24 julho 2014

FanFic: "Mamãe sem querer" - Capitulo 7



Adaptação Gabi156  
Gênero: Amizade, Drama, Ecchi, Hentai, Romance 
Censura: +15 
Categorias: Saga Crepúsculo 
Avisos:  Nudez, Sexo

**Essa fanpic é uma adaptação do livro "Mamãe sem querer", da autora Kate Walker**

Capítulo 7


- Sra. Cullen... — chamou a governanta, em tom levemente hesitante. — Há alguém... que quer vê-la. Eu disse que a senhora estava descansando, mas ele foi muito insistente. Disse que era muito importante.
- Não estou esperando ninguém. — Isabella franziu o cenho, confusa. — Como ele é, Carmen?
A expressão da Sra. Neeton dizia tudo.
- Não é ninguém de Ellerby — respondeu a mulher, cuidadosa. — Ele disse que a senhora não o vê há muito tempo.
- Mesmo?
Agora, Isabella sentia-se intrigada. Após semanas de tédio, a idéia de ter alguma distração era bem-vinda.
- Suponho que seja melhor atendê-lo... que nome ele deu?
- Wilton... James Wilton. Devo comunicar ao Sr. Edward também?
- Ele perguntou pelo meu marido também? Não? Então, não acho que haja necessidade de incomodá-lo. 

 Isabella alisou o tecido florido de algodão do vestido sobre o estômago, muito mais proeminente agora, depois de oito meses. — Afinal, sabemos como ele fica quando é interrompido, não é?
Ela sabia do que estava falando. Desde que Edward abandonara as constantes viagens a Londres, optando por trabalhar em casa para ficar perto dela, com o avanço da gravidez, tanto Isabella quanto a governanta cuidavam para que ele não fosse importunado no escritório em certos horários. Ele agia como um urso atiçado com ferro em brasa nessas ocasiões, e as duas acharam mais fácil garantir que os pequenos problemas domésticos não chegassem a seus ouvidos.

A menos, claro, que o problema fosse com o bebê, acrescentou Isabella a si mesma, enquanto a Sra. Neeton ia buscar o visitante. Naquele caso, ele parecia ter um sexto sentido poderoso, uma preocupação intuitiva que o fazia aparecer do nada, sem ser chamado, providenciando o que era preciso.
Acontecera uma ou duas vezes, lembrou-se, levantando-se para esticar a coluna que a incomodava continuamente nas últimas semanas. Em fevereiro, passara duas semanas com gripe e, no mês anterior, quando a barriga já estava grande, pisara em falso na escada, chegando a cair desajeitadamente. Estava quase no último degrau e não se machucara seriamente, mas Edward abrira a porta do escritório antes mesmo de ela atingir o chão. Segundos depois, ele a aninhava nos braços fortes e protetores, encarando-a com o rosto pálido e cheio de preocupação.

Ah, houvera também o problema com a pressão arterial.
- Nada muito preocupante — assegurara-lhe o doutor. — Mas, de qualquer forma, terá que tomar cuidado. Quero que diminua o ritmo de todas as atividades.
Claro, Edward interpretara a seu modo e condenara-a a uma inatividade quase absoluta. Era muito conveniente para ele, mas ela ficava maluca vendo o dia claro de junho lá fora sob a perspectiva de mais quatro semanas confinada na cama ou na poltrona.
Por fim, a porta abriu-se e Isabella e agradeceu a distração.
- Sr. Wilton, por favor, entre.

