10 fevereiro 2015

Nova entrevista da Kristen para o Salon durante a promo de Still Alice

A conversa em torno de “Still Alice” tem sido toda sobre Julianne Moore e com razão — a sua atuação como Alice, uma professora de linguística com início precoce de Alzheimer, é o papel de uma vida (e um passo para o Oscar). Mas não é a única boa atuação no filme. Em particular, Kristen Stewart navega habilmente no território emocional difícil no seu papel de filha apaixonada e combativa, Lydia, que está firmemente ao lado da sua mãe ao longo da deterioração rápida e devastadora.

O papel de Kristen é o mais recente de uma série de indies — incluindo “Clouds of Sils Maria”, de Olivier Assayas e o drama “Camp X-Ray”– uma notável mudança longe dos blockbusters pelos quais ela ficou conhecida, através de projectos de uma escala menor e mais significativos. "Não tenho estado sempre completamente confortável a ser empurrada para o centro das atenção mais brilhante e mais ofuscante que podes imaginar,” disse-me ela, com a sua marca registada inexpressiva. No entanto, ultimamente, parece que ela encontrou o equilíbrio. Ao falar com ela hoje no Crosby Street Hotel, em Nova Iorque, Stewart parece poderosa pelo seu envolvimento num filme que realmente tem o poder de fazer a diferença na vida das pessoas (não dizendo que “Twilight” não fez). Como ela diz: “Podes estar num set de filmagens, fazer isto e aquilo, gozar com as coisas. É como se isto não fosse real, não estamos a curar o cancro. Neste caso, na verdade, estamos a dar um passo enorme no sentido de ajudar as pessoas a superarem algo que é negado.”


Isto provavelmente desvanece em comparação com algumas das conferências que estás habituada.
Oh meu Deus — isto é apenas como um pequeno rato a correr atrás de um tigre. Sim, isto é bom. Isto é realmente interessante e divertido.

Vi o filme ontem e chorei, provavelmente, cinco vezes.
É super triste.
Quando viste, o que é que sentiste? Foste capaz de ter uma reação emocional ou sentiste alguma distância?

Vi-o duas vezes até agora. Na primeira vez em que vi, eu estava tão deslumbrada. Eu estava presente em muito do que [Julianne Moore] fez que isso era impressionante no filme, mas, para as coisas que não estava lá por ela, destruiu-me. Pensei que mais ninguém no filme existiu. Sou super técnica, sentar-me-ei e ver um dos meus filmes com uma pequena lista de coisas para verificar, contrabalançar e, finalmente, afastar isso. Normalmente, a primeira vez que vejo nunca é uma experiência adequada, é sempre a superar problemas de bloqueio e memórias estranhas e, desta vez, foi absolutamente inegável. O que ela precisa de ser feito. É tão importante.

Há imensa conversa sobre Oscar por causa da actuação dela. Trabalhaste com muitas actrizes incríveis — achas que estás a fazer algo diferente?
Acho que, normalmente, as pessoas com quem trabalhei que realmente deslumbraram-me foram pessoas realmente inteligentes que têm muito espaço na sua mente. Não é apenas sobre ter disponibilidade emocional ou uma natureza desinibida ou uma imaginação. Ela é um génio; consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Sinto como se pudesses ver o intelecto dela apenas de ver a sua actuação.
Ela é tão inteligente, eu sei! Acho que a coisa fixe sobre ela é que ela é super técnica. Sabe sempre onde está a câmara, colabora com o DP, com o realizador, com toda a gente no set. É super consciente do seu ambiente e ainda, de alguma forma, ela está comovente e perdida nele. Para fazer isso, fazer as duas coisas ao mesmo tempo, é o que acho que é absolutamente inegável. Não é bom ou mau ou, oh, tens uma opinião sobre isso. Não, é apenas real.

Então, se alguém está a debater a qualidade da actuação dela…
Uh, não. Tipo, há alguém? Talvez eu seja completamente tendenciosa — obviamente — mas tipo, não.

Existe algo sobre interpretar a filha de alguém que consolida uma ligação entre dois actores?
Definitivamente. É estranho… Fazemos as coisas mais estranhas como actores.

Que tipo de coisas estranhas?
Se ultrapassares isso e pensares sobre isso, simplesmente, é o comportamento mais bizarro. É apenas uma maneira de meditar, analisar e aprender. [Julianne e eu] sentimos assim em relação uma com a outra e não sei porquê — porque é que me sinto assim sobre esta mulher? Conheço-a há vários anos, mas há apenas algumas pessoas na vida com quem tu te importas, com quem te ligas, a quem tu facilitas as coisas fantásticas no outro. E é palpável, é imediato, sabes. Eu sabia que poderia trabalhar com ela; eu sabia que poderia interpretar a filha dela. Há definitivamente pessoas que eu seria tipo, não sei se poderia ter isso com esta pessoa.

Os actores podem definitivamente preencher os espaços em branco e isso acontece o tempo todo. Nem sempre tens ligações fantásticas e estes momentos de — é foleiro como o c*r*ças — momentos verdadeiros, sérios, fugazes e efémeros, pelos quais não podes tirar nenhum crédito. Acontece. É estranho, porque colhes benefícios. Porque liguei-me com Julie e porque éramos capazes de ser honestas uma com a outra em alguns momentos, agora as pessoas dizem que estou bem no filme.

Bem, estás bem no filme!
Obrigada! Mas é estranho, é um trabalho estranho para ter. Há essa enorme área cinzenta. É a vida, sabes o que quero dizer? É uma espécie de um mundo alternativo estranho. É uma viagem.

