03 maio 2015

FanFic Passado Distorcido - Capitulo 3 - Whatsername? - Whathisname?

 

Autora(o): Kelly Domingos - Whatsername no Nyah!
Gênero: Angst, Romance, Universo Alternativo, Hentai, Drama
Censura: +18 
Categorias: Saga Crepúsculo 
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo


Whatsername? - Whathisname?

POV Edward


Eu estava sendo muito tolinho quando pensei que seria fácil realizar o pedido de meu irmão; primeiro, o endereço deixado por ele fora inútil, o porteiro do prédio disse que Isabella tinha se mudado há dois meses, acredito que logo após a morte de Sebastian. E segundo, pois, eu não estava certo se iria pra cama com minha cunhada.

Era ridículo pensar nessa hipótese, uma cunhada que nunca foi apresentada a mim nem aos meus pais. Em contra partida, eu sabia que ela tinha todas as respostas que eu queria. Meu cérebro ainda fundia para encontrar os motivos que levaram meu irmão a sair de casa, ficar quatro anos sem dar noticias e se matar. Isabella com certeza teria todas essas respostas.

O sentimento de vingança vinha acompanhado pela raiva, ela tinha destruído meu irmão e conseqüentemente tinha me destruído também. A dor da perda ainda me consumia.

Já estava em Nova Iorque a um mês, trinta dias de frustração; estava ficando impossível encontrar a tal mulher, a víbora; a exceção se dava pelas as horas que eu passava no batalhão, a corporação era bem maior que a de Chicago e eu tinha colegas definitivamente engraçados.

“Pensando em quê Cullen?” Emmet falou no meio de nosso almoço. “Com essa cara só pode ser sacanagem!”
“Em nada que te interessa!” Cuspi para ele, Emmet e Jasper podiam ser muito inconvenientes quando queriam.
“Deste de quando mulher gostosa não me interessa?” Emmet devolveu feliz com sua resposta super elaborada.

Jasper ria de nossa conversa escrota, os dois tinham se tornado minha companhia deste o meu primeiro dia no batalhão. Emmet era exagerado em todas suas ações assim como em seu porte físico; já Jasper era ponderado, ele analisava todas as possibilidades antes de tomar uma posição.

Não respondi Emmet, até por que meus pensamentos do momento eram bem mais sérios do que uma loira de peitos gigantes ou uma vadia qualquer. Mas o assunto que ele abordou fez-me começar uma linha de raciocínio perigosa, sem querer comecei a pensar em como seria a tal Isabella, meu irmão não tinha um gosto muito refinado para mulheres, sempre o via com uma baranga ou uma mulher demasiada fresca, isso tornaria as coisas mais fáceis pra mim, esse tipo de mulher se apegava fácil e choraram por qualquer rejeição. Eu já tinha um gosto mais seletivo, nunca tive um relacionamento sério, mas nem por isso pegava qualquer uma; prostitutas eram muita promiscuidade e também eram um pouco chatas. Chicago tinha mulheres bonitas, e era fácil conseguir uma noite arrebatadora depois de alguma conversinha num bar bem freqüentado.

“Então, o que vão fazer hoje?” Jasper perguntou após um silêncio confortável.
Era sexta-feira e nós teríamos o fim de semana de folga, eu tinha um plano de ficar em minha casa tomando cerveja e comendo qualquer porcaria.
“Eu vou ficar em casa!” Falei e recebi dois olhares incrédulos.
“Cara, você precisa sair um pouco, pegar mulher, sei lá...” Emmet falou estupefato.
Jasper continuou me incentivando. “Você vai ficar assexuado desse jeito, eu e minha namorada estamos saindo esta noite para dançar, você pode ir conosco; uma amiga dela também vai...”
“Eu não quero um encontro as escuras!” Falei antes que Jasper desse mais uma ideia absurda.
“Então, por que você não me acompanha num pub? Sabe cerveja e comida ruim? Às vezes faz bem!” Emmet num lapso de criatividade deu uma boa opção.
“Hum... Pode ser! Onde é?” Perguntei com interesse crescente.