Percebeu por que a Sra. Neeton parecera tão preocupada. Aquele James Wilton não era o tipo de pessoa que se costumava receber na mansão. Trajava roupas muito gastas e os sapatos tinham a sola meio solta. Era mais alto que ela talvez uns dez ou doze centímetros, mas o excesso de peso lhe deformava o corpo. Seu cabelo preto rareava rapidamente. Resumindo, a aparência era de alguém que definitivamente não se encontrava na melhor fase da vida. Algo no olhar dele dizia-lhe que teria sido melhor ter pedido à Sra. Neeton para chamar Edward.
- Em que posso ajudá-lo?
- Bem, talvez mais do que eu possa fazer por você. Você não me conhece, certo? Não... bem... — Ele suspirou profundamente e passou a mão sobre a pele brilhante da cabeça. — Por que deveria? Não estive presente em sua vida por anos. Mas eu a conheço bem... os olhos... o cabelo. Você é a imagem de sua mãe. Definitivamente, minha Bells Swan.
- Bells Swan? E uma canção não é? Reggae? Ele assentiu sem falar nada, mas moveu os lábios de forma enigmática, aparentemente esperando que ela prosseguisse nas reminiscências.
De fato, Isabella evocou outras lembranças, acompanhadas de uma sensação de desconforto, como se alguém de repente agitasse o fundo de um lago, turvando a água.
- Bells... — repetiu. As águas enlameadas começavam a clarear um pouco e conseguia ver alguma coisa, de forma imprecisa. — É um apelido. — O homem assentiu. — O meu apelido! Alguém costumava me chamar assim!
- Isso mesmo. Ouça, talvez ajude se eu lhe disser que voltei a Ellerby à procura de Renée. — Sério, o homem levou as costas da mão ao olho. — Claro que eu não sabia que ela tinha falecido. Primeiro, fui à casa onde moramos, na rua Mill, e de lá me mandaram à rua Holme. Os vizinhos lá...
Mas Isabella não estava prestando atenção.
- Onde nós morávamos... rua Mill... o senhor disse onde nós morávamos?
- Isso mesmo. Oh, Bells, não sabe quem eu sou?
Ele estava dizendo o que ela achava que estava? Poderia ser ele? Achava que a mãe dissera Charlie, mas ela já delirava, fraca, e as palavras não passavam de murmúrios. Era possível que ela estivesse querendo dizer Wilton.
- Mas, por que me reconheceria... ou mesmo por que quereria me ver? Admito que não fui um bom pai para você, nem um bom companheiro para Renée. Mas quero consertar isso com você. Agora... especialmente agora.
Isabella agarrou-se à mesa próxima para buscar apoio. Sentia a cabeça girar.

- Quem... é o senhor?
- Oh, Bells, querida, você deve saber! Não precisa perguntar para...
- Mas você precisa responder-lhe — interrompeu uma voz áspera e fria.
James Wilton voltou-se e viu Edward, muito elegante de camisa branca e calça cinza, junto à porta. A Sra. Neeton devia ter ouvido os gritos de Isabella e fora contar a Edward sobre o visitante.
- Edward... — Ela não conseguiu raciocinar a ponto de falar algo além do nome.
Ele lançava o olhar esmeralda sobre ela. Ao vê-la ruborizada e lacrimosa, franziu o cenho.
- Sente-se antes que caia, Bella! — ordenou, cruzando a sala para oferecer-lhe apoio até a cadeira.
Chocada e confusa, Isabella obedeceu como se fosse uma marionete. Deixou-se afundar entre as almofadas na poltrona, olhando para o homem a sua frente.
- Você dever ser Edward... o marido de Bells. Estou encantado em conhecê-lo.
Wilton aproximou-se, mão estendida, mas encontrou apenas o olhar paralisante de Edward.
- E quem você seria? — Cada palavra foi pronunciada com preciso desdém.
- James Wilton, seu criado. — Ele levara apenas um segundo para recuperar-se da hostilidade de Edward, mas o olhar indicava que avaliava a dimensão da oposição.
- E o que podemos fazer pelo senhor, Sr. Wilton? — Edward enfatizou o verbo para não haver dúvida de que estava no comando.
- Bem... creio que seja Edward Cullen, o marido de minha Bells?
- Sua Bells? — repetiu Edward, friamente, usando o tom de senhor do castelo de forma mais arrogante possível.
- Isso mesmo. — Wilton assentia entusiasticamente, alheio à acidez do tom de Edward. — Minha garotinha.
- Está pleiteando ser o pai de Isabella?