Não é segredo que estavas frustrada com toda a atenção louca da media que tiveste depois de estar em “Twilight.” Dada a escala mais pequenas dos teus últimos três filmes, dirias que foste capaz de começar a consolidar a carreira que realmente queres?
Sim, sim. Eu nunca manipulei através de algo pelo qual me sentia apaixonada — o meu trabalho está realmente alto nessa lista. Não planeei, não pensei sobre a minha trajectória ou como projectei a minha carreira de uma forma que posso conseguir o que quero. Felizmente, consegui o que queria naturalmente — sou uma sortuda — mas não fazia ideia de que “Twilight” ia ser um grande negócio, ele explodiu. É sempre difícil comparar projectos e acho que cada momento que vivemos, obviamente, faz de nós a pessoa que somos agora, por isso cada projecto tem um pouco de mim, porque sou eu em diferentes fases da minha vida, mas não têm nada que ver com outro em termos de design.

O que é que neste filme te fez querer assinar?
Quero dizer, é tão insamente ambicioso. É realmente raro ler um guião e seguir, se isto for bem feito, vai ser muito importante e, se for mal feito, vai ser estranhamente mau. Julie foi atribuída ao projecto, quando eu estava a lê-lo, então tinha toda a fé no mundo nela, que era apenas o que poderia suportar isto. Conhecer [Richard Glatzer] e Wash [Westmoreland], que realizaram o filme, que lidaram com as suas próprias questões dificéis que estão bastante relacionadas a esta história… Rich tem ALS/ELA nos estágios avançados e estão a viver, a amar e a trabalhar e apenas brilhando com os seus exemplos. Eu pensei que eu realmente não achava que estes tipos contratar-me-iam a menos que pensassem que eu tinha capacidade para interpretar Lydia.

Viste isso como um voto de confiança em ti como actriz?
Claro que sim. Ela é tão honrosa, sabes o que quero dizer? Chegas ao filme do filme e estás tipo, Deus, espero que eu me consiga lutar assim.

Percebeste que ela é quase a única que sobrou.
Ela definitivamente é. É horrível, mas, ao mesmo tempo, tão fixe. Comecei a colher os benefícios de ter uma experiência muito pessoa com o Alzheimer sem a dor real disso, porque eu realmente não conheço ninguém que tenha, mas tive esta experiência que deu-me isso. Eu sei os prós e contras; Senti-o; Conheço a dor.

O estado de espírito no set intensificou-se pelo facto de o realizador estar a lidar com a ELA? Será que isso deu uma extra intensidade à produção?
Parecia que estávamos a fazer algo que iria ajudar as pessoas. Os filmes são diversão e entretenimento; que é geralmente o ponto deles, mas, quando conseguem realmente ajudar as pessoas e ser importante, batem realmente no teu corpo de uma forma que a maioria dos realizadores não conseguem fazê-lo para ti, não importa o quão óptimos sejam, quão inteligentes sejam. O tipo de pessoa que Rich é é apenas.. Serias sortudo por conhecê-lo. Nem toda a gente é tão fixe quanto ele.

Tens que ser tão forte para lidar com isso.
Sim, especialmente da forma que é. Ele é tão bom realizador e, assim como Alice, ele tem tanta sorte por ter Wash, porque ele está a permiti-lo que esprema até à última gota de vida ao invés de largá-lo na toalha. O filme é sobre isso, por isso ter isso no set…

Podes meter-te num set de filmagens, fazer isto e aquilo, divertir-te com as coisas. É como se, isto não é real, não estamos a curar o cancro. Neste caso, na verdade, estamos a dar um passo enorme no sentido de ajudar as pessoas a ultrapassarem algo que é negado. Lisa Genova está constantemente a falar sobre como precisamos de arrancar o Alzheimer para fora do armário e mostrar que isto não é uma doença dos idosos. É uma coisa muito real e há muita vergonha nisso. Há tanto isolamento, tanta solidão, tanta negação e tanta vergonha e não deveria ser assim. Estamos a correr maratonas pelo cancro — porque é que não estamos a fazê-lo pelo Alzheimer?

Não te conheço, obviamente, mas pareces sentir-te realmente bem sobre este projecto. É justo dizer que trabalhar nestes tipos de filmes mais profundos ajudou-te a sentires-te esclarecida?
Bem, sim. Tenho muita sorte, porque não foi uma escolha. O meu agente enviou-me o guião, sabes o que quero dizer? Gostaria de saber como eu ficariae como eu iria ser moldada sem estes projectos e sem estas experiências de aprendizagem loucas em tais períodos de tempo isolados e acelerados. Não é só agora; é definitivamente fixe que as pessoas gostem de alguns projectos que tenho feito ultimamente. Isto é incrível, embora eu não esteja sempre completamente confortável a ser empurrada para o centro das atenções mais brilhante que possas imaginar… que sempre foi difícil, mas, no outro lado, adoro o que faço.

És uma espécie de heroína para as pessoas, de uma forma. Muitas pessoas admiram o que vêem como a tua atitude não-ligo-nenhuma.
Eu sou tipo, na verdade, ninguém liga nenhuma como eu. Ninguém liga nenhuma mais do que eu. É apenas irónico para mim. Sou sempre assim, a sério?


Para ti, não é sobre sair e fingir que adoras em vez de realmente adorares fazer o trabalho.
Sim. Encontro-me a dizer coisas que oiço outras pessoas dizerem, onde estou tipo: ok, estás a mentir. Mas eu digo a mesma coisa e questiono se as pessoas acham que estou a mentir quando digo: ok, nós éramos uma grande família no set! Mas odeio essas coisas. As pessoas perguntam-se sempre se escolhi os projectos que escolhi porque estou a tentar redefinir-me ou a mudar a percepção das pessoas sobre mim. Hum, não. Numa palavra, nah.

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