Adaptação Gabi156
Gênero: Amizade, Drama, Ecchi, Hentai, Romance
Censura: +15
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Nudez, Sexo
**Essa fanpic é uma adaptação do livro "Mamãe sem querer", da autora Kate Walker**
Capítulo 4
Cinco semanas depois, Isabella soube que sua única noite com Edward seria impossível de esquecer, tanto por razões práticas quanto emocionais. Por mais que quisesse, não poderia continuar ignorando o mal-estar estranho que se apossara dela nos últimos dias. Seu estado não passou despercebido ao olho de águia da amiga Alice.
- Você está pálida — comentou ela, certa manhã, quando encontraram-se na hora do recreio. Na verdade, você parece esgotada.
- Não estou me sentindo muito bem mesmo — admitiu Isabella, concentrando-se em despejar água quente nas xícaras para preparar café. — Acho que é o trabalho exaustivo com as peças teatrais de Natal, a organização da festinha...
- As reuniões com os pais... eu sei — concordou Alice. — Mas parece que mais alguma coisa a sobre carrega. Tem certeza de que não pegou essa gripe que anda por aí?
Isabella sorveu o café e imediatamente desejou não ter contraído a tal "gripe". Pôs o café de lado, pois ultimamente só cheiro já a deixava enjoada.
- Vou passar o fim de semana inteiro na cama — decidiu, confiante, a fim de convencer a amiga. — Se descansar bastante, talvez fique boa logo.
Não que tivesse se convencido, forçou-se a admitir. Jogar a culpa no excesso de trabalho ou em uma possível gripe não era mais possível, dados os eventos das últimas manhãs. Dedicada ao trabalho, atirando-se às atividades com entusiasmo com o objetivo de distrair-se e não pensar nos acontecimentos entre ela e Edward, esquecera-se de verificar o calendário, contar os dias para a regra mensal. Quando lembrou-se, já era tarde demais.
Na verdade, soube que era tarde demais ao acordar, certa manhã, com um enjôo tão forte que teve que correr para o banheiro. Mesmo naquele momento, iludiu-se, achando que poderia estar com alguma enfermidade de vinte e quatro horas. Mas quando as vinte quatro horas viraram quarenta e oito e, então, setenta e duas, entendeu que estava com um problema grave. Então, no fim da semana, quando os sintomas, longe de arrefecer, intensificaram-se, percebeu que não podia mais se enganar.
- Soube de alguma novidade sobre o nosso senhor do castelo? — perguntou Alice, e o apelido pareceu atingir o coração de Isabella como uma espada de gelo.
Ao voltar para casa após a cena na escola, não encontrara vestígios de Edward. Até os lençóis haviam sido retirados da cama e colocados na máquina de lavar, programada, deliberadamente, para encerrar o ciclo assim que ela chegasse. A mensagem era clara.
O fato de ele não responder ao seu bilhete, nem mesmo um "obrigado pela cama" rascunhado no mesmo papel, só enfatizava a distância que queria colocar entre ambos. Na verdade, o bilhete que ela deixara havia sumido, e apesar de procurar cuidadosamente pela casa, na esperança de que ele houvesse usado outra forma de comunicação, não encontrou nada. Não acreditava, tampouco, que ele houvesse ido à escola atrás dela. Ele agira como se nada tivesse acontecido.
- Nada em absoluto — conseguiu responder a Alice.
- Nem ninguém soube. Desde que a notícia vazou, ele parece ter desaparecido da face da Terra.
- Bem, não é surpresa, é?
Durante semanas, o vilarejo ficara em polvorosa com a história do rompimento do noivado de Edward.
- Oh, vamos, Bella! Você não acha que ele está cuidando do coração partido, acha? — Alice riu ante a expressão duvidosa da amiga. — Gente como os Cullen não se casam pelos mesmos motivos que nós. Amor e outras considerações menores não são levadas em conta. Eles se casam por motivos dinásticos, pura e simplesmente, pela combinação de sangue azul, ou mais precisamente, de fortunas verdinhas.
- Mas Edward...
Edward a procurara na calada da noite, parecendo arrasado. Com certeza, mostrara-se totalmente diferente do homem que ela conhecia.
- Acha que ele a amava? Oh, bem, claro que você o conhece melhor do que qualquer um de nós, então, nesse assunto, tenho que reconhecer o seu conhecimento superior.