Isabella desgostou se intimamente ao perceber, pelo tom, que Edward não estava acreditando em uma palavra. Era assim que ele devia ser no mundo dos negócios. Aquela atitude dera-lhe a reputação de homem rude e inflexível.

- Não estou pleiteando! Eu sou...
- E, claro, é capaz de provar.
- Bem, olhe para mim... e para ela: olhos castanhos, cabelo escuro... bem, o que restou...
- Mas tem alguma prova?— insistiu Edward, sem misericórdia.
- Nenhum documento, se está se referindo a isso. Renée e eu nunca oficializamos nada. — O homem confidenciou: — Serei honesto com você, camarada, eu não era o melhor homem para mulher alguma naqueles dias, não era do tipo que se estabelecia. Mas, por Renée, eu tentei. Por três anos, mas, no final, o espírito aventureiro me tomou. Sempre quis voltar... nunca me esqueci de Renée... mas de algum modo os anos se passaram. Pode imaginar que choque foi para mim ao saber que ela havia morrido.
Por alguns segundos, Wilton cobriu os olhos com os dedos amarelados de nicotina, perturbado. Na poltrona, Isabella moveu-se instintivamente. Se aquilo fosseseu pai...
Mas Edward apertou-lhe o ombro e manteve-a no lugar, impedindo-a de se levantar.
Após um momento, Wilton pigarreou ruidosamente.
- Bem, é tarde demais para Renée, mas não para minha Bella... e, claro, ela precisa mais de mim do que nunca agora.
- Por quê?
Isabella achava que Edward não poderia usar um tom mais hostil, mas, de algum modo, ele conseguira. Endireitou-se na poltrona, desconfortável.
- Bem, com um bebê a caminho, toda moça precisa da família por perto.
- Se você for da família.
- Claro que sou. Bells, diga a ele... você deve saber! Edward olhou-a severo.
- Sabe, Bella?
- Eu...

Isabella sentia-se em meio a um pesadelo, exceto que não estava dormindo e não havia esperança de acordar e livrar-se da angústia. Encarou os homens, um de cada vez. Edward mantinha o semblante sombrio, ao passo que o outro homem parecia mais amistoso. Os olhos castanhos tão parecidos com os seus pareciam implorar que acreditasse nele.
Ele era seu pai? Seria ele o homem que tanto desejara conhecer, a parte de sua vida que estava perdida havia tantos anos? Ele certamente não era a figura que preenchera sua imaginação, mas aquelas imagens eram só sonhos.
- Lembro-me de ser chamada de Bells Swan... Mas não deveria sentir alguma coisa? Se o sangue dele corria em suas veias...
- Eu não sei! — exclamou, aflita, e sentiu uma pontada na barriga quando o bebê chutou, como se sentisse o mesmo mal-estar dela.
- Bella... tudo bem...
O consolo de Edward foi abafado pela reprovação violenta de Wilton.
- Mas, Bells, querida, você deve saber... você deve se lembrar! Ouça, o seu aniversário é no dia nove de setembro, e eu lhe comprei o primeiro cachorrinho... Punch.
Wilton capturara sua atenção... e a de Edward, que olhava tão fixamente o homem que Isabella achou que ele empalideceria com a força daquele escrutínio.
- Claro, depois de Punch, teve o Toby...
Isabella lembrava-se vagamente. Punch... Toby... ele sabia tanto...
- Toby? — repetiu Edward, o tom tão afiado quanto uma navalha.
- Oh, sim, ficou no lugar de Punch quando ele desapareceu. — Wilton encarou Isabella novamente. — Você ficou desolada.
Ela assentiu silenciosamente, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Seu pai... Devia levantar-se e ir até ele, mas Edward mantinha-a firme no lugar.