Anotei o endereço no guardanapo e coloquei dentro de meu uniforme.
O resto do dia passou tranqüilo, a maioria das ocorrências foi de pequenos incêndios domésticos, ainda era difícil conscientizar a população sobre o quão perigoso é manusear álcool perto de chamas.
Cheguei em casa depois das seis, eu tinha combinado com Emmet as nove, então isso me dava umas duas horas de sono. Acordei antes do previsto, tomei um banho e me arrumei; não precisava colocar minhas melhores roupas, na verdade, peguei as mais velhas; eu estava indo para um pub afinal, só teria homens caindo de bêbados e vendo um jogo qualquer numa TV velha.

Um carro fazia falta, eu não tinha dificuldades em ir para o batalhão a pé, mas às vezes era um porre ter que andar mais que vinte minutos pra chegar num lugar. Caminhei pelas calçadas cheias, a noite estava como todas as outras: escura e sem graça. Cheguei ao bar e avistei Emmet jogando sinuca, logo me juntei a ele. A noite passou rápida, não sei quantas garrafas bebi, eu tinha passado fácil da quinta. Eu tinha consciência de meu estado de embriaguez, tudo que eu dizia causava risadas histéricas em Emmet. A comida era realmente ruim, as asinhas de frango estavam um pouco esturricadas e só desciam com a ajuda da bebida. Joguei sinuca como nos velhos tempos, flertei com todas as garçonetes, Emmet lançou algumas mulheres duvidosas em meu colo, dispensei cada uma delas. Meu nível de álcool não permitia nada além de uma noite de sono profundo.

Tinha sido divertido e acabou rápido, pouco depois de uma da madrugada eu já estava voltando para casa, as ruas estavam desertas, claro, era nesse horário que a noite estava realmente começando, as luzes de neon judiavam de meus olhos. Optei pelo caminho mais curto, as ruas estavam ainda mais desabitadas, restava apenas as tribos urbanas; tinha alguns do metal, do break, outros faziam rodinha com um baseado, as prostitutas tentava conseguir seu dinheiro, e também tinha os marginais de carteirinha. Ignorei cada um deles, cabeça baixa sempre vai ser uma boa defesa.

Ainda estava longe de casa quando meus olhos foram atraídos para um corpo pequeno que virou a esquina e começou a andar na minha frente.

Foi instantâneo, não consegui parar de olhar. O corpo diminuto andava com pressa, a cada passo seu vestido preto de paetê subia e revelava suas coxas delgadas, a mulher tentava a todo custo não deixar o vestido subir, eu ri sozinho da cena; ela estava visivelmente irritada com o tamanho de sua veste. Ela também tinha os cabelos caindo em suas costas, mesmo na escuridão pude ver que eles eram de um castanho avermelhado e tinha um aspecto ondulado. Analisei seu corpo, sua cintura era fina e ela tinha um bom traseiro empinado.

Continuei passos atrás dela, eu estava tendo uma boa visão. Não sei se porque eu estava muito concentrado na mulher ou se por que eu estava bêbado, mas eu demorei a perceber que vários homens estavam se aproximando dela. Ela apertou o passo sem saber o que fazer, e eu me vi sendo a única chance para aquela mulher. Apertei meu ritmo sem causar desconfiança nos caras.

Eles estavam em três, e eu estava sozinho. Minha diferença numérica não me intimidou, eles cercaram a mulher numa rodinha, um deles subiu suas mãos sujas pela barra do vestido, eu não conseguia ver seu rosto, mas era fácil saber que ela estava aterrorizada. Era a minha vez de atacar, escolhi o mais forte. Tudo aconteceu rápido, quando me vi já estava desfigurando o rosto do sujeito, os outros dois correram, covardes, eu pensei.

Convergi todas minhas forças para minhas mãos, eu queria pelo menos arrancar muito sangue daquele homem nojento, violência nunca foi meu forte e Esme ficaria decepcionada se me visse naquela cena, mas expulsei meus pensamentos, nenhuma mulher merecia este tipo de tratamento, a ironia roubou meus pensamentos.