Isabella deu uma resposta evasiva que Alice podia interpretar como "como queira". A verdade era que não conhecia Edward, tampouco. Conhecera-o havia mais de doze anos, mas somente à distância. Não sabia como ele era de fato. E, com certeza, não o reconhecera na noite em que ele batera à sua porta, quando fizera amor com ela e, provavelmente, a engravidara.
E não estaria se enganando ao acreditar que ele sentia qualquer das emoções que lhe atribuía? Não seria mais provável que, ofendido com a dispensa de Tanya, ele tivesse procurado uma forma de salvar seu orgulho masculino? Qualquer mulher serviria, mas ela estava à mão, e ele sabia exatamente como convencê-la.
- Acho melhor ir para casa. — Alice olhava-a preocupada. — Você não está bem. Vá direto para a cama e não volte até estar se sentindo melhor. Não queremos que contamine a nós todos.
"Não volte até estar se sentindo melhor". Isabella lembrava-se do conselho repetidamente e, a cada repetição, a ironia crescia, principalmente na manhã seguinte quando, ao levantar-se, foi obrigada a correr para o banheiro mais uma vez. Se fizesse como Alice instruíra, então, ficaria afastada pelos próximos oito meses, até algum dia no final de julho, se seus cálculos estivessem corretos.
Não havia mais dúvida sobre o que estava "errado" consigo. Sorriu sobriamente à idéia de que a amiga não precisaria se preocupar. Esse problema em particular não era um que resolveria tão facilmente quanto Alice imaginava.
- Então, é por isso que tem me evitado.
A voz áspera e rouca rompeu o silêncio da casa vazia tão abruptamente que Isabella voltou-se chocada. Imediatamente, arrependeu-se pois o movimento brusco aumentou seu desconforto, forçando-a a inclinar-se de novo sobre o vaso sanitário para aliviar-se.
- Não acha que eu tinha o direito de saber?
Diante de sua vista embaçada, o intruso parecia uma forma escura e ameaçadora junto à porta do banheiro, surgida do nada, como um monstro nas histórias de fantoches, faltando apenas a fumaça e o som da bombinha para completar o efeito.
- E então? — cobrou Edward, audacioso. — Tem algo a dizer ou vai apenas fingir que não está acontecendo?
Ele avançou um passo e o movimento perigoso impeliu Isabella a se defender:
- Eu não estava evitando você! — protestou. — Não é muito fácil entrar em contato com alguém que não pode ser taxado de disponível. Você não andou por Ellerby...
- Existem aparelhos chamados telefones.
- Ah, existem? — Ela não tentou esconder a amargura na voz. — Não seria o caso de um consumidor insatisfeito querendo o dinheiro de volta.
- E o que quer dizer com isso?
- Pessoas que têm telhado de vidro não devem...
- Isabella... — Se o tom de voz dele era preocupante, agora tornara-se perigoso. — Pare de citar provérbios e me diga exatamente sobre o que está falando.
- Você com certeza não quer que eu conte tudo, quer? — Isabella canalizava a raiva para ele, mas, então, tomada por outra ânsia de vômito, foi forçada a abandonar o argumento e, mais uma vez, apoiar-se miseravelmente sobre o vaso sanitário.
- Oh, raios!
Vagamente, ficou ciente de Edward entrando no banheiro para acionar a válvula de descarga. Segundos depois, quando a ânsia de vomito diminuiu, ele umedeceu uma flanela com água morna e passou-a por seu rosto com gentileza, afastando os cabelos avermelhados e úmidos de sua testa com a outra mão.
A sensação era tão boa que Isabella permitiu-se esquecer por um momento quem ele era e a responsabilidade dele naquele mal-estar. Fechou os olhos, apoiou-se contra ele e deleitou-se com o prazer de ser cuidada por alguém. Mas então a realidade tomou conta. Abriu os olhos e o encarou.
- Vá embora! — gritou, os olhos castanhos travados nos olhos verdes dele.
- Não — contrariou Edward, impassível. — Você precisa de mim. Você precisa de alguém, insistiu, vendo a rejeição no olhar. — E eu tenho parte nisso tudo. Está melhor agora?
- Se quer saber se vou vomitar mais, acho que não. Não havia como afirmar estar "melhor". Na verdade, duvidava de que viesse a se sentir bem novamente.
