosto. Acredito
que ele não deixará você dormir essa noite, o que pensa sobre dividir a cama
com um cachorro?
B.
Antes que
eu fizesse uma escolha melhor de palavras, a mensagem já tinha sido enviada. Eu
não sabia se eu morria de vergonha ou se gostava do rumo de nossa conversa.
Você já sabe que é a
dona do lado esquerdo de minha cama :P
E.
Céus! Aquilo tinha feito meus cabelos corarem,
infantilmente, cobri minha cabeça com a coberta. Edward me ridicularia se
descobrisse aquelas reações idiotas. Não consegui responder nada, joguei o celular para o canto, apenas. Três
minutos mais tarde ouvi o toque característico de meu celular. “Oi?”
“Boa noite,
Bella!” Edward disse abafado do outro lado, pude ouvir uns barulhos estranhos,
com certeza, vindo de flip-flop.
A voz de
Edward era mais rouca pelo telefone, era engraçado. “Ligou apenas para
me desejar boa noite?”
Ele riu antes. “Inicialmente, sim!”
Eu estava
odiando minha escolha de palavras. “Obrigada?”
“Durma bem,
posso te ligar amanhã?” Edward disse com um tom quente.
“Claro!” Falei prontamente e, para minha morte, bocejei.
“Eu vou
deixar você dormir, Bella.” Ouvi uma risada baixa.
“Tchau Edward!” Falei antes de desligar.
Rolei pela cama. Edward ainda seria minha morte. Seria um
ótimo jeito de morrer. Descansei minha cabeça no travesseiro fofinho, minha
cama parecia vazia. Talvez fosse melhor se eu estivesse à esquerda de alguém.
Eu ri bobamente antes de pegar meu celular.
Sim, sim! Eu sei que é meu!
B.
Continua....
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