Ele tem milhões de mulheres suas fãs, vive em Los Angeles e os paparazzi seguem-no para todo o lado; ainda assim, seria difícil encontrar um rapaz tão pouco interessado na sua fama como Robert Pattinson. O actor de 28 anos recusa-se a ir à rota de grandes casas de Hollywood, com grandes roupeiros cheios de roupas de designers e papéis que utilizem o seu aspeto de rapazola.
Ele até rejeitou a ideia de ter terapia, que muitas estrelas de Hollywood, que se absorvem assim próprias têm, embora brinque: “Adoraria ir à terapia, mas também me deixa ansioso.”
Depois, mais seriamente, acrescenta: “Tenho falado com muitas pessoas sobre isso e não sei. Gosto um bocado da minha ansiedade num sentido mais divertido, e gosto dos meus altos e baixos. Felizmente a depressão nunca demora muito tempo em mim.”
Estamos a falar num quarto de hotel em Beverly Hills sobre o seu novo filme, The Rover, que se passa numa Austrália gasta pós-apocalíptica, onde ele está totalmente irreconhecível como Rey, uma alma perdida com os dentes podres, nervosa, suja e com raciocínio lento. Ele junta força com Eric (Guy Pearce), um homem de poucas palavras que está a seguir o rasto de um gangue de ladrões que lhe roubou o seu único pertence, o seu carro. Rey é o papel mais longínquo do lindo Edward Cullen num filmes de Twilight que Pattinson poderia ter – e que lhe assenta muito bem.
Durante três anos, Pattinson viveu em modo non-stop com as aventuras do nostálgico vampiro e o seu romance com a mortal estudante Bella, interpretada por Kristen Stewart. Foi o papel que, quer ele goste ou não, o tornou num dos jovens actores mais “hot” e procurado do mundo. Ele foi a causa de uma armada de fãs-raparigas abandonarem as suas famílias e casas para o seguir para onde quer que ele estivesse a filmar.
“Tive um bocadinho de dificuldade no início porque a minha vida contraiu e não podia fazer muitas das coisas que costumava poder fazer,” admite. “Mas depois de passar isso, há um ano ou dois atrás, simplesmente aceitei que a minha vida é uma coisa diferente e já nem me consigo lembrar de como era antes, portanto é muito mais fácil de lidar.”
“Parece há muito mais tempo do que dois anos desde que o último Twilight foi lançado e acho que à medida que envelheces vais-te tornando um bocadinho mais confiante com cada filme que fazes, portanto tem sido uma adaptação gradual a isto.”
A “adaptação” de Pattinson incluiu um melodrama romântico (Remember Me), uma peça de circo (Water for Elephants), um conto da nobreza francesa (Bel Ami) e uma introspectiva de um magnata de Wall Steet (Cosmopolis). Ele será visto em breve como T.E. Lawrence no filme que ainda está por estrear de Nicole Kidman, Queen of the Desert, e ele é um ator “wannabe” e escritor em Maps to the Stars de David Cronenberg que, como The Rover, foi bem recebido este ano no Festival de Cannes.
“Estou curioso para saber se as pessoas que gostavam de Twilight também vão ver coisas como The Rover,” diz. “Espero que gostem. Tento fazer projectos ambiciosos mas não sei se as pessoas vão gostar deles. Simplesmente tentas e fazes as coisas que são desafiantes e esperas que as pessoas apreciem.”
Embora o seu nome esteja regularmente ligado a grandes projetos de estúdio, como Star Wars e filmes de super-heróis (rumores recentes juntam-no ao elenco de um spin-off de Star Wars como o jovem Han Solo), ele nega que alguma vez lhe tenham oferecido e está cauteloso em estar envolvido noutro franchising. “Eles não aparecem na minha órbita e eu não me vejo em muitas partes mais “mainstream”, refere. “Nunca fiz parte do grupo que recebe esses papéis.”
Ele gostou particularmente de trabalhar no thriller pós-apocalíptico de baixo custo The Rover, porque foi filmado inteiramente no coração abrasador do interior australiano, onde ele persistiu numa dieta de “pão branco e molho de churrasco”, e onde não havia fãs ou fotógrafos para o chatear. “Adorei porque não havia lá ninguém a tentar encontrar-me, não havia ninguém de todo. Não estava preocupado com alguém que me estava a espiar ou algo assim, por isso achei incrivelmente pacífico e relaxante.”