“Você vai matá-lo!” A mulher falou num tom que tinha desespero e alívio. Eu pensei que ela tinha corrido e procurado seu rumo, não tinha motivos para ela ainda está ali.

O cara já estava inconsciente e resolvi parar com meu trabalho. Ousei olhar para cima e encontrar o rosto da mulher. Ela me olhou e eu a olhei, clichê eu sei, mas por mais blasé que seja não tinha outra maneira de definir. E nós ficamos ali, presos em nossos olhares. Sua pele era pálida e cintilava um pouco, eu quis tocar para saber qual era a textura. Seus cabelos caiam tímidos, era uma bonita moldura para seu rosto também bonito. Ela tinha lábios cheios e vermelhos, e olhos eram de um marrom intenso, mas senti falta do brilho. Ela era linda, ela conseguiu me deslumbrar.

“Obrigada?” Ela disse depois de desviar o olhar, eu queria seus olhos nos meus por mais tempo.

Levantei e limpei minhas mãos sujas de sangue na calça, em pé pude ver o quando ela era pequena, ela não passava de meu pescoço. “Você deveria saber o que o caminho mais curto é sempre o mais perigoso!”

Ela baixou o olhar envergonhada, eu não quis ofende-la eu só tinha dito a verdade. “Acho que eu nunca aprendo!” Sua voz era tranqüila e baixa.

Aproveitei o silêncio para olhá-la mais uma vez, o álcool me deixou desinibido, pois não me preocupei em ser discreto; apeguei-me a cada detalhe de seu rosto e um sorriso escapou de meus lábios. E para me deixar confuso ela também me lançou um sorriso tímido.

“Hãn... Eu estou um pouco bêbado, mas eu posso te acompanhar até sua casa? Eu dormiria mais tranqüilo se eu tivesse certeza que te entreguei segura aos seus pais!” A bebida sempre me fazia falar como um pobre na chuva.

Mas meu pedido era verdadeiro, ela parecia muito jovem, no máximo uns dezoito. Ela me estudou antes de responder. “Hum... Meus pais morreram e eu não sou tão nova quanto você imagina!” Ela disse, mal percebi que já estávamos caminhando lado a lado.

“Sério? Você tem que idade? Podia jurar que você está terminado o colegial!” Falei um pouco alto ganhando um riso da garota.
“Vinte e um!” Sua resposta foi curta.
A resposta me surpreendeu, ela estava fodidamente bem para a idade que tinha. Continuamos em silêncio, até que ela se pronunciou na noite escura.
“Você é policial? Você pareceu bem convincente em seus golpes!” Sua voz estava curiosa, mas não deixou de ser terna.
“Sou bombeiro, e salvo garotas bonitas nas horas vagas!” O flerte tinha sido ridículo, eu sabia disso. Ela me olhou desviou o olhar, ela soltou um sorriso fofinho encarando seus pés que estavam acomodados num salto alto.

Mal percebi que estávamos na frente de meu prédio. “Você mora aqui?” Perguntei incrédulo.
“Moro, oras!” Ela já tinha chamado o elevador.
“Eu também!” Nós entramos dois no elevador surpresos com a revelação.
“Obrigada por tudo, por ter me salvado! A gente se vê!” Ela disse assim que elevador parou no quarto andar, ela saiu e deixou um aceno com a mão.

Eu não estava pronto para deixá-la, mas meu corpo cheio de álcool não esboçou nenhum movimento para segura-la, apenas minha mão um pouco inchada por causa dos socos conseguiu devolver o aceno. Subi até o décimo sexto andar sozinho no elevador, meus pensamentos estavam desconexos, eu senti falta de uma única coisa: saber seu nome. O nome daquela que me deslumbrou.



POV Bella


Não poderia ser classificado como uma melhora. Talvez uma leve melhora. Durante o último mês, eu tinha feito um acordo com Alice; ela dormiria noite sim, noite não em casa. Seria bom para ambas; eu iria lidar sozinha com meus medos e com meu pesadelo e Alice teria seu tempo de qualidade com Jasper.