- Então, vamos para a cama.
- Não! — Ela protestou sem pensar, totalmente despreparada para a fúria negra que viu em seu olhar.
- Quem você acha que sou? — desafiou Edward, ferozmente. — Algum tipo de monstro que abusou de sua confiança para deixá-la nesse estado?
- Eu... não...
- Você não pode ficar aqui. — Edward ignorou sua tentativa de resposta. — Caso não tenha notado, está frio e você não está vestindo quase nada...
O olhar audacioso fez com que ela notasse a camisola que mal chegava a suas coxas. Isso significava que, quando ele chegou, ela estava inclinada sobre o vaso sanitário e...
Isabella enrubesceu e viu a cama como um refúgio. Pelo menos, lá poderia levar as cobertas até o queixo e cobrir o que de repente lhe pareciam hectares de pele exposta.
- Vamos — incentivava Edward, enquanto ela cambaleava na direção da porta do quarto. — Pronto... — Ajeitou-a com capricho sob as cobertas. — Quer beber alguma coisa? Café?
- Quer me ver enjoada de novo? — disparou Isabella, estremecendo. — Isso tudo está acontecendo por que eu senti o cheiro de café. Posso encarar um pouco de chá fraco e uma torrada deve ajudar.
- Certo, volto num minuto. Então, vamos conversar.
- Vamos conversar — repetiu Isabella, aconchegando-se entre as mantas, ouvindo a movimentação no andar de baixo.
Não podia imaginar que eventos apocalípticos já haviam precedido aquelas palavras autoritárias e não estava certa de querer ouvir o que Edward tinha a dizer.
- Aliás, como conseguiu entrar?
Isabella sabia que estava apenas adiando o inevitável, que não havia como evitar o confronto, mas esperava que, partindo para o ataque, ao menos ganhasse alguns minutos de trégua. Usaria o tempo para recuperar um pouco da compostura.
- Fui entrando — respondeu Edward, pousando a bandeja com chá e torradas sobre o criado-mudo. — Você deixou a porta destrancada... algo bem estúpido para se fazer.
- Eu estava muito cansada ontem à noite! — defendeu-se Isabella, zangada com o tom crítico. — Pensei que tinha verificado...
- Bem, obviamente, você não verificou.
Edward serviu-se de chá, acomodou-se na poltrona, recostou-se e cruzou as pernas, olhando-a fixamente por sobre a borda da xícara.
- Então, não acha que devemos conversar sobre o motivo de estar tão cansada? Embora, pela sua aparência, cansada seja eufemismo. Você está com um aspecto deplorável...
- Bem, obrigada pelo elogio.
Isabella concentrou-se no pedaço de torrada que quebrara, mordiscando-o enquanto esforçava-se para suprimir a onda de vergonha feminina elevando sua temperatura. Não precisava olhar no espelho para saber que estava horrível. Após semanas com aquele enjôo, sabia que estava pálida e esgotada, o cabelo desalinhado e sem vida. A camisola velha, desbotada com as repetidas lavagens, não devia estar contribuindo.
- Suponho que Tanya sempre pareça perfeita! Tarde demais, Isabella percebeu o erro e desejou recuperar as palavras.
Edward franziu o cenho, preocupado com seu estado vulnerável.
- Não vejo Tanya há quatro meses — declarou, num tom que a deixou arrepiada apesar das cobertas.
O olhar frio dele a fez desejar estar melhor para lidar com a situação.
Ali sentado, Edward não deveria parecer tão imponente, nem tão assustador, mas, estranhamente, o efeito era exatamente o contrário. Com aqueles olhos verdes translúcidos no mesmo nível que os dela, não havia como escapar da inquisição.
Ele vestia suéter creme e calça azul-escura e apoiava os cabelos bronzes junto ao espaldar da poltrona, relaxado. Deveria parecer gentil, próximo, mas Isabella não podia evitar vê-lo como um inquisidor espanhol ou um agente da Gestapo.
- Mas você tem um motivo para parecer... e se sentir... tão mal. Está grávida, não está?
- Após o espetáculo sórdido que presenciou, seria tolice tentar negar — resmungou Isabella, não gostando nem um pouco do tom irônico dele. Mas sua auto-estima já estava no nível mínimo, não era possível baixar mais.