- Sr. Wilton. — Ele se impunha pelo tom de voz, percebeu Isabella, chocada. Controlava-se da mesma forma com que a mantinha na poltrona. — Como soube de Isabella? Como soube onde procurá-la?
- Oh, bem, esse foi o momento de maior sorte. Acredita que foi no jornal? Em minha segunda noite aqui, depois de saber sobre a morte de Renée, comprei peixe e batatas e, lá, no jornal usado para embrulhar as compras, havia uma reportagem sobre o casamento. Dá para acreditar?
- Não. — A palavra de Edward era indiferente e hostil. — Não, não dá. Oh, acredito que tenha lido na reportagem, que tenha morado na rua Mill... mas você não é o pai de Isabella e quero que saia já daqui!
- Edward... não! — Isabella voltou-se para ele, chocada e angustiada.
- Isabella, você não está raciocinando direito. Creia-me...
Edward encarou-a fixamente, como se quisesse incutir-lhe seus pensamentos através do olhar. Quando ele fazia aquilo, ela acreditava em qualquer coisa, mas, naquele caso, precisava mais do que confiança cega.
- O jornal... — alertou o marido, perspicaz. — E você me contou sobre Punch. Pense... esforçou-se e lembrou-se do dia em que encontrara Edward passeando com o cachorro da família. Lembrou-se de ter-lhe contado sobre seu animal de estimação e ouviu-se dizendo: "Punch foi atropelado quando eu tinha quatro anos".

- Sr. Wilton. — Ela precisou concentrar-se para fazer-se audível. — Exatamente quando eu nasci?
- Eu lhe disse. — Havia mais do que um tom de desafio na voz do homem. — Em setembro.
- Não, o ano. — Edward assentiu satisfeito e ela entendeu que estava no caminho certo.
- Deixe-me ver... você tem vinte e dois anos, então...
- Edward, conduza-o à saída. — Isabella sentenciou, desanimada e em voz baixa. — Ele não é o meu pai.
- O quê? Ouça... só porque não me lembro...
- O senhor não se lembra de nada — interrompeu Edward, severo. — Porque não é quem diz ser. Um pai de verdade nunca se esqueceria do ano de nascimento da filha. Entenda, na reportagem do jornal, a idade de Isabella saiu errada. Na verdade, ela tem vinte e quatro anos e, se estivesse por perto quando Punch morreu, então teria ficado com Renée por mais do que três anos...
- Oh, está bem, raios! — Wilton mudou de tal forma que Isabella mal reconhecia o homem sorridente e hesitante que entrara naquela mesma sala havia pouco.
- Então, eu tentei... quem não tentaria? Quero dizer, conheci aquela pirralha quando ela não era nada... quando não tinha nada... mas agora ela surgiu para o mundo. Você é cheio da grana e...
- E achou que conseguiria botar as suas mãos sujas em alguns trocados fazendo se passar por meu sogro? — Edward completou a frase como se até o fato de pronunciá-las o contaminasse.
- Pode parar — veio a resposta rabugenta.
- E o efeito sobre Isabella? Como acha que ela se sente, achando que o pai só a queria porque ela é rica? Oh, saia daqui!
Com o olhar faiscando, Edward foi até a porta, abriu-a e lançou um olhar contido ao homem.
- Saia daqui antes que eu o coloque para fora! E, se for esperto, vai sair de Ellerby também, porque, se eu o vir novamente, não me responsabilizo por minhas ações!
Isabella nem viu James Wilton sair. As lágrimas que retera para concentrar-se nas perguntas que Edward fizera e nas respostas obtidas por fim encontravam vazão. Enterrou o rosto nas mãos. O sentimento de vazio parecia pior, pois por um breve período pensara que estava a ponto de completar o quebra-cabeça de sua vida.

