03 julho 2012

Entrevista de Kristen e Rupert para Yahoo Austrália (Cali, Twilight e SWATH mencionados)


Se se vai fazer um filme de um conto clássico com características contemporâneas, ajuda se o papel principal for feito por alguém jovem que consiga comunicar com a sua geração.

O realizador Rupert Sanders admite que ainda só viu o primeiro filme do Crepúsculo – mas sabia que quando ia procurar a jovem que conseguisse incorporar todas as características da heroína corajosa do seu primeiro filme, Branca de Neve e o Caçador, não havia ninguém melhor que Kristen Stewart.

“Ela é muito vanguardista e cheia de espírito,” diz Sanders sobre a estrela de 22 anos que se tornou num fenómeno ao fazer de Bella Swan na famosa saga de vampiros.

“Ela carrega um grande peso sobre os ombros e parece fazer isso com uma maturidade muito superior à sua idade. Havia algo sobre a vivacidade dela que era um tanto indefinida e até crua que nos chamou a atenção. É algo desenfreado e muito natural.”

É na manhã após a première australiana de Branca de Neve e o Caçador (ou SWATH como é conhecido o filme no Twitter), a adaptação do conto dos Irmãos Grimm de grande orçamento de Sanders, conta também com um elenco de luxo incluindo o famoso actor australiano Chris Hemsworth e a actriz vencedora de um Óscar, Charlize Theron.
Nos confins do Park Hyatt Hotel em Sydney, Sanders está sentado ao lado da rapariga do papel principal cujas leggins, t-shirt cinzenta velha e camisola de flanela, deitam abaixo o facto de ela, nessa mesma manhã, ter sido referenciada pela Forbes como a actriz mais bem paga de Hollywood.

“Bem, ela vale cada cêntimo,” diz Sanders, mostrando à atriz, que está um pouco desconfortável, um grande sorriso.

Sanders, um realizador de anúncios conceituado cujo histórico inclui anúncios para a Sears, Toyota e o videojogo Halo 3: ODST, tinha estado na lista para grandes filmes, como The Hunger Games, antes de ter sido contractado pela Universal para realizar o filme de 170$ milhões.

Após ter lido o guião de Evan Daugherty – que seguiu mais as pegadas do conto original de 1812 do que o filme de animação da Disney de 1937 – o realizador inglês de 41 anos percebeu que tinha a oportunidade de “criar um mundo que as pessoas ainda não tinham visto.”

A “nova” Branca de Neve conta a história da filha do Rei Magnus (Noah Huntley). Depois da morte da sua mulher, o rei apaixona-se pela atraente Ravenna (Theron). Os dois casam-se, mas na noite do casamento Ravenna mata o seu novo marido, toma controlo do reino e prende a sua enteada, Branca de Neve, no castelo.
Anos mais tarde a rainha apercebe-se que a Branca de Neve têm a chave para a juventude eterna, mas antes que a rainha consiga retirar-lhe o coração que a vai tornar imortal, Branca de Neve foge para a floresta.

Ravenna envia o Caçador (Hemsworth) que, ao saber que foi enganado pela rainha, acaba por ajudar a Branca de Neve com o objectivo de derrotar Ravenna e recuperar o seu reino.

Existem elementos do filme que as gerações mais velhas podem encontrar – o espelho, a maçã vermelha, a rainha má e, obviamente, os anões – mas que entram em grandes batalhas, em rebeliões, e um monte de efeitos especiais com uma mensagem de “ensinar-nos a compreender a mortalidade e não nos afundarmos em inveja ou raiva”, tudo junto torna-se num filme mais maduro e sumptuoso.

“É certamente mais sombrio que a versão da Disney mas não acho que seja mais sombrio que a versão dos Grimm,” diz Sanders. “É como um conto original – assustam-nos para nos informarem. E as pessoas gostam de se assustar um bocadinho.”

“Nós não estamos a assustar as pessoas de forma gratuita. É um medo periférico, não é um horror. Faz-nos arrepios e torna a aventura mais intensa.”

Stewart, cujos filmes fora do Crepúsculo incluem Into the Wild e The Runaways, disse na première australiana na terça-feira que nunca tinha gostado do conto original.

“Não é que eu não fosse fã,” diz. “Não conseguia fazer nenhuma ligação com a Branca de Neve. Por isso quando ouvi falar do projeto pela primeira vez pensei, ‘Branca de Neve? Porquê?’”

Tal como Sanders, Stewart mudou de ideias ao ler o guião e ao identificar uma personagem que não estava preparada para ser relegada a ser salva por alguém. Sanders descreve-a como uma “versão feminina do Luke Skywalker.”

“Tem havido uma tentativa de tornar as mulheres fortes nos filmes e finalmente isso foi bem feito,” diz Stewart.

“Nós conseguimos reconhecer a Branca de Neve mas é quase como se as suas qualidades perfeitas tenham sido postas num buraco cheio de lama para ver se ela consegue encontrá-las, agarrá-las e poli-las.”

De fato, Sanders levou todas as suas estrelas ao limite física e mentalmente durante 80 dias de gravações sob a chuva e lama nas áreas mais remotas da Grã-Bretanha durante o Inverno.

Para Stewart, que durante as gravações teve de saltar para um lago gelado, a parte mais desconfortável foi ter de montar a cavalo.

“Para mim essa foi a maior barreira a ultrapassar,” diz ela. “Fiquei aterrorizada. Mas acho que isso é bom – medo e desconforto genuíno ficam bem no ecrã.”

Para Sanders, o incómodo veio mais cedo quando se apercebeu que ia adaptar um conto tão famoso para o grande ecrã.

“Nós ficamos sempre nervosos quando fazemos algo na nossa vida em que precisamos de nos abrir mais,” diz.

“Eu não acho que o meu trabalho tenha sido mais desafiante que o da Kristen ou do Chris, que são a cara do filme. Eu podia provavelmente ir para anonimato e nunca mais voltar a trabalhar caso tivesse sido um desastre. Existe pressão em qualquer um de nós.”

Com grandes críticas e bons resultados nas bilheteiras e ainda uma possível sequela, Sanders não tem de se preocupar muito com o seu futuro. Para Stewart, vai fazer uma pausa de um mês antes de começar o seu novo filme – um thriller chamado Cali com o realizador de The Notebook, Nick Cassavetes.

“É difícil falar sobre isso porque ainda não entrei muito dentro do assunto. Literalmente quando chegar a casa, preciso de pensar sobre isso… sentar-me e ler o guião,” diz Stewart.

“Mas é bastante extremo em todos os sentidos.”

“Faz-me lembrar os filmes dos anos 90 – estranhos filmes de culto.”

Ela vai aparecer no grande ecrã como Marylou na adaptação do clássico de Jack Kerouac, On The Road, que chega em Setembro à Austrália.

Depois, claro, há a première daquele filme pequenino em Novembro – a última parte da Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2.

Apesar de querer papéis novos e desafiantes, Stewart admite que foi difícil dizer adeus a uma personagem que a acompanhou durante os últimos quatro anos.”

“É sempre aquele sentimento no fim de alguma coisa na qual investimos,” diz.

“Neste caso, durou mais tempo.”

“Provavelmente vou falar deste papel para o resto da minha vida mas tenho sorte porque está cheio de memórias.”

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