- Então, ia me contar algum dia?
Após o silêncio total dele nas últimas semanas, a última coisa que Isabella esperava era a entonação cínica e aquilo colocou-a no ataque a fim de esconder a dor.
- Leva algum tempo para a mulher sentir os efeitos! E, se estava preocupado com as possíveis repercussões embaraçosas daquela noite, por que não entrou em contato comigo?
- Eu tentei — rebateu Edward. — Liguei nem sei quantas vezes, mas ninguém atendia.
- Você poderia ter passado... — grunhiu Isabella, não querendo que ele visse o quanto enfraquecera sua linha de defesa.
Todas aquelas noites em que estivera na escola até tarde, em reuniões, preparando fantasias, ensaiando a peça, Edward estivera tentando entrar em contato? A noite, quando finalmente chegava em casa, quase sempre estava tão cansada que desligava o telefone, arrastando-se até a cama, esquecendo-se de religar o aparelho na manhã seguinte.
- Era um pouco difícil passar por Ellerby estando em Los Angeles. Estive lá no mês passado — explicou Edward, vendo-a franzir o cenho, confusa. — Precisei partir no dia seguinte à... — Não terminou a frase, obviamente incapaz de descrever adequadamente o que acontecera naquela noite.
- Depois que fizemos sexo — completou Isabella, fria, e sorveu um gole de chá.
Arrependeu-se imediatamente, com um nó na garganta, sob o olhar severo de Edward. Por que ele questionava seu uso de palavras? Afinal, não defendia que tinham feito amor.
- Havia uma mensagem na secretária eletrônica quando voltei para a mansão... alguns problemas contratuais que precisavam ser acertados, e tive que voar para os Estados Unidos imediatamente.
- Você podia ter me dito quando me procurou na escola.
Ora, ele estivera preocupado em avisar o parceiro de squash que não poderia comparecer, mas não a ela.
- Você me deu uma chance? Além disso, deixou claro que não queria me ver mais, portanto, não havia motivo.
Mas ele tentara telefonar-lhe, lembrou-se Isabella. Saber disso amenizou o sentimento de dor que nutria. Entretanto, o leve desconforto que sentia foi completamente apagado pela observação seguinte de Edward.
- E mandei-lhe flores.
- Flores! — Isabella elevou o tom, o bastante para rachar cristal. — Oh, sim, você me mandou flores!
Recebera-as naquele dia, cinco minutos após chegar em casa. Um arranjo grande e glorioso, que devia ter custado uma fortuna. Junto, um cartão dizendo simplesmente: "Obrigado pelo café." O café Lendo aquilo, ficara tentada a jogar tudo na lata de lixo.
- Você acha que um punhado de flores... por maior que seja... é suficiente para compensar a perda da...
Isabella percebeu o que ia dizer e interrompeu-se abruptamente, mas Edward ouvira e lançou-se à frase incompleta como um gato atacando a presa.
- A perda da? Por que não me disse que era virgem?
- Você faz parecer como se fosse o crime do século. Há uma ou duas de nós por aí, sabia? Ou melhor, havia. Sei que é antiquado, mas nem todos têm as suas oportunidades.
Ela estava despejando toda a amargura, a dor e o desconsolo com que vivera por quase seis semanas. Poderia perdoar Edward por quase tudo, exceto por algo que a atormentava desde aquela noite, corroendo-a como ácido.
Aparentemente, Renée Swan estava certa. Durante todos aqueles anos, brigara com a mãe, defendendo a honra de Edward, insistindo que ela estava errada. Agora, porém, tinha que encarar a possibilidade de ele ter estado mesmo interessado em uma coisa só. A cada dia que ele se mantinha afastado, a suspeita crescia, a ponto de ela não saber mais se o amava ou odiava.
- Você envia flores a todas as suas conquistas?
- Não penso nelas como conquistas! E as flores foram para agradecer a bebida... por você estar aqui... por me ouvir. Pretendia algo muito mais valioso para...
- Pelo presente que foi o meu corpo!
O tom foi de sarcasmo, para ocultar a angústia que ela sentia no coração. Agora, ele queria pagar pela noite que tinham passado juntos. Se a intenção era fazê-la sentir-se barata e suja, ele não poderia ter encontrado melhor forma.
