08 agosto 2014

Omelete: Muitos vao se interessar por "The Rover" pela curiosidade de ver Pattinson em um papel desafiador


Nota: 4 omeletes / Ótimo filme

Muita gente vai se interessar por The Rover - A Caçada pela curiosidade de ver Robert Pattinson em um papel desafiador num filme adulto - oportunidade que o ator agarra com dedicação, como se pode ver na tela - mas tantos outros espectadores podem assistir ao filme do diretor David Michôd (Reino Animal) pelo prazer de ter Guy Pearce em outro faroeste australiano, quase dez anos depois de A Proposta (2005).

The Rover não é exatamente um faroeste, como também não era o longa de estreia de Michôd na ficção, Reino Animal (2010), que o tornou conhecido mundialmente. Ambos os filmes do diretor transitam, porém, pelos temas e por cenários desolados típicos dos westerns, em que homens fazem ou refazem o status das coisas, na ausência da lei. Depois de interpretar um detetive em Reino Animal, em The Rover Pearce também carrega consigo, agora como forma de penitência, a bandeira da ordem.

Cartelas dizem que dez anos se passaram desde o colapse financeiro global, e o pós-apocalipse de The Rover, embora se passe nos mesmos desertos de Mad Max, não tem nada de carnavalesco. Os sobreviventes aqui transitam solitários ou em bandos mal organizados, com roupas catadas (camisas sociais velhas, bermudas, tênis) e carros usados, e quem ainda opera na lei mantém comércios tímidos de beira de estrada.

A trama é mínima. Um homem (Pearce) tem seu carro roubado por uma gangue que fugia depois de um assalto malsucedido. Ele então pega como refém o irmão (Pattinson) do líder da gangue (Scoot McNairy), para tentar recuperar o veículo. No caminho estrada afora em que acompanhamos Pearce e Pattinson, descobrimos o passado dos dois personagens, presenciamos as mudanças no mundo - e descobrimos o que ainda os prende a esse mundo.

De Reino Animal, Michôd mantém não apenas a figura da lei (que Pearce personifica aqui em atuação contida mas sempre a ponto de explodir) como o seu extremo oposto, o inocente trágico, cuja juventude o faz filtrar tudo o que há de influência ao redor, nesse vácuo moral do pós-colapso. Uma cena ótima resume o que ancora o personagem de Pattinson no mundo: a música pop que ele escuta no rádio, provavelmente um sucesso pré-colapso, cuja letra ele ainda sabe de cor.

Cabe a Pearce apresentar então a Pattinson - e aos demais personagens do filme - o que restou de direito no mundo. Na realidade de The Rover, como na de Reino Animal, as mulheres se revezam em espectros muito diferentes das funções matriarcais (ora a mãe que adota, ora a mãe que explora) e resta aos homens entender qual, afinal, é o seu papel nessa história.

MatériaVia | Saga CrepusculoAP Visite tambem o SurtosRobstenAP  

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