- Isabella! Oh, Bella, não chore!
Edward a envolveu com braços fortes, quentes e protetores. Isabella aninhou-se e aceitou o apoio e o abrigo enquanto desatava a chorar.
- Amor, não chore... sabe que não posso vê-la assim. Nunca pude, desde o momento em que a vi deitada no acostamento com a perna machucada. Você tentou ser forte, mas uma lágrima grande abriu caminho sobre a lama em sua face e eu só quis salvá-la, bater uma varinha mágica e consertar tudo.
- Apesar disso, lembro-me claramente de ter ouvido algo como: "Mas, minha nossa, em que trapalhada se meteu agora, sua pirralha?"
- Eu disse isso? — O tom de Edward era desconfiado. — Nunca fui muito bom em expressar o que realmente sinto.
E o que aquilo significava? Isabella sentiu a respiração bloqueada, o raciocínio tomando rumos diferentes. Relaxou nos braços fortes sem se importar em encará-lo. Tinha medo de não poder ler o que esperava e focalizou a visão turva no tórax e na camisa que até pouco antes estivera imaculadamente limpa.
- Oh, veja o que eu fiz! — Ineficaz, Isabella esfregou as manchas de maquiagem com os dedos. — Edward, estraguei a sua camisa!
Ele encolheu os ombros, indiferente à preocupação dela.
- Lavando, sai. E, se não sair, o que é uma camisa entre amigos? — A risada dele continha um sentimento que Isabella não conseguiu identificar. — Não era nessa hora que eu deveria oferecer-lhe um lenço branco? Se for, acho que falhei no papel de herói romântico, pois não trago nenhum no momento.

Ele buscou uma caixa de lenços de papel na mesa próxima, tirou várias folhas, entregou-lhe algumas e usou outras para enxugar-lhe o rosto com tal gentileza que mais parecia mágica, de tão inesperada. Ela sentiu o coração aquecido e a dor diminuiu consideravelmente.
- Devo estar horrível...
- As faces estão avermelhadas e esses olhos lindos estão um pouco inchados, mas só isso... Ele não vale isso, Bella! — acrescentou Edward, ferino. — Ele não é nada além de um trapaceiro barato, um vigarista.
- Ele poderia ter sido o meu pai.
- Mas não era.
Ele não entendia, mas como poderia? Nunca vivera com uma falha em sua vida.
- Bem, claro que você estava contra ele desde o começo, só porque ele obviamente era pobre e ignorante. Suponho que ele não era bom o bastante para ser avô do seu precioso filho!
- Ele não era o tipo de que gostaria como sogro, com certeza.
- Mas e se ele tivessesido...?
- Isabella, você está tão desesperada por um pai... uma família... que vai se agarrar ao primeiro que aparecer, não importa quão ameaçador ele pareça? — Quando ela não pôde responder, ele acrescentou: — Foi por isso que se casou comigo?
Sem saber exatamente como a pergunta estava sendo feita, Isabella optou por responder com cuidado.
- Você lidou bem com a situação.
- Bem, muitíssimo obrigado!
- E por que está tão indignado? — A raiva gratuita dele fez com que ela disparasse as palavras, defensiva: — Afinal, não foi por isso precisamente que você se casou comigo?
Edward afastou o rosto como se tivesse levado um tapa e algo que ela nunca vira antes surgiu em seu olhar.
- Bem... sim... Eu acho que sempre sentiria o dever de me casar com qualquer mulher que engravidasse de um filho meu. Isso influiu em minha decisão.
- Aposto que sim! Você não pôde ficar com sua primeira opção, mas aceitaria qualquer substituta, desde que ela lhe desse um filho.
- Oh, mais essa agora, Isabella! — A reação de Edward deixou-a chocada. — Você é minha esposa. Está dando tudo certo, não está? Até minha mãe está se acostumando à idéia.
- Bem, sim...