- Oh, por favor, não se preocupe com isso. Afinal, como disse, ser virgem na minha idade é bastante inacreditável, não é?
Se ela falasse abertamente no assunto, talvez ele não visse o que ela tentava esconder.
- Quero dizer... tinha que acontecer algum dia, não é? — A tentativa de risada dela não causou reação no semblante impassível. — Não ia querer ir para o túmulo como uma solteirona.
Ela assustou-se com a mudança de expressão. Ele não se pronunciara desde que ela partira para o ataque, mas o olhar que bem poderia ter sido esculpido em granito era muito mais perturbador do que se ele tivesse se levantado e gritado com ela.
- Tinha que acontecer um dia, Edward — repetiu, insegura.
- E é para isso que servem os amigos... — O cinismo dele era insuportável, tanto que ela sentiu vontade de se abraçar para não se despedaçar na frente dele. — E agora que aconteceu?
- Não podemos simplesmente esquecer?
Isabella não tinha muita esperança de que ele concordasse e não ficou surpresa quando ele balançou a cabeça, impiedoso.
Edward insistiu no assunto:
- Agora que aconteceu, e você ficou grávida, não há como esquecer. A questão óbvia é... o que vou fazer a respeito?
- Você não tem que fazer nada!
Ela temera, desde o começo, que Edward se sentisse obrigado a fazer alguma coisa.
- Tenho o dever...
Dever! Isabella ficou desesperada de dor.
- Como sabe que é seu?
Seguiu-se um silêncio aterrador, havia ameaça no ar e ela estremeceu involuntariamente. Mas Edward varreu suas palavras tolas com a tolerância de quem lida com um mosquito.
- Após a sua colocação anterior, eu seria idiota em imaginar outra coisa. E, sendo esse o caso, só vejo uma solução possível. Teremos que nos casar...
- Esta não é uma possibilidade!
Isabella achava impossível que a expressão dele ficasse mais sombria, mas o olhar frio pareceu virar um raio paralisante bem à sua frente.
- Você não estava pensando em...
- Não... Oh, não. — Nem para desafiá-lo, Isabella ja mais pensou em aborto. — Mas não posso me casar com você. — Não assim, com ele sentindo-se forçado a isso.
- Por que não?
- Bem, por que deveria?
- Você não precisa parecer entusiasmada com a idéia!
O tom monótono de Edward não poderia nem remotamente ser classificado como entusiástico, e a proposta de casamento estava a anos-luz daquela que ela sonhara. Mas, claro, os sonhos eram apenas isso... fantasias tolas que nunca se tornariam realidade.
Sentindo-se desamparada, reconheceu a ironia da situação. Durante todos aqueles anos, sonhara com o dia em que Edward a pediria em casamento, e agora ele estava fazendo exatamente isso, mas as circunstâncias
deixavam claro que ele não queria se casar, de modo que o sonho virara pesadelo.
- Você não quer se casar comigo! — acusou, raivosa.
Edward encolheu os ombros, tomando o protesto como irrelevante.
- Por que não? Estava planejando me casar, de qualquer forma... tenho trinta e três anos e me parece uma boa idade para me estabelecer. Como já disse, sempre quis ter filhos. E não há mais ninguém competindo pelo posto.
A indiferença casual magoava mais do que se ele a tivesse rejeitado violentamente, deixando-a à própria sorte.
- Você faz parecer uma espécie de emprego: precisa-se de uma esposa, com idade entre vinte e vinte e cinco anos, capaz de engravidar, horário de trabalho...
Ela deteve-se ao ver a expressão ameaçadora dele.
- Se você vê a coisa assim — conformou-se Edward. — Antes de prosseguirmos, acho melhor deixarmos um assunto claro... você não está apaixonada por mim?
- Apaixonada...
Se algo garantiria que ela nunca iria lhe dizer o que sentia era a pergunta fria, a total falta de emoção na voz, a expressão distante e enigmática de Edward. Apaixonada! Naquele momento, bem poderia tentar entregar o coração a uma estátua de mármore, pois talvez não fosse tão fria e pouco receptiva.
- Apaixonada por você? — repetiu e ficou agradecida por ter conseguido dizer pelo menos isso, embora a declaração soasse rígida e frágil, como que caísse e se esfacelasse sobre o carpete. — O que o faz pensar tal coisa?