O pesadelo sempre acontecia, e tinha os mesmos aspectos: uma cena e uma ameaça. Eu acordava desesperada e repetia que tudo não passava um sonho feio e assim eu adormecia de novo. Até meu corpo já sentia os reflexos dessa mudança, eu não acordava tão cansada nem com o sono usual.

“Que tal nós sairmos está noite?” Ali disse no meio de nosso café da manhã.

Era sexta-feira e eu ponderei por um instante, seria bom eu sair um pouco, tinha muito tempo que eu não o fazia. “O quê tem em mente?”

Alice estampou um sorriso vitorioso em seu rosto delicado. “Dançar, está bom para você?” Ela sugeriu animada. Dançar. Tinha séculos que eu não fazia isso, nem mesmo sabia se eu era capaz de realizar tal façanha, mas eu não estava preocupada em parecer uma louca na pista, eu sentia a necessidade de festejar, festejar minha sutil evolução. Eu merecia isso.

“Parece ótimo!” Falei me rendendo. Subitamente fiquei extremamente animada para que a noite chegasse logo.
“Vou avisar Jazz, ele vai ficar feliz em saber!” Ali disse bebericando seu suco.

Talvez essa seja a parte ruim da noite, Alice dançaria algumas musica comigo e depois estaria atracada em seu namorado. Eu não podia culpá-los, se eu tivesse um namorado que me amasse eu também viveria em seus braços.

Mas infelizmente meu imã para caras idiotas funcionava muito bem.

“Eu não tenho o quê vesti!” Eu disse depois um silêncio agradável. Alice me deu um sorriso presunçoso.
“Nós vamos às compras, babe!” Seus olhos brilharam quando ela disse compras. Ela até podia ser um pouco cheias de superficialidades, mas nada tirava seu coração generoso de cena.
“Eu ainda não recebi!” Falei casualmente, eu não queria gastar o resto de meu salário com roupas.
“A gente não vai gastar muito, abriu um brechó aqui perto, já dei uma olhada. Tem coisa boa e barata.” Ali falou sabiamente.
Terminamos nosso café conversando amenidades. Alice saiu antes de mim, e eu fui para o jornal logo depois.

Eu tinha muita coisa para fazer no jornal. Minha mesa tinha pilhas e pilhas de textos para serem revisados e alguns para serem feitos. Eu era responsável pelos editorias, mas eu sempre acabava fazendo de tudo. Almocei na redação mesmo, eu não podia perder tempo se eu realmente quisesse sair mais cedo para conseguir acompanhar Alice em sua árdua tarefa de gastar dinheiro.

Meu trabalho não me satisfazia plenamente, não me arrependi de ter cursado jornalismo afinal era um profissão requisitada e o retorno financeiro era considerável. Mas apesar dos pros, eu não me sentia confortável trabalhando em frente a um computador o dia inteiro, lendo e corrigindo erros ortográficos e escrevendo textos. Se eu pudesse eu estaria preparando algum prato numa cozinha qualquer. O dia passou sem eu ver, a tarde tinha chegado trazendo o céu num tom diferente de laranja. A cidade de Nova Iorque estava bonita, talvez fosse o verão chegando, mesmo eu não gostando do sol conseguia reconhecer que tudo ficava melhor quando ele estava nos aquecendo.

Encontrei Alice na loja que ela tinha tido e ela estava certa, tinha boas peças num precinho que cabia no bolso de uma assalariada no fim do mês. Ali não deixou escolher minhas próprias roupas, antes de eu começar a olhar as araras ela já tinha me jogado um vestido preto muito brilhante.

“Eu tenho certeza que vai ficar perfeito em você!” Alice disse batendo palminhas como uma criança num aniversário.

Peguei o vestido e o estiquei na minha frente, ele era bonito; um pouco curto eu diria, mas eu tinha gostado, talvez eu tiraria os brilhos. “Experimenta para eu ver!” Alice pediu me levando para o provador.