Isabella teve que reconhecer que, à medida que o bebê crescia, seu relacionamento com Esme Cullen também se desenvolvia. Agora que entendia mais sobre o passado daquela senhora, era mais fácil compreendê-la e, embora não fossem amigas, podiam, pelo menos, tolerar-se muito mais. Na semana anterior, Esme surpreendera-a confidenciando:
- Tenho que admitir que, no começo, tive minhas dúvidas sobre você e Edward, mas tudo está correndo muito melhor do que eu esperava. Entenda, eu conheço meu filho, Isabella. Eu o amo muito, mas, vamos encarar os fatos, o histórico dele com mulheres não é dos mais exemplares. Sou a primeira a admitir que até recentemente ele não mostrava o tipo de inclinação necessária a um casamento.
Isabella só conseguira murmurar alguns sons genéricos em resposta, mas Esme não parecia querer suas reflexões.
- Eu costumava achar que era a reação dele contra a insistência de meu marido em atribuir-lhe os deveres da família. A vida amorosa era algo que ele podia levar com irresponsabilidade, mas agora vejo que ele simplesmente não tinha encontrado a mulher certa. Você é a primeira com quem ele fica por mais do que alguns meses. Pela primeira vez na vida, ele está realmente se estabelecendo...
Isabella voltou ao presente.
- Mas sua mãe não sabe que o bebê é o único motivo pelo qual nos casamos? — indagou Isabella ao marido. Esme não sabia que Edward não lhe era fiel por opção, mas sim por causa do bebê e da rejeição de Tanya.
- Isabella, eu já lhe dei motivo para crer que me arrependi de ter me casado com você?
- Não... — Ele fora atencioso, preocupado, generoso, apaixonado, até que ela ficasse muito grande, e continuava gentil agora, nos últimos meses de gravidez.
Mas, como ele mesmo admitira, sentiria o mesmo dever para com qualquer mulher que engravidasse e, sendo Edward, procuraria fazer o melhor.
— Mas ambos sabemos por que estou aqui.
- E por quê?
- Você sabe! Eu sou apenas uma incubadora para você.
Emitir as palavras ásperas tornava tudo mais desagradável. Por isso, não sabia se poderia continuar com aquele casamento de fachada.
- Você não pode ter um filho se não tiver uma mulher que o carregue...
- Como se atreve? — protestou ele. Mais uma vez, ela ficou assustada com a expressão do marido. — Como pode me acusar de...
- Não... Como você se atreveu a se casar comigo quando... Oh!
Isabella interrompeu-se e segurou a barriga.
- Bella! — Imediatamente, Edward era só preocupação. — O que foi?
- Nada — balbuciou ela, trêmula, quando conseguiu. — E só o bebê... me deu um chute forte. Nunca tinha sentido algo assim. Oh! Lá vem novamente!
Impulsivamente, ela estendeu a mão para agarrar as de Edward e levou-as até a barriga, pousando-as sobre o tecido de algodão do vestido. Queria partilhar o momento.
- Está sentindo?
- Não... eu... Oh, nossa!
Ele pareceu maravilhado e toda a raiva anterior se esvaiu.
- É fantástico.