Para chegar ao papel ele teve de passar por uma árdua audição de quatro horas para o escritor e realizador David Michod, cujo último filme foi o bem cotado Animal Kingdom. “Durante os primeiros 45 minutos tive de lidar com as minhas próprias neuroses, antes de fazer qualquer tipo de atuação, e acho que o David reconheceu isso e quando me deixei acalmar fiquei bem.”
Michod relembra: “Fazíamos uma toma e o Robert ficava “Oh, fui terrível.” Mas não era terrível, ele é simplesmente muito britânico e muito auto-depreciativo. Soube em cinco minutos da nossa audição de quatro horas que tinha encontrado o ator para interpretar Rey.”
As viagens globais de Pattinson mantiveram-no longe da tua terra natal, Londres, coisa que ele não sente muita pena. “Passei dois meses em Inglaterra no ano passado, que foi a temporada mais longa que passei lá em seis anos, o que foi bom, mas vou sempre para Inglaterra na altura do Natal e fico tão deprimido que fico feliz por voltar a Los Angeles,” diz. “Cresci para gostar de L.A. e acho que neste momento é a minha casa.”
Atualmente a sua casa são as casas das outras pessoas. “Tinha esta bela casa, que comprei há quatro ou cinco anos,” refere. “Era incrível, absolutamente louca. Era como Versailles, com um jardim incrível, mas apenas usava um quarto. Vendi-a porque apercebi-me abruptamente que não sou velho o suficiente para lidar com canalizações e cenas. Portanto gastei cerca de seis meses a pedir as casas das pessoas emprestadas. Agora estou a arrendar uma casa muito mais pequena.”
Pattinson ri-se frequentemente e com facilidade e é muito mais relaxado e à vontade do que naqueles dias em que parecia um veado assustado nas manchetes. Apesar das diferenças massivas na sua vida num espaço de tempo relativamente curto, ele manteve os seus pés bem firmes na terra. Embora apareça em anúncios para a Christian Dior, ele não é certamente muito fashion; ele perdeu quase todas as suas roupas depois de uma recente mudança de casa e não se tem preocupado em repô-las. “Comecei a usar a mesma coisa todos os dias, como um uniforme, “ diz. “Não tiro este casaco há semanas,” indicando o casaco preto e desbotado que está a usar e que, mesmo assim, lhe assenta bem.
“É ridículo, não percebo como é que não tenho roupas. Roubei basicamente todas as peças de roupa que me deram para as premières mas no meu roupeiro há literalmente umas três coisas. Tenho a certeza que há uma espécie de caixa de arrumos aleatória cheia de roupas aí algures.”
Trabalhando para a Dior, diz com uma gargalhada, que “é o trabalho mais ridículo do mundo. Quase que não tenho de fazer nada e ir ocasionalmente a alguma festas da Dior, o que é ótimo.”
Pattinson nasceu em Barnes, Londres oeste, e entrou para o teatro local em adolescente. Ele foi visto por um agente e fez a sua estreia nos ecrãs em 2004, numa produção de televisão alemã; depois foi bizarramente adicionado ao elenco de Vanity Fair, como filho de Reese Witherspoon, embora as suas cenas tenham sido cortadas.
Ganhou algum reconhecimento como o corajoso mas domado Cedric Diggory no Harry Potter e o Cálice de Fogo e fez parte de um breve flashback em Harry Potter e a Ordém de Fenix. Ele estava indeciso entre uma carreira de actor e ir para a universidade, mas os papéis em Harry Potter convenceram-no a ficar pela atuação. Interpretou um piloto traumatizado da Segunda Grande Guerra numa produção da BBC Four, The Hauted Airman, mas depois passou a maioria dos dois anos seguintes sem emprego, O seu agente persuadiu-o a tentar a sua sorte em Los Angeles, portanto, armado com pouco mais do que a pronúncia britânica e sentido de humor, ele foi.
Não tinha a certeza se queria o papel em Twilight quando lho ofereceram, depois de fazer uma audição e de fazer uma cena amorosa com a já elencada Kristen Stewart; ela persuadiu a realizadora, Catherine Hardwicke, de que ele era o ator que deveria interpretar o vampiro Edward Cullen. “Eu tinha lido o livro e não me consegui imaginar no papel daquele rapaz lindo e perfeito”, diz. “Não sabia o quão grande aquilo ia ser.”
Revendo a forma como ele chegou ao sítio onde está agora, ele usa uma palavra que está frequentemente no seu vocabulário – “ridículo”.
“Sou extremamente sortudo, o que me deixa um bocadinho nervoso,” diz. “Não sei como fiquei tão sortudo mas sim, é simplesmente ridículo e eu sou bastante feliz. Sim, definitivamente bastante feliz.”
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