A parte mais chata de comprar qualquer coisa era ter que provar, tudo parece muito bonito no cabide, mas é só colocar no corpo para sentir aquela pontada no coração. Tirei minhas roupas e as joguei no canto do provador, coloquei o vestido com cuidado, eu duvidava piamente se eu conseguiria vesti-lo sem destruir alguma costura ou perder algum botão. Felizmente não cometi nenhum acidente e por um milagre oculto o vestido tinha ficado bom.

Abri timidamente a porta para encarar Alice. “Está bom?” Perguntei com medo.

Alice estudou meu corpo, me fez dar várias voltinhas. “Aonde a senhorita escondia essas pernas e essa bunda empinada?” Ela praticamente gritou, pude ver outras clientes nos encarado, a vergonha alheia dominava seus rostos.

Eu queria bater em Ali, ou ter um buraco para enfiar minha cara. As duas opções eram inviáveis, apenas voltei para dentro do provador e me analisei no grande espelho.

Tinha ficado realmente bom, o vestido mostrava muito de minha coxa; meu colo ficava exposto por ser um modelo tomara que caia, o tecido justo deixava minhas poucas curvas acentuadas. Eu não vi nenhuma perna bonita nem uma bunda empinada.

Coloquei minha roupa original de novo e sai do provador. “Acho que vou levar!” Falei para Alice, ela estava absorta olhando pares de sapato.

Alice tinha escolhido dois vestidos e uma bolsa vintage, não sei por que ela comprava mais roupas e acessórios, ela já tinha muito de tudo.

Jasper iria nos pegar depois das dez, eu e Alice passávamos do banheiro para o quarto a todo instante, eu era um desastre nessa coisa de me arrumar. Meu cabelo apenas foi seco rapidamente com o secador, meu rosto estava livre de maquiagem, Alice até tentou uma corzinha em minhas pálpebras e algumas camadas de rímel. Vesti o vestido e coloquei os sapatos altos demais, Alice ainda estava escolhendo qual roupa usaria. Depois de uma longa espera, ela apareceu na sala. Jasper teria problemas esta noite, Alice estava maravilhosa.

“Você está ótima!” Elogiei sua produção.
“Amiga, você está divina! Vai chover homem na sua horta!” Ali disse num tom divertido.
Eu ri de seu comentário bobo. “Sei! Por favor, não jogue ninguém pra cima de mim, eu não quero ninguém ok?”
Alice me olhou em reprovação. “Bella, uma hora você vai ter que esquecer essas merdas e seguir sua vida!”
“Eu já estou seguindo minha vida, qual é o problema em eu não querer ninguém?” Devolvi ácida.
“Bella, não adianta, ninguém vive sozinho!” Alice tinha uma convicção assustadora de suas palavras.

Antes de eu pensar numa resposta, a campainha tocou. “Ei, vamos nos divertir ok?” Alice relembrou antes de abrir a porta.
Jasper tinha um par de olhos arregalados para Alice. “Nem adianta pedir, eu não vou trocar de roupa!” Ela disse sem deixar seu namorado ao menos falar. Ele riu condescendente para ela, ele me elogiou rapidamente e nos conduziu para o elevador. Os dois gostavam de demonstração de afeto em público, eles trocavam beijos simples durante o curto tempo que permanecemos no elevador.


Alice tinha escolhido uma das boates mais requisitadas de Nova Iorque, tinha vários ambientes, e as músicas convidavam seu corpo a se mexer. Jasper não gostava de dançar, ele estacionou no bar. Alice e eu fomos para a pista; eu estava enferrujada, meus movimentos estavam saindo de um modo engraçado. Alice me guiava com os passos eu fazia o que ela fazia. Não demorou para eu me soltar, timidamente ainda, Alice ia até o chão fácil, fácil. Limitei aos passinhos clichês de qualquer balada.

Dançar também cansava, deixei Ali na pista e fui procurar por Jasper no bar.