Se ele encolhesse os ombros daquele jeito novamente, ela iria gritar.
- Pensei que assim tudo ficaria mais fácil.
Mais fácil para quem? Para Edward, naturalmente, pois, se ela fosse tola o suficiente, sob o ponto de vista dele, para estar apaixonada, então, ela seria muito mais maleável e seria mais fácil convencê-la a fazer o que ele queria.
- Você me disse uma vez que me amava.
Por um segundo, Isabella fechou os olhos para aplacar o desânimo. Por que ele tinha que se lembrar de um momento de fraqueza seu, quando ela não estava em condições de lidar com a questão?
- Quando eu tinha dezoito anos? — Forçou-se a abrir os olhos, sorrindo sarcástica. Até conseguiu dar uma risada. — Oh, sim, eu tinha um fraco por você nessa época.
- Só nessa época?
- Essas paixonites só acontecem nessa época, Edward. Nós todos crescemos e esquecemos essas tolices.
Embora, claro, ela não tivesse esquecido nada. Ao invés disso, seus sentimentos adolescentes tornaram-se mais profundos, viraram amor de mulher.
- Então, lamento decepcioná-lo, mas a minha resposta ao seu pedido, se é que se pode dizer assim, é um irredutível não!
Encheu-se de coragem para não ouvir o fraco protesto que sentiu no coração. Edward não a amava, nem queria se casar com ela. Só fizera aquela proposta por senso de dever. Ela não era a mulher que ele queria. Tanya fora sua primeira escolha e ela nunca passaria da segunda colocação.
- Por que não? Eu quero o meu filho, Isabella. Quero conhecê-lo, amá-lo, vê-lo crescer...
- Você quer... você quer! — Isabella passou para o ataque. — Diga-me, Edward, o que há nisso para mim?
- Um marido que vai sustentá-la... você não vai precisar trabalhar... um lar...
Nada de amor, de emoção, mas o que esperava, afinal?
- Eu tenho um lar! E se eu quiser continuar aqui?
Tardiamente, Isabella percebeu o erro. Edward olhou ao redor, avaliando o ambiente. Reparou no tapete gasto, remendado, nos móveis velhos, nas cortinas desbotadas e na cama...
- Você quer que o meu filho nasça aqui?
Filho dele. Isso era só o que importava.
- Oh, claro, o herdeiro dos Cullen não pode nascer num sobradinho! Sua mãe vai ter um chilique!
- Não coloque palavras na minha boca! — rosnou Edward. — E não coloque minha mãe nisso!
- Por que não? — Pelo menos a menção dela provocara alguma reação nele. Qualquer coisa era melhor do que a indiferença desdenhosa. — Não acha que ela tem algo a dizer sobre isso? Já pensou em como ela se sentirá quando você me levar para a sua casa como sua esposa? A filha da cozinheira... de pai desconhecido...
- Você vai ser a mãe do meu filho... o neto dela.
- Uma égua reprodutora! Posso ser isso aqui também. Não seria a primeira mãe solteira a criar o filho sozinha. Não preciso de você... tenho tudo o que quero.
- Mas eu tenho algo que você não tem. — Edward tentava impor a voz da razão. — Tenho dinheiro, mais do que posso gastar... e, às vezes, o dinheiro pode ser muito útil.
Isabella sentiu um frio na espinha, e a pele ficou arrepiada de apreensão.
- Eu ganho bem...
Edward lançou um olhar perigoso e ela encolheu-se instintivamente para se proteger do que se seguiria.
- Bem o bastante para enfrentar uma batalha judicial?
- Você não se atreveria!
Isabella sentiu-se enregelar, um arrepio de medo percorreu-lhe a espinha. Era como se a fábula da princesa e do sapo tivesse virado de pernas para o ar, tudo estava acontecendo às avessas. Beijar o príncipe transformara-o em um monstro horrendo e perigoso.
Ele ainda tinha a mesma aparência era o homem lindo de morrer para quem ela perdera o coração anos antes. Mas era como se por trás da fachada familiar surgisse alguém que não conhecia, que não entendia... que lhe provocava um medo mortal.
Super ansiosa pelo próximo capítulo .. Qndo vai sair ? Bjs ;)
ResponderExcluirFlor já foi postado o capitulo 5 :) Espero que goste
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