De repente, ele voltou-se para ela, tomou-lhe o rosto gentilmente e inclinou-se para beijar-lhe os lábios. Um beijo que, apesar da lenta intensidade, não tinha nada de sexual. Não podia sequer ser descrito como afetivo, mas era diferente de qualquer coisa que ele já fizera, cheio de um sentimento especial que fez sua cabeça girar e o sangue correr pelas veias, deixando-a feliz.
- Obrigado por isso, Isabella — declarou ele, simplesmente.
Então, ela entendeu que as lágrimas foram infundadas. Poderia continuar com aquele casamento. Poderia suportar qualquer coisa se, pelo menos de vez em quando, ele a olhasse daquele jeito e a beijasse como fizera havia pouco. Se ele fizesse isso, não pediria mais nada.
- É para isso que servem os amigos. — Ela refugiou-se na arrogância.
Edward não gostou disso e franziu o cenho.
— Você... se referiu a nós como amigos... agora há pouco. Com certeza, podemos ser amigos, não é? — perguntou, ansiosa, esforçando-se para ignorar mais uma pontada desconfortável no abdômen.
Perturbado, Edward hesitou e cerrou ainda mais o cenho ao considerar a questão.
- Para dizer a verdade, Bella, acho cada vez mais difícil definir o que somos um para o outro. Eu não acho realmente que possamos ser amigos.
- Não? — Isabella não podia mais esconder a dor. — Mas Edward...
Ele balançou a cabeça, rejeitando o protesto.
- Bella, amigos supostamente são platônicos... não podem partilhar os sentimentos que eu tenho para com você.
- Que tipo de sentimentos?
- Você sabe... não é preciso que eu diga. Só tenho que olhar para você para desejá-la. Você é tão bonita...
- Ora! — exclamou Isabella. — Nisso eu não acredito.
- Andou se olhando no espelho ultimamente? — indagou Edward. — A maternidade combina com você... o seu cabelo está brilhante, a sua pele, viçosa... há uma serenidade maravilhosa em seu ser...
Não naquele instante, pensou Isabella, em particular. Sentia o coração pulsando rápido, o rosto ruborizado e o bebê parecia determinado a continuar chutando.
- Eu não sou bonita — esclareceu ela. — Com certeza não é um termo que as pessoas tenham usado para me descrever. Simpática, talvez, gentil... mas bonita, não. Alguém como Tanya...
Tardiamente, percebeu que cometera um erro ao mencionar o nome.
- Deixe Tanya fora disso — grunhiu Edward. — Ela não tem nada a ver conosco.
Se pudesse acreditar nisso, a vida seria muito mais fácil. Mas a outra mulher estava sempre lá, entre eles. Isabella sabia que não era a primeira escolha de Edward...
Parou de pensar, pois foi tomada por outra pontada forte. Percebeu, assustada, que aquilo podia não ser apenas o bebê chutando, podia ser mais que isso...
- Edward! — exclamou, chocada.
- O que foi? — Como antes, ele ficou alerta e pousou a mão morna sobre a dela.
- Acho que o bebê...
- Mas não pode! O médico disse três semanas ou mais.
- Eu... não acho que o bebê vai esperar tanto tempo! — balbuciou Isabella, com os dentes cerrados de dor.
- Mas é muito cedo... ou nos enganamos com as datas?
- Edward!
Ela teve vontade de rir ao ver aquele homem, sempre tão orientado pela lógica e friamente capaz, assustado a ponto de não conseguir tomar uma atitude concreta.
- Se há algo de que podemos ter certeza absoluta é a data de concepção deste bebê!

Isabella só conseguiu dizer isso. Em segundos, toda a possibilidade de pensamentos coerentes tornou-se impossível, arrastada pelas ondas de dor que a faziam ver estrelas, sair do estado racional e delirar. Estava vagamente ciente de ouvir Edward berrar ordens para alguém, portas sendo abertas e fechadas e passos apressados pelo corredor.
Então, alguém a ergueu e carregou, de forma tão gentil e com tanta segurança que sentiu-se confiante, certa de que tomariam conta dela. Teve a impressão de ver o céu e o sol por um momento antes de entrar no carro. Edward sentou-se a seu lado enquanto o motor possante era acionado.
- Agüente firme — murmurou ele, rouco, junto a seu ouvido. — Só mais alguns minutos.
Ela não conseguia enxergar, não conseguia pensar, só respirava com dificuldade. Apesar da dor e da semi-consciência, conseguiu registrar um fato. Estava muito ciente dos braços fortes que a mantinham, bem como do conforto, apoio e carinho que transmitiam. Aquilo era muito mais eloqüente do que uma centena de palavras. Agarrou a mão do marido, sem saber que estava arranhando-o com as unhas.

- Edward... — sussurrou, apesar de muito ofegante. — Edward... não me deixe... por favor... não me deixe...
- Nunca — assegurou-lhe ele, a voz rouca e grave, cheia de sinceridade. — Nunca, em toda a minha vida...
Ele agarrou-lhe as mãos e amparou-a enquanto ela sentia outra contração forte. As palavras ficaram ecoando em sua consciência como se fossem a única ligação que tinha com o mundo, de repente parecendo ficar distante.


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