O diretor australiano David Michôd causou uma ótima impressão em Hollywood com seu filme de estreia, “Reino Animal”. É legítima, portanto, a curiosidade em relação a seu segundo longa, “The Rover – A Caçada”, que estreia nesta quinta-feira no Brasil.
A produção narra a história pós-apocalíptica de um homem (Guy Pearce) que
busca vingança da gangue responsável pelo roubo de seu carro. Para isso, ele usa o irmão de um dos membros do grupo (Robert Pattinson), deixado para trás após ser ferido. Juntos, eles tentam sobreviver enquanto desbravam a Austrália.
“Adoro esse tipo de filme, com pessoas encalhadas em uma paisagem totalmente inabitável. É algo ao mesmo tempo bonito – de uma forma épica – e assustador, porque você sabe que pode morrer se uma coisinha ou outra der errado”, diz o diretor.
Para Michôd, a simplicidade foi essencial na composição do roteiro. “Queria algo mais elementar e enxuto. O principal objetivo do personagem de Guy, no fundo, é encontrar um motivo para permanecer vivo”, revela.
Ele traça ainda paralelos entre esse universo ficcional superviolento e a realidade de hoje. “Comecei a canalizar muita da minha raiva e do meu desespero com o mundo no roteiro. A única razão que vejo para a administração [dos EUA] ter embarcado naquela empreitada ridícula de invadir o Iraque foi enriquecer os amigos. Provocar tanto sofrimento para enriquecer um pequeno número de pessoas é patologicamente cruel. E é difícil não ficar com raiva disso”, afirma ele.
Guy Pearce se apaixonou pelo personagem. “Foi uma jornada interessante para entender como ele se despiu de toda civilidade, moral e ética e aflorou um lado sobrevivente e animal”, diz ele, que elogia as escolhas do diretor. “Sei porque fórmulas existem, mas às vezes é bom não ter tudo tão explicadinho.”
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