“Não sei como Alice consegue dançar como uma louca!” Falei mais alto para ele me escutar.
“Ela não cansa nunca! Quer beber alguma coisa?” Ele perguntou com seu tom casual de sempre.
“Não estou bebendo esta noite!” Falei pegando apenas uma água.
“Posso conversar com você rapidinho?” Jasper perguntou sem mudar seu tom.
“Claro!” Sentei num banquinho ao seu lado.
“Como você sabe, eu e Alice estamos namorando sério, e prometemos não ter segredos entre nós...” Eu ouvia, sem entender, suas palavras.
“... Então, ela me contou sobre você, e tudo que vocês passaram!” Jasper disse quase numa careta.
Claro que Alice não iria esconder isso dele. “Tudo bem, já passou mesmo!” Falei ignorando as lembranças.
“Ela também falou de seu pesadelo, não se preocupe, nada vai te acontecer!” Sua voz tornou-se ávida.

Instintivamente eu o abracei. “Obrigada!” Falei simplesmente.

“Amiga de Alice também é minha amiga, eu protejo vocês duas!” Ele disse me devolvendo o abraço.
“Agora eu vou tirar aqueles marmanjos de cima de minha baixinha!” Jasper saiu do bar rumando para o meio da pista.
Continuei com minha garrafa de água, parei para observar as pessoas que dançavam e as que bebiam. Eram mulheres bem vestidas e homens segurando seus coquetéis coloridos e enfeitados.
“A morena está sozinha?” Uma voz grossa falou perto demais, a primeira reação foi me distanciar.
“Estou e não pretendo mudar minha condição.” Falei firme, odiava cara abusado, e esse era bem assim, ele ostentava um olhar arrogante, a chave de seu carro estava em sua mão, suas vestes pagariam meu salário.
“Mulher difícil, é assim que eu gosto!” Sua mão pousou firme em minha coxa, e isso foi o estopim.

Não lhe dei nenhuma resposta, apenas fui para a pista. Alice e Jasper dançavam de um jeito engraçado, alguns beijos foram dados durante a coreografia.

“Alice?” Gritei interrompendo o casal.
Ela parou as mãos de Jazz em sua cintura. “Acho que já vou!” Falei.
“Está cedo ainda! Fique mais um pouco!” Ela pediu num biquinho.
“Vocês fiquem e aproveitem por mim!” Falei despedindo deles.

A rua estava escura, e eu continuava não gostando da noite. Eu queria chegar em casa rápido então peguei o caminho mais curto, eu iria passar pelo lado abandonado e nebuloso da cidade, mas não me importei. Caminhei depressa me equilibrando no salto, percorri algumas ruas desertas até chegar numa avenida larga, ela estava povoada de gente estranha. O medo correu em minhas veias, mas mostrar o medo é um convite para o ataque. Tentei parecer tranqüila, andei um pouco mais depressa, meu vestido subia a cada movimento e estava me deixando nervosa.

Eu já estava saindo da avenida quando percebi uns caras vindo para o meu lado, só deu tempo de contar que eram três. Depois eles já estavam me cercando, eu estava encurralada. A bile subiu até minha boca, a mão de um deles levantou a barra de meu vestido e minha vontade de vomitar crescia. E o que aconteceu a seguir foi rápido. Do nada, talvez do céu, apareceu um homem perto de mim, ele pegou o cara mais forte e o jogou no chão, os outros dois fugiram amedrontados. Ele dava golpes violentos no homem, o sangue jorrava pelo nariz do cara já desacordado.

Eu via a cena sem conseguir ter nenhuma reação, se esse homem não tivesse chegado eu seria violentada por um bando de nojentos. Eu queria ver o rosto daquele que me salvou, mas ele estava concentrado em espancar o corpo caído no chão. Eu via que ele estava nervoso, alguns golpes a mais e ele mataria o homem. “Você vai matá-lo!”

Ele parou com seus golpes e levantou seu rosto para me encarar. Foi um pouco estranho e muito, muito bom. Quando seus olhos pararam nos meus foi como se tivesse colocado uma redoma de vidro sobre nós. Ele continuou a me olhar, e eu inspecionei seu rosto bem desenhado. Não sabia se começava de seus cabelos amassados e de um tom de dourado bonito ou de sua mandíbula expressiva. E ele ainda tinha um nariz afilado e lábios finos, porém convidativos. Seus olhos eram uma particularidade, um verde intenso e penetrante, eu me vi perdida neles.

Nossa troca de olhares durou alguns instantes a mais, eu não estava incomodada com seus olhos em mim, mas eu precisava agradecê-lo. “Obrigada?” Falei desviando relutante meu olhar.

Ele se levantou e eu tive que levantar meu rosto para encará-lo; ele era demasiado alto, eu parei apenas perto de seu pescoço com salto alto!

“Você deveria saber o que o caminho mais curto é sempre o mais perigoso!” Ele falou sem tom de ofensa, mas mesmo assim me senti acuada.

“Acho que eu nunca aprendo!” Eu disse um pouco baixo. Um silêncio se instaurou.

Ele me olhou de novo, e de novo. Eu via seus olhos percorrendo meu rosto, eu deveria estar incomodada, mas eu estava à vontade com sua análise em mim. Um sorriso brotou em seu rosto, eu juro que suspirei quando ele o fez, eu nunca tinha suspirado por ninguém. Sem pedir permissão meus lábios se curvaram num sorriso de resposta, fora tímido, mas não deixou de ser um sorriso sincero.

“Hãn... Eu estou um pouco bêbado, mas eu posso te acompanhar até sua casa? Eu dormiria mais tranqüilo se eu tivesse certeza que te entreguei segura aos seus pais!” Ele falou de um modo engraçado, eu via uma preocupação em seu tom. Ele estava bêbado? Nem tinha percebido.

Falar com ele era fácil, as palavras fluíam sem esforços. “Hum... Meus pais morreram e eu não sou tão nova quanto você imagina!” Falei andando ao seu lado, ao falar de meus pais a lembrança triste quase se apossou de mim, a ignorei.

“Sério? Você tem que idade? Podia jurar que você está terminado o colegial!” Ele disse quase gritando, agora eu podia ver que ele estava meio bêbado. Ele era um bêbado engraçado e gentil pelo menos.

“Vinte e um!” Eu respondi sem mais detalhes.

Senti um olhar sobre todo meu corpo, acho que ele ainda duvidava de minha idade. Caminhamos lado a lado sem trocar palavras, senti necessidade de ouvir sua voz.

“Você é policial? Você pareceu bem convincente em seus golpes!” Perguntei realmente curiosa.

“Sou bombeiro, e salvo garotas bonitas nas horas vagas!” Olhei para ele descaradamente, eu precisava ter certeza que ele tinha me cantado de uma maneira quase inocente, eu sabia que sim. Tinha sido bonitinho da parte dele. Tirei meus olhos de seu rosto e foquei em meus pés, outro sorriso involuntário escapou de meus lábios.

Tínhamos andando um pouco mais. “Você mora aqui?” Ele perguntou surpreso.

“Moro, oras!” Falei quase em deboche, rapidamente chamei o elevador.

Estávamos ainda no salão do edifício quando ele disse surpreso e talvez feliz “Eu também!”

Entrei no elevador surpresa, havia diversos condôminos naquele prédio, eu não conhecia nem meu vizinho de frente, então não seria estranho nunca ter o visto aqui antes.

O elevador chegou rápido em meu andar, era o fim de uma noite agradável com o bêbado divertido e bonito, muito bonito, aliás. “Obrigada por tudo, por ter me salvado! A gente se vê!” Falei dando um tchau discreto com a mão.

Ele queria dizer alguma coisa, eu vi isso em seus olhos verdes. Sua mão levantou em câmera lenta e se moveu de um lado para o outro. Isso era um tchau no mundo dos bêbados.

O elevador fechou na minha frente, e quis abri-lo logo em seguida. Eu não tinha perguntado o nome do homem bonito! Eu ri sarcasticamente antes de entrar em meu apartamento. Era assim, quando o cara não era um completo idiota eu fazia esse papel.



Nenhum comentário:

Postar um comentário


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Image and video hosting by